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Com os pés fincados no atraso = OP

By 04/02/2016fevereiro 15th, 2016No Comments

Fábio Campos
Qualquer pesquisa acerca das instituições da democracia chegará à mesma conclusão: o brasileiro não confia no parlamento, não confia no Poder Executivo, na chefe do Poder Executivo, nos partidos e nos políticos em geral. Portanto, há uma crise de confiança. É um dado que promove a seguinte questão: como instituições e pessoas não confiáveis serão capazes de mudar o rumo dos acontecimentos?

A crise de credibilidade não ocorre apenas por imperícia administrativa ou em função do lamaçal ético. É evidente que o modelo político do País entrou em profundo declínio. Novamente, a mesma questão: os alvos da justificada desconfiança são capazes de fazer as mudanças necessárias no sistema? É muito provável que não. É um quadro que fratura o contrato social do País.

É evidente que o papel do PT nesse caldo é relevante. Afinal, o partido chegou ao poder ancorado no ideal da mudança dos costumes políticos. Na oposição, passou anos a fio atacando a cultura política vigente e se colocando como a vestal que faria raiar um novo conjunto de comportamentos. No fim das contas, pelo contrário. Aprofundados, os vícios tornaram-se um metódico meio de se manter no poder e, para alguns, enriquecer.

Como estarão a política e a economia dentro dos próximos 30 dias? A falta de respostas claras é outro componente a colocar mais lenha e combustível na fogueira da crise de credibilidade. Quem acompanhou com atenção a fala da presidente na volta dos trabalhos legislativos ouviu apenas uma certeza objetiva: o Governo vai apresentar a proposta da CPMF.

Vai apresentar, mas não há nada que garanta que a medida será aprovada pelo Congresso. Porém, é possível extrair uma certeza dentro desse processo: o Governo vai jogar suas fichas para conquistar apoios. Que fichas? O de sempre: aquilo que o PT na oposição tratava como fisiologismo, uma das grandes velharias que persistem no País.

A palavra “fisiologismo” é chave para entender como se faz política no Brasil. A definição do termo se relaciona com “clientelismo” e “patrimonialismo”, dois outros termos profundamente estudados pelos cientistas políticos que remetem à formação e à fundação do País.

O que é fisiologismo (por Said Farhat): “A palavra fisiologismo é empregada, em política, em sentido sempre depreciativo. Indica a ação dos políticos, em geral, e dos parlamentares, em particular, condicionada e determinada, principal ou exclusivamente, pelos seus interesses pessoais ou pelos de sua clientela. Não é preciso dizer que, nem sempre ou quase nunca, tais interesses estão amparados pela ética, a lei, a moral ou os costumes”.

Mais: “Fosse possível fazer uma comparação, poderia concluir-se que a palavra ‘fisiologismo’ tem sentido ainda mais pejorativo que ‘clientelismo’, dado o componente de interesses pessoais mais presente no primeiro que no segundo”.

Pois é. A construção da desconfiança vem de longe.

QUE ASSIM SEJA (SEMPRE)
O governador Camilo Santana (PT) apresentará hoje os dados consolidados referentes aos Crimes Violentos Letais e Intencionais no Estado no mês de janeiro. Bom, sabe-se que ocorreu uma queda significativa na quantidade de homicídios no período. Portanto, o governador dará uma boa notícia.

É saudável a prática de se envolver diretamente e pessoalmente com a meta. Assim, o governador sinaliza tanto para a sociedade quanto para a sua equipe a importância do trabalho nesse setor tão delicado. É bom que Camilo prossiga com esse comportamento. Inclusive quando as notícias não forem boas.

Fonte: Jornal O POVO online
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Fábio Campos Jornalista FÁBIO CAMPOS
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