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Sempre empreendedor = OP

By 20/02/2016No Comments

ENTREVISTA. LAVANERY WANDERLEY
Vão ser seis lojas mais a do Pecém. São mais de 500 funcionários. Temos aproximadamente 30 mil
itens na loja

Lavanery Wanderley, com 80 anos e 50 de Apiguana

Lavanery Wanderley, com 80 anos e 50 de Apiguana

A penas de empresa ele tem 50 anos. De idade, são 80. E o início do trabalho se deu ainda jovem, aos 17 anos, quando perdeu o pai (Atenor Frota Wanderley), em acidente de carro na serra, em Guaramiranga. Esse é Lavanery Wanderley, presidente da Apiguana, rede que ele informa possuir 70% da participação de mercado do setor de ferramentas no Norte e Nordeste.

Quem pensa que suas ideias empreendedoras param nessa fase da vida está enganado. Lavanery quer montar uma pequena produção de queijo. “Tipo suíço, o que há de melhor, pouca coisa. Minha intenção maior é poder presentear e comer tomando vinho com meus amigos”.

Investidor e comerciante nato, esse é apenas mais um ramo em que ele quer entrar. Já teve construtora, atuou na construção pesada, no ramo de revenda de veículos e de água mineral com a marca Água Clara. Nesta entrevista, ele conta histórias e aprendizados.

O POVO – Como foi sua infância e adolescência?
Lavanery Wanderley – Eu nasci em Fortaleza, próximo ao Benfica, na avenida João Pessoa. Nasci mais ou menos em berço de ouro. Na época, meu pai, muito trabalhador, gostava de fazer a família feliz. Tínhamos tudo o que havia de primeira no comércio, de colégio, conforto. Oito filhos, homem muito trabalhador. Ele, com 11 anos, perdeu o pai e foi trabalhar. O primeiro emprego dele, com o tio Otávio frota. Em seguida, ele foi trabalhar num escritório de exportação. Meu pai foi ser corretor de algodão, milho, mamona e muito mais. Também exportava peles silvestres. Eu considero que foi muito boa a vida enquanto meu pai esteve aqui.

OP – Como a família depois que seu pai morreu? 
Lavanery – Ele morreu com 48 anos em um desastre de virada de carro, dirigido pelo meu irmão menor, descendo a serra de Guaramiranga para ir à fazenda. Eu tinha quase 18 anos. Depois que ele faleceu nossa vida mudou e fui trabalhar. Primeiro, a minha mãe (Anita Sampaio Wanderley) era dona de casa, naquele tempo, não tinha direito de ir nem a uma bodega. Tudo era feito pelo meu pai. Minha mãe não tinha experiência de nada. Tínhamos as fazendinhas, o sítio em Mulungu, com café, banana, gado, etc. Minha mãe ficou um pouco desorientada, porque eram oito filhos e cada qual mais danado.

OP – Qual foi o primeiro negócio que o senhor fez?
Lavanery – Eu me lembro que tinha perto da nossa casa uma bodeguinha, do seu Joaquim. Fui lá e comprei um caixão de madeira que embalava maisena. Fiz umas prateleiras, cortei um sapato velho meu, fiz as dobradiças, o ferrolho e fui na Cidade das Crianças, no Centro, e comprei aqueles fogos de artifício. Arrumei e saí com ele debaixo do braço na Gentilândia, perto de casa. Saí vendendo fogos. Eu acredito que tinha entre 11 e 12 anos.

OP – E qual foi seu primeiro trabalho?
Lavanery – Antes de meu pai falecer eu resolvi ir para São Paulo, morar lá. Quando meu pai morreu, eu vim para o enterro. Aqui, eu fiquei até a missa de sétimo dia e decidi ir morar em Recife. Lá, morei com cinco amigos. Fui estudar, mas resolvi trabalhar, porque todos os meus cinco amigos trabalhavam. Fui para uma firma, pouco conhecida, a SJT Barros, do Jair Barros, engenheiro, casado com a Vera Demétrio, cearense. Me apresentei às 8h e 8h10min já estava na rua com a pasta, vendendo, a pé. Continuei estudando, mas logo em seguida minha mãe teve muita dificuldade com o gado, a seca. Aí, vim ajudar. Eu inventei, no quintal da casa dela, de fabricar material, artefato de cimento. Em seguida, comprei uma prensa e fui fabricar mosaico. Depois, comprei uma esquina, vizinho ao terreno de minha mãe, mais de meia quadra, e apliquei em um posto da Esso.

OP – Como nasceu o nome Apiguana?
Lavanery – Quando tive ideia de colocar Apiguana, surgiram uns amigos que sugeriram botar peças para carros, porque estava surgindo a indústria automobilística. Naquela época do Juscelino Kubitschek, era muito mais conveniente trabalhar com peças para carros. E eu topei imaginando que esse meu amigo queria ser sócio, que tinha dinheiro, mas ele anoiteceu e não amanheceu. Pediu concordata, foi embora para Manaus e me deixou a ver navios. Eu tinha pensado e tirado essa sigla: Auto Peças Industrial Guanabara, então daí eu tirei A-PI-GUA-NA. Uns pensam que é nome indígena, outros que é estrangeiro, mas surgiu esse nome, que deu certo.

OP – O senhor divulga Apiguana onde quer que esteja, anda sempre com uns adesivos, que prega em vários locais. De onde surgiu veio essa atitude?
Lavanery – Eu tinha que divulgar a minha empresa, mas não tinha capital para fazer grandes investimentos e saí em todo canto do Brasil e do mundo. Até mesmo no Exterior. Cheguei a colocar no hospital de Detroit (EUA). Fiz seis viagens na Copa do Mundo, com o presidente da Tramontina, Clóvis Tramontina. E, na penúltima, ele perguntou se eu já tinha colocado no ônibus o adesivo da Apiguana. Eu já tinha. Quando meus filhos (Henrique Jorge, Lavanery Filho, Cristiane, Daniel e Rafael Wanderley) iam para o colégio, colocava adesivo nos cadernos deles, tudo tinha Apiguana. Por falar nisso, ontem, minha mulher (Maria de Lurdes Campos Wanderley) disse que tinha tirado os adesivos das garrafas de café e do leite, e que ficava muito feio. Não tem problema, mas é uma mania.

OP – O senhor investiu em vários ramos, pensa em algo mais?
Lavanery – Tivemos revenda Renault, Subaru e Hyundai. Também já tive construtora. A Apiguana hoje tem o lojão no quarteirão da avenida Duque de Caxias, varejo. Tem outra na avenida Santos Dumont, na Messejana e Eusébio. Agora, estamos montando no Pecém, temos atacado e temos o CD, armazém. Vão ser seis lojas mais a do Pecém. São mais de 500 funcionários. Ano passado nós diminuímos, quase 10% de funcionários, mas a rentabilidade continua a mesma, com mais facilidade. Temos aproximadamente 30 mil itens na loja da Apiguana. O cliente maior é pessoa jurídica. Mas como sempre gostei de fazenda, gado, de dar muitas opções para meus filhos, faz 42 anos que tenho essa propriedade, então, voltei a trabalhar com leite. E meu sonho é colocar queijaria, queijo tipo suíço, o que há de melhor, pouca coisa. Minha intenção maior é poder presentear e comer tomando vinho com meus amigos.

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Beatriz Cavalcante
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