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Praça sofre com abandono e é ocupada por desabrigados

By 07/07/2015julho 25th, 2017No Comments

Pessoas em situação de rua armam redes sob as árvores e espalham colchões no espaço. Reforma foi prometida para o segundo semestre deste ano, entretanto, não há data específica definida ( Foto: Everton Lemos )

Localizada em meio a prédios centenários e simbólicos na história de Fortaleza, como o Lord Hotel, o Theatro José de Alencar, a Igreja do Patrocínio e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Praça José de Alencar, desordenada e suja, padece há anos. No logradouro, que hoje serve também como refúgio para moradores de rua, que descansam desinibidos em colchões e redes armadas sob as árvores, entre os frequentadores, predomina a desesperança quanto à efetivação de alguma reforma.

dO movimento é constante e apesar das mazelas, não faltam frequentadores e ambulantes, transitando na Praça, que tem o piso deteriorado e serve de banheiro e moradia a céu aberto. Um equipamento que historicamente reflete as desordens que imperam no Centro e que, nos últimos anos, tem ficado cada vez mais comprometido. Sobra sujeira, falta de cuidado e uso irregular do espaço público.

Há dois anos, existe uma promessa de reforma do local. Porém, apesar da urgência, nada foi concretizado. “Prometer, prometeram. Mas o que vemos é que a situação só piora”, relata o engraxate Antônio Nonato, que começou a trabalhar na praça ainda na década de 1970.

O consumo de drogas, conforme o engraxate, é recorrente. Segundo ambulantes, as pessoas em situação de rua, que hoje seguem com barracas e redes armadas, ocupam o local mais intensamente há sete meses. Sob as árvores, o grupo descansa durante o dia.

“A Praça está sempre movimentada, mas a situação é a pior dos últimos anos. Tem assalto, sujeira e gente morando. Tem até um estacionamento irregular”, reclama o dono de banca de revista Adalberto Santos, que trabalha no ponto há 15 anos. Por trás da banca onde ele atua, o terreno onde funcionou durante anos o centro de comércio popular Beco da Poeira, hoje é usado como estacionamento, controlado por flanelinhas. A área, segundo a Prefeitura, está sob tutela do Governo do Estado devido às obras do Metrô de Fortaleza.

“A ocupação irregular no Centro foi crescendo gradativamente, e a Praça José de Alencar reflete esses problemas. O Theatro José de Alencar sofre com a situação da Praça, a Igreja do Patrocínio sofre. Todos são afetados”, afirma o arquiteto e urbanista, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil no Ceará (IAB-CE), Custódio Santos. Para ele, a reforma da Praça pode reverter esta situação e disciplinar o uso do equipamento histórico.

A problemática dos desabrigados é reconhecida pela Prefeitura que, através da Secretaria Municipal do Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate a Fome (Setra), realizou o 1º Censo e Pesquisa Municipal sobre a População em Situação de Rua. O estudo comprovou a presença massiva desta população no Centro. As praças do Ferreira, do Sagrado Coração de Jesus, da Bandeira, da Lagoinha e Parque da Criança concentram grande número de desabrigados. Das setes áreas mapeadas, duas (I e II), que incluem todas as praças do Centro, abrigam 912 pessoas. Na Capital, são 1.718.

O titular da Setra, Cláudio Ricardo, garante que a recente abertura do Centro de Convivência (com 200 atendimentos por dia) e da Pousada Social (80 vagas para pernoite) visam mitigar esse problema.

Solução

“Não é uma tarefa fácil, mas estamos tentando resolver”, ressalta o secretário, acrescentando que os moradores da Praça José de Alencar são acompanhados pelo Centro Pop da Prefeitura, onde demandas relativas à retirada de documento, ações de prevenção e higiene pessoal e oficinas de arte são executadas.

A reforma da Praça segue sem data, sendo projetada para ocorrer no segundo semestre deste ano. Em nota, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf) informou que o projeto de revitalização “já foi concluído, aprovado, e seguirá para licitação”. O investimento é de cerca de R$ 9 milhões. Com a obra, a praça terá novo piso e iluminação, fontes, mobiliário urbano e projeto paisagístico.

Em relação ao estacionamento irregular no terreno do antigo Beco da Poeira, o secretário do Centro, Ricardo Sales, explica que nesta semana, o local será novamente bloqueado por tapumes, e fiscais da Regional farão a vistoria diária para evitar nova ocupação irregular.

O Metrofor, que faz a gestão do local, informou que “um estudo preliminar aponta para possibilidade de transformar a área em um estacionamento, de forma provisória, enquanto se define o modelo definitivo de reurbanização executado”.

Thatiany Nascimento
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste.