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Sem ordenamento, José Avelino segue ocupada por feirantes – DN

By 01/10/2018No Comments

Roupas e acessórios assumem tarefa de ocupar via histórica ( Foto: Fabiane de Paula )

Reforma, boxes públicos e fiscalização são insuficientes para quebrar tradição do comércio informal
Por Theyse Viana – Repórter

O piso tombado como patrimônio histórico mal aparece sob os milhares de pés, humanos e de manequins: é madrugada na rua José Avelino, no Centro de Fortaleza. Ou pode ser manhã, tanto faz – as vendas informais fervem sob lua ou sol, mesmo após um ano da requalificação da via, em outubro passado, e da total proibição da feira. De lá para cá, a reforma, a cessão de boxes públicos pela Prefeitura em outros equipamentos e a intensa fiscalização – somadas à falta de execução de projetos para ocupação da área – esbarram na tradição e são insuficientes para coibir o comércio ambulante na região.

Entre outubro de 2017 e agosto deste ano, 960 autos de apreensão foram aplicados pela Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) na rua e no entorno, “com o objetivo de ordenar e disciplinar a utilização do espaço público”, como informa o órgão, em nota. Conforme o Código de Obras e Posturas do Município (Lei nº 5.530/81), o comércio ambulante na José Avelino e em vias próximas, como a Avenida Alberto Nepomuceno, é proibido. A multa para quem descumprir a determinação varia de R$ 83,35 a R$ 416,75, incluindo a apreensão da mercadoria – temor diário do vendedor Ivaldo Mendes, 24, e da família.

“A gente tem um box no galpão, mas a Feira da Madrugada é conhecida no País inteiro. É a que tem maiores vendas, de onde a gente tira o sustento”, 01/10/2018 Sem ordenamento, José Avelino segue ocupada por feirantes –  justifica Ivaldo, cuja mãe e duas irmãs dedicam a rotina ao comércio na Avelino há pelo menos cinco anos. “A dificuldade é só na hora que o rapa vem, expulsa todo mundo e toma nossas peças”, completa, descrevendo os episódios diários os quais o ambulante Paulo Anderson, 24, tem driblado há três meses. “Com o desemprego, tem que correr atrás do pão, né? E estamos aqui tentando. Eu estou pesquisando direitinho e, futuramente, se Deus quiser, vou ter meu box”.

Com o suposto fim da feira, em maio de 2017, a esperança de ter um espaço fixo para vender era compartilhada por Carla dos Santos, 30 – que até chegou a ocupar um box num centro de moda no bairro Jacarecanga, “mas não passou nem um mês lá”. “O custo é muito alto e a venda não é suficiente para pagar. Aqui é o melhor ponto para quem fabrica em casa vender. Mas só fico mesmo pela necessidade”, declara a ambulante.

Segurança 
As rotinas da madrugada e a tensão pelos “rapas” também são apontadas pelo comerciante Paulo Prado, 32, como maiores desvantagens do comércio nas ruas e calçadas do Centro da cidade – motivos pelos quais ele e a família migraram da José Avelino para um box fixo. 

“Era arriscado, às vezes eu perdia peças, e não tinha segurança. Outra vantagem do box é que a gente atende não só os sacoleiros, mas também os turistas que são trazidos pra cá. Praticamente dobramos o lucro”, comemora Paulo, que trabalha com vendas há sete anos, dos quais dois viveu “no corre-corre da Avelino”, em dia, noite e madrugada.

Vagas
No primeiro semestre de 2016, de acordo com a Secretaria Regional Centro (Sercefor), “foram disponibilizadas cerca de mil vagas em mercados públicos para feirantes de baixa renda, cuja principal atividade fosse o comércio de rua”.

Do total, 847 assumiram os boxes, e “alguns desistiram por não se adequarem à atividade fora das ruas”. Segundo a administração do Mercado São Sebastião, um dos locais para onde os feirantes da José Avelino foram direcionados, os comerciantes abriram mão dos espaços de lá “porque o setor de vestuário é fraquíssimo”. Já os que atuam no ramo gastronômico “não se habituaram à dinâmica” do Mercado.

Atualmente, de acordo com a Sercefor, “a Prefeitura de Fortaleza, em parceria com os comerciantes da José Avelino e do Jacarecanga, está elaborando projeto de criação de um polo de moda do Centro de Fortaleza”. A partir do projeto, que, garante a Secretaria, “se encontra em andamento”, serão definidas atividades destinadas a incentivar o comércio de moda na região.

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Fonte: Jornal Diário do Nordeste.

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