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Ausência de fiscalização estimula irregularidade

By 29/10/2013fevereiro 22nd, 2014No Comments
Mar de ambulantes toma conta das ruas, principalmente no Centro, onde a prática é comum, mas outros bairros também recebem vendedores FOTO: ERIKA FONSECA
Mar de ambulantes toma conta das ruas, principalmente no Centro, onde a prática é comum, mas outros bairros também recebem vendedores FOTO: ERIKA FONSECA

OCUPAÇÃO INADEQUADA
Vendedores inovam nas mercadorias expostas e tentam achar os locais onde a presença de fiscais é mais discreta

A cidade é uma grande vitrine. De roupa a comida, tudo se vende e em qualquer lugar. Mas, para ganhar a clientela, comerciantes estão inovando os produtos e os locais de venda. Qualquer esquina virou expositor. Cofres, balões, cadeiras, sofás, brinquedos, roupas, perfumes, não faltam opções. Um shopping à céu aberto acessível a muitos.

Entretanto, isso parece revelar uma dificuldade do ordenamento urbano. E a precariedade da fiscalização estimula ainda mais a ocupação irregular dos espaços urbanos. Uma prova de que o comércio ambulante já extravasou fronteiros do Centro.

E vários são os corredores ´tomados´ pelas vendas: Borges de Melo, Expedicionários, em vias paralelas à Bezerra de Menezes. Basta fechar o sinal, o motorista abrir o vidro, a venda está feita.

 

Centro
E essa variedade de produtos e de pontos de vendas também é sentida no Centro. A dificuldade de ordenamento da região é notória, reclamação recorrente e promessa antiga dos gestores.

Durante a tarde de ontem, por ocasião do feriado do Servidor Público, ambulantes comentaram que sentiram uma certa redução na presença de fiscais. “Está tudo liberado. Tem pouca fiscalização no Centro. Por isso, não tive medo de trazer minha banca de comida”, afirmou o ambulante Carlos (nome fictício). Ele confirmou à reportagem que não era cadastrado pela Prefeitura Municipal e que aproveitou a suposta liberdade do feriado para ocupar uma esquina da Rua Guilherme Rocha.

Vendendo batatas-fritas, Carlos disse ainda que muitos agiram como ele, aproveitaram a suposta ´brecha´ para tirar uns trocados a mais. “Todos vivem fugindo do rapa”,comentou ele.

O ´mar´ de ambulantes tomou conta da região ontem. Na Rua Senador Pompeu, por exemplo, a costureira Maria (nome fictício), 32, disse que notou, sim, uma presença maior de vendedores e que estava na hora da gestão ter mais controle. “Daqui a pouco chega o Natal e piora tudo. Aproveitam que a fiscalização é pouca e enchem as ruas”.

A reportagem entrou em contato com Secretaria Regional do Centro (Sercefor), mas, até o fechamento desta edição, as ligações não foram atendidas.

Mas, um produto em especial tem chamado atenção: coloridos estofados em forma de sapatos elegantes, sofás-tamancos. E quem passou pelas ruas do bairro de Fátima ontem notou algo diferente na paisagem. A mercadoria tomou conta de um logradouro público, dificultando a mobilidade na via e calçada.

Exótico
“Os sófas-tamancos estão fazendo sucesso, tenho vendido bem, uns 18 a 20 por dia. O povo está gostando, achando diferente, exagerado”, conta o ´inventor´, o estofador João (nome fictício).

Apesar do êxito, ele confirma, está fazendo uma irregularidade. Mas, conta que, apesar dos produtos serem extravagantes, tenta passar despercebidos pelos fiscais da Prefeitura. “Eu sempre vendia na Lagoa da Maraponga e na Avenida Bezerra de Menezes, mas a fiscalização está pegando muito no pé da gente. Daí, tento ir para os locais onde a fiscalização é mais discreta. Se a gente tiver ´manha´, dá para burlar o rapa facilmente”.

A reportagem ficou por cerca de 1hora no logradouro e, durante esse período, nenhum fiscal fez qualquer abordagem, a venda seguiu livremente. Tentamos contatos sucessivos com Secretaria Executiva Regional IV (SER IV), mas não obtivemos retorno.

Poucas são as praças livres do comércio ambulante
Circulando por vários corredores comerciais do Centro na tarde de ontem, a reportagem não flagrou nenhum fiscal nas vias. O comércio ambulante estava presente de forma aparentemente desordenada. Até os próprios ´camelôs´ gritavam: “está liberado, gente, vamos que vamos”.

Após uma caminhada na região, já às 16h, percebemos a presença de pouco mais de cinco funcionários, vestidos com fardamento azul, na Praça José de Alencar, e outros três na Praça do Ferreira, só nos logradouros e não nos corredores comerciais.

Mas, há, sim, uma tentativa dessa nova gestão municipal em organizar: a Lagoinha e a Praça da Estação, por conta da presença de um efetivo de segurança, seguem, hoje, sem a ação ostensiva de camelôs. Há um mês, a Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor) anunciou a licitação para reforma da Praça José de Alencar e posterior desocupação, priorização para a melhoria da mobilidade urbana.

Outro espaço que segue desordenado é o entorno da Catedral Metropolitana de Fortaleza. Há cinco dias, o Diário do Nordeste denunciou o retorno dos ambulantes para a José Avelino. Na ocasião, a Sercefor admitiu que a fiscalização está reduzida, em função do atraso no pagamento de empresa terceirizada contratada para disciplinar o comércio.

Fonte: Diário do Nordeste .