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Ambulantes ocupam José de Alencar

By 16/03/2015No Comments

TODOS OS SÁBADOS
Após o meio-dia, até o fim da tarde, quando começa a feira da José Avelino, a Praça é tomada por ambulantes.

A ocupação irregular da Praça, que já foi alvo de várias operações da Prefeitura, segue acontecendo de forma desordenada, com vasta diversidade de produtos e preços FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES
A ocupação irregular da Praça, que já foi alvo de várias operações da Prefeitura, segue acontecendo de forma desordenada, com vasta diversidade de produtos e preços FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES

 A situação é antiga e a atividade ocorre, hoje, como se fosse regular. Na Praça José de Alencar, no Centro de Fortaleza, aos sábados, a movimentação para os ajustes da feira que dura até as 18h têm início as 5h. O espaço é tomado por centenas de ambulantes, produtos e barracas. São feirantes de diversos pontos da Capital que no dia em que o comércio no bairro, em geral, funciona somente até as 14h, usufruem da “oportunidade de concentrar as vendas em um único local”. A ocupação irregular da Praça, que já foi alvo de várias operações da Prefeitura, segue acontecendo de forma desordenada e sem qualquer indicativo de fiscalização.

Bolsas, biquínis, camisas, shorts, peças íntimas, brinquedos e eletrônicos. Na feira, espalhada em toda a extensão da Praça, há diversidade de produtos e preços. A movimentação de consumidores é intensa, mesmo o período “não sendo tão produtivo assim”, segundo os vendedores. Durante a manhã, quando o comércio, em geral, no Centro ainda funciona, é o momento de maior concentração de público no local.

Por volta das 15h, a Praça permanece tomada por barracas de distintos tamanhos e centenas de mercadorias. Para a feirante Mozarina Paulino de Brito, moradora do Siqueira, que durante a semana atua em feiras de rua no Bom Jardim e na Granja Portugal, é dia de aproveitar o espaço no Centro “para garantir renda extra”. A chegada ocorre às 8h e o trabalho se estende até as 17h. A rotina é a mesma a cerca de quatro anos.

A cada sábado, segundo ela, as vendas rendem, em média, R$ 300,00. Mas, no fim do ano, esse valor chega a triplicar. A mercadoria que Mozarina expõe aos sábados é armazenada no veículo de um homem que encarrega-se deste serviço e também do aluguel de algumas barracas. “Eu pago R$ 25,00 todo sábado e ele faz o frete da mercadoria e montagem da barraca. Tem muita gente aqui que paga a ele. É bem prático”, conta.

O ambulante José Edimar, morador do Itaperi, segue a mesma rotina. Todo sábado é dia de seguir rumo à Praça José de Alencar para “ganhar um pouco mais de dinheiro”. Ele, que tem uma barraca própria, pois no dia a dia atua como camelô na Rua Liberato Barroso, garante que o fluxo de compradores é bom durante o dia inteiro e que a feira na José de Alencar só começa a esvaziar no fim da tarde, quando a Feira da José Avelino começa a ser “estruturada”.

Conforme José, o movimento de ocupação da praça é auto-organizado e não há lideranças. “Cada pessoa chega e coloca sua banca. Os vendedores já estão aqui há muito tempo, então já sabem onde é o canto de cada um”, garante. Quem não tem barraca, expõe a mercadoria no chão e as lonas substituem as estruturas metálicas.

Para a doméstica Áila Maria Sales, a feira da José de Alencar é a oportunidade, no dia de folga, para comprar mercadorias para a revenda. O maior atrativo, segundo ela, são os preços. “Compro shorts de R$ 25,00 e consigo vender no meu bairro por R$ 40,00. É um dinheiro que ajuda a pagar as minhas contas”. No local, ela garante que “pesquisa de banca em banca para garantir as melhores mercadorias e ter uma boa margem de lucro”.

Aos sábados, quando a praça, que tem sinais visíveis de degradação, é tomada pelo comércio ambulante, as ruas do entorno do Theatro José de Alencar ficam repleta de veículos. Enquanto a nossa equipe esteve no local, no último sábado, não foi constatada a presença de nenhum fiscal da Prefeitura, nem de agentes da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC).

A reforma da Praça é prometida há cerca de dois anos. Em fevereiro deste ano, em matéria publicada pelo Diário do Nordeste, o secretário da Regional do Centro, Ricardo Pereira, afirmou que o equipamento será reformado por meio de uma parceria entre o Estado e a União. A licitação estadual, segundo informou na época, está em andamento e “em pouco tempo a praça deve ser totalmente modificada”, assegura.

Ele informou também que, para a Prefeitura, “não faz sentido ir para uma disputa de desocupação da praça que não será pacifica se ela continuará com o mesmo aspecto”. De acordo com ele, a ideia é isolar o equipamento para a reforma e, neste momento, obrigatoriamente os ambulantes serão retirados. “Dessa forma vamos ordenar a praça e o entorno dela”. Mas, na época, não foi estimado prazo para início da intervenção.

Tentativa
A ocupação irregular da Praça José de Alencar é um problema antigo. Em janeiro de 2009, atendendo a uma recomendação Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual (MPE), em uma ação impetrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a Prefeitura realizou uma operação de retirada dos camelôs que atuavam no local durante a semana.

Thatiany Nascimento
Repórter

Fonte Diário do Nordeste.