A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) alcançou 84,4 pontos em setembro de 2022, superando novamente os resultados do mesmo mês nos dois anos anteriores e mantendo a tendência de alta, iniciada em janeiro deste ano. O indicador, apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), avançou 1,4% no mês, com crescimento de todos os seus componentes. Na comparação anual, houve evolução de 16,5%, com recuo apenas na avaliação do Momento para Compra de Duráveis, que apresentou queda de 0,2%, em virtude do aumento dos juros no período.
Um dos fatores que explicam o aumento da intenção de consumo é a melhora do mercado de trabalho. Após o indicador de Perspectiva Profissional recuar no mês passado, ele apontou alta de 1,4% já em setembro. Conforme a pesquisa, a maior parte da população (47,1%) acredita que terá melhorias profissionais nos próximos seis meses, o mais alto percentual desde abril de 2020. No mesmo sentido, a taxa de satisfação com o Emprego Atual teve crescimento de 1,2% no mês e 25,3% em relação aos 12 meses anteriores.
“As famílias estão otimistas em relação à sua manutenção nos empregos e têm boas expectativas quanto à sua situação profissional, o que deve levar a um cenário de ampliação do consumo nos próximos meses”, analisa o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
A taxa de desemprego atual está em 9,1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o menor índice desde o último trimestre de 2015. Desde o início do ano, o saldo entre contratações e demissões é positivo – 6,42% de aumento em julho de 2022, em relação a 2021, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “O movimento no comércio de bens e serviços está aquecido, o que implica uma maior contratação de trabalhadores, que, por sua vez, refletem o otimismo em sua intenção de consumo”, pontua Tadros.
Satisfação com a renda atual
Na esteira dos resultados positivos do mercado de trabalho, o segundo componente de maior influência no ICF de setembro foi a avaliação da Renda Atual, que chegou a 99,1 pontos em setembro, um crescimento de 2,1% no mês. Esse indicador também teve ampliação de 25,6% no ano. “Contribuíram para isso o aumento do valor do Auxílio Brasil e a recuperação de parte do poder de compra decorrente das deflações de julho e agosto”, explica a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro. De acordo com ela, para as famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos, a alta foi ainda mais expressiva, de 2,2%, corroborando a influência dos programas de renda.
Os avanços nas condições de consumo, com renda, inflação e mercado de trabalho mais favoráveis, levaram a Perspectiva de Consumo nos próximos meses a acelerar 1,2%. “Apesar do maior suporte temporário às famílias mais necessitadas, esses consumidores estão cautelosos por conta de sua vulnerabilidade econômica e, com isso, o indicador cresceu mais, influenciado pelas famílias com renda acima de 10 salários mínimos”, afirma Catarina Carneiro