A taxa de endividados caiu em relação a janeiro (59,5%), mas voltou a igual patamar do último mês de 2010
Mais da metade dos consumidores de Fortaleza (56,2%) possuem algum tipo de dívida em fevereiro. Destes, 17,8% estavam com contas atrasadas, sendo que 5,9% estão inadimplentes (sem condições de pagar). Os dados são da Pesquisa do Perfil de Endividamento do Consumidor de Fortaleza, feita pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), ligado a Fecomércio-CE.
A taxa de endividados caiu em relação a janeiro (59,5%), mas voltou a igual patamar de dezembro (56,2%). Segundo o vice-presidente da Fecomércio-CE, Ranieri Leitão, os resultados refletem o mês anterior, ou seja, o maior nível de consumidores com dívidas, no trimestre em análise, foi em dezembro.
Apesar da redução de endividados, cresceram os índices que mostram o comprometimento da renda (passou de 27,6% para 29,7%) e a inadimplência potencial (de 5,1% a 5,9%). Para Leitão, essas altas estão em patamares “normais”.
Ele explica que janeiro é um período com as tradicionais contas de começo de ano (material escolar, IPTU, IPVA). “O consumidor pisou no freio e o endividamento foi menor, mas tinha encargos e impostos para pagar, o que elevou o comprometimento da renda e a inadimplência”, afirma.
Ele também cita outro dado da pesquisa sobre as causas que mais contribuem para que os consumidores atrasem suas contas. Em primeiro lugar, está o desemprego, citado em 33,9% das respostas. Os gastos inesperados (33,4%), a falta de controle financeiro (32,3%) e assumir dívidas de terceiros (10,0%) são outros motivos citados.
Com endividamento médio de R$ 1.043, a renda encontra-se mais comprometida no grupo de consumidores com renda familiar entre cinco e dez salários mínimo (39,8%) e nível de escolaridade superior (36,9%).
Os cartões de crédito são os preferidos na hora de pagar a conta. Entre os instrumentos de crédito mais utilizados, o dinheiro de plástico é citado por 80% dos entrevistados, seguido pelo financiamento bancário (14%), empréstimos pessoais (11,7%), carnês e crediários (10,3%).
O consumidor tem utilizado o crédito para a compra de alimentos (45,2% das respostas), vestuário (34,2%), eletrodomésticos (16,8%) e para o pagamento de despesas de educação (16,4%).
Na análise do IPDC, “apesar da liderança de alimentos e vestuário, o uso do cartão de crédito nessas compras faz com que seja um endividamento de curto prazo e rotativo, sendo que a mudança estrutural do perfil da dívida está mais relacionada com a aquisição de bens de consumo duráveis, como móveis, eletrodomésticos e veículos. Já os gastos com educação são sazonais”.
Contas em atraso
A pesquisa também mostra que a proporção dos consumidores com contas ou dívidas em atraso teve queda de 2,4 pontos percentuais com relação a janeiro, atingindo a taxa de 17,8%.
A redução é mais expressiva nos consumidores do sexo feminino (eram 22,4%, em janeiro, e 18,8%, em fevereiro), com idade entre 25 e 34 anos (passou de 23,0% para 18,9%), com nível de escolaridade superior (passou de 15,7% para 5,6%) e com renda familiar entre cinco e dez salários mínimos (passou de 12,7% para 5,0%). O tempo médio de atraso é de 56 dias, sendo que 34,6% dos entrevistados informaram estar nessa condição por até trinta dias.
O perfil do consumidor inadimplente mostra preponderância do gênero feminino (6,3% de taxa de inadimplência potencial), com idade entre 18 e 24 anos (6,5%) e renda familiar inferior a cinco salários mínimos (6,6%).
Cautela
“O consumidor pisou no freio, mas elevou o comprometimento da renda e a inadimplência”
Ranieri Leitão
Vice-presidente da Fecomércio-CE
CAROL DE CASTRO
REPÓRTER
Fonte http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=934479