Uma das residências mais luxuosas de Fortaleza, o Solar do Barão de Camocim, de 1880, foi escolhido como cenário para receber a nova edição da Casa Cor Ceará
Mais de 130 anos separam a construção do casarão renascentista no cruzamento das ruas Meton de Alencar e General Sampaio, no centro de Fortaleza, de sua abertura ao público, marcada para outubro deste ano, na 18ª edição da Casa Cor Ceará. Erguido em 1880 para acomodar recém-casados vindos diretamente da França, o Solar do Barão de Camocim abrigou quatro gerações e virou símbolo de luxo e requinte que se perderam no passado.
Construído pelo empresário Geminiano Maia, natural de Aracati e agraciado pelo rei de Portugal com o título de primeiro Barão de Camocim, o solar foi pensado para servir como residência para ele e sua esposa, a francesa Rosa Nini Liabaster. Móveis importados de Paris foram escolhidos para ocupar os mais de 30 cômodos distribuídos em dois andares e um subsolo. Lustres, cômodas, cristaleiras, consoles, conversadeiras, mesas de costura e um piano de cauda decoravam o lugar, além de um discreto elevador que conectava os pisos, o primeiro do tipo no Ceará.
“Se a gente acha grandiosa agora, imagina quando éramos crianças. Tinha uma coisa misteriosa, aquele elevador, a adega onde guardavam os vinhos, a gente convivia todo o tempo com isso, usava pras brincadeiras, pras festas”, relembra a artista plástica Olga Maria Miranda, bisneta do Barão. Olga foi criada na vila construída ao lado do solar, com casas erguidas para abrigar os filhos e netos da família. O casarão era reservado para os encontros: jantares, casamentos, Natal, Dia das Mães. “Fomos criados numa irmandade só”, revela.
A família desocupou totalmente o local no início da década de 1990, e a estrutura completa do espaço foi desapropriada e tombada pela Prefeitura de Fortaleza em 2006, pra integrar o complexo da Vila das Artes, espaço de formação, produção e difusão cultural. Para o casarão, foi pensada a criação de biblioteca, videoteca e centro de artes visuais, o que não foi executado até o momento.
Fonte: Jornal O Povo.
Jáder Santana
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