Produtividade no País é a pior desde os anos 50
O abismo que separa a produtividade brasileira da americana não para de crescer. Enquanto os Estados Unidos conseguem fabricar um produto com apenas um trabalhador, no Brasil, a mesma peça exige quatro pessoas. É a pior relação desde a década de 1950, quando o País vivia os reflexos da industrialização iniciada 20 anos antes. A má notícia é que, com inúmeros gargalos para serem superados e afundado numa das piores crises da história, o País não esboça nenhuma reação para reverter esse quadro no curto e médio prazos.
No fim do ano passado, um trabalhador brasileiro era capaz de produzir US$ 29.583 e um americano US$ 118.826, segundo levantamento do Conference Board, compilado pelo pesquisador Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Nas palavras do Nobel de Economia, Paul Krugman, “produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo”.
Até 1980, o Brasil conseguia melhorar a sua produtividade em relação aos concorrentes e diminuir a diferença para os Estados Unidos – hoje considerada a economia mais produtiva do mundo. “Entre as décadas de 1930 e 1970, havia um crescimento fácil da produtividade brasileira por causa do processo de industrialização que levou parte dos trabalhadores rurais para as fábricas”, afirma a diretora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernanda De Negri.
No melhor momento na relação entre os dois países, em 1980, pouco mais de dois trabalhadores brasileiros produziam o mesmo que um americano.
Cenário perverso
A partir daí, no entanto, o cenário mudou e o Brasil foi ficando para trás. Com a abertura comercial, até houve um ganho da produtividade das empresas brasileiras, mas a um custo muito alto por causa da quebradeira de várias empresas que não estavam preparadas para a concorrência internacional. “Na indústria, por exemplo, houve um ganho de produtividade muito grande até 1997 e a gente atribui parte à abertura. Ela forçou as empresas a produzir melhor, mas também eliminou as mais ineficientes”, diz Regis Bonelli, pesquisador do IBRI/FGV.
Atualmente, a economia brasileira enfrenta um cenário perverso. O setor produtivo tem dificuldade para aumentar a sua eficiência porque passou a conviver com problemas que vão da baixa qualificação do trabalhador ao chamando Custo Brasil, que envolve a elevada e complexa carga tributária, excesso de burocracia e má qualidade da infraestrutura – um dos pesadelos das empresas no País.
Sem ferrovias suficientes e com as estradas em condições precárias, qualquer eficiência conseguida dentro da fábrica é achatada pelos custos logísticos. A Weg, multinacional presente em 11 países, sabe bem o que isso significa. “Nos Estados Unidos, um caminhão consegue percorrer 400 quilômetros (km) num dia. Aqui, conseguimos só 45 km”, diz o superintendente Administrativo e Financeiro, André Luis Rodrigues. Ele destaca que o descumprimento de prazos acarreta multas à empresa, já que o atraso pode comprometer o andamento de um projeto.
Investimento
Parte desses problemas é resultado do baixo investimento nos últimos anos – no primeiro trimestre de 2016, ficou em 16,9% do PIB (na China, é de quase 50% e na Índia, 33%) “Menos investimentos significa menos produtividade, do trabalho e de capital. Apenas a qualificação da mão de obra não é suficiente se a empresa não investe em máquinas modernas”, diz o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Fagundes Cagnin.
O motivo, diz ele, é a elevada taxa de juros no País (hoje 14,25% ao ano), que desestimula projetos de expansão e melhorias de eficiência. “Há uma drenagem de recursos que poderiam ir para a produção e vão para o mercado financeiro”, diz.
Falta direção
Na avaliação do vice-presidente Sênior da Basf, Eduardo Leduc, da Unidade de Proteção de Cultivos, o baixo investimento do Brasil é decorrente da falta de previsibilidade e de um plano de governo que indique a direção do País. “Temos feito investimentos elevados, mas poderíamos trazer ainda mais recursos se as condições fossem mais favoráveis. Na disputa com outros países por dinheiro, às vezes a gente perde”, afirma. O quadro da produtividade brasileira é ainda mais dramático quando comparado com outros países. Hoje, até a China tem se aproximado do Brasil. Neste ano, um chinês vai produzir US$ 25.198.
Fonte:http://renalegis.cnc.org.br/Renalegis/Default.aspx?entidade=fecomercioce
Cunha volta a negar que se sinta traído por Michel Temer
Informação de que ex-presidente da Câmara vem dizendo que Michel Temer o abandonou foi publicado ontem pelo jornal Folha de S. Paulo. Apesar dos desmentidos, o clima permanece tenso dentro do PMDB
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) estaria , nos últimos dias, demonstrando irritação com o presidente da República, em exercício, Michel Temer, pelo comportamento que tem adotado em relação ao seu caso e à disputa sucessória. Cunha tentou interferir no processo, articulou a candidatura de Rogério Rosso (PSD-DF), derrotado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), graças á decisiva intervenção do Palácio do Planalto.
A informação de que Cunha está irritado com Temer, sentindo-se “traído e abandonado” foi publicada ontem pela Folha de S. Paulo.r O parlamentar, porém, voltou a negar que desaprove a postura do presidente, com quem teria acertado, inclusive, a\ estratégia de renunciar aio comando da Câmara para centrar o foco na articulação para manter o mandato parlamentar. São comuns as notícias de que ele mandou recados ao Planalto ameaçando uma delação premiada que teria potencial de causar estragos no governo, inclusive em figuras próximas a Temer.
O próprio Temer, em entrevista ao jornal O Estado de S., Paulo, semana passada, negou qualquer ameaça e garantiu se sentir tranquilo em relação ao que Cunha poderia cobrar aos investigadores com potencial para envolvê-lo nas irregularidades atualmente sob investigação pela operação Lava Jato.
No processo
A defesa de Eduardo Cunha pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a decisão que agendou os depoimentos de 11 testemunhas de acusação na ação penal em que o parlamentar é acusado dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. No processo, Cunha responde pelo suposto recebimento de US$ 5 milhões de propina em um contrato de navios-sondas da Petrobras.
O juiz Paulo Marcos de Farias, auxiliar do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo, determinou o agendamento das audiências de testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal (MPF). Cinco das 11 pessoas que devem depor são delatores na Operação Lava Jato.
Segundo os advogados de Cunha, a decisão não poderia ter sido proferida durante o mês de julho, período de recesso no tribunal, pelo juiz auxiliar de Zavascki. Além disso, a defesa alega que não foi intimada sobre a decisão que autorizou as audiências.
Conforme despacho assinado pelo juiz, serão ouvidos na Justiça Federal do Rio de Janeiro o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
No dia 21 deste mês, o doleiro Alberto Yousseff prestará depoimento na Justiça Federal em Curitiba. Outro delator, o empresário Júlio Camargo, que acusou Cunha de receber propina, falará à Justiça Federal em São Paulo no dia 8 de agosto.
Com exceção de Youssef, todos os delatores estão em prisão domiciliar.
Fonte:http://renalegis.cnc.org.br/Renalegis/Default.aspx?entidade=fecomercioce