Apesar de apenas quatro das nove variáveis que compõem o Índice de Expectativas com Economistas do bimestre – que compreende os meses de julho e agosto – terem apresentado números otimistas (acima de 100 pontos), os resultados apontam para uma melhora a longo prazo do cenário econômico, com as contas públicas devendo entrar novamente no azul apenas a partir de 2020, segundo a avaliação do conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Eleutério.
A pesquisa é realizada pelo Corecon em parceria com a Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE) com profissionais cearenses de vários setores. Receberam notas acima de 100 as variáveis taxa de inflação (143 pontos), taxa de câmbio (120,9 pontos), cenário internacional (120,9 pontos) e taxa de juros (114,8 pontos).
Já as seguintes variáveis tiveram resultados pessimistas: evolução do PIB (Produto Interno Bruto), com 85,7 pontos, gastos públicos (95,7 pontos) – que na pesquisa anterior foi avaliada com otimismo -, oferta de crédito (85,7 pontos), nível de emprego (83,0 pontos) e salários reais (40,0 pontos), que atingiu a menor pontuação.
Gastos públicos
Na última pesquisa, eram cinco indicadores no campo do otimismo contra quatro com resultados abaixo dos 100 pontos. Ricardo explica que a questão dos gastos públicos é fundamental para reconduzir a política fiscal para o equilíbrio. “Na pesquisa anterior essa variável apresentava otimismo, mas as medidas do governo, nessa linha de política fiscal, tem encontrado resistência no congresso, alguns avanços e retrocessos, então essa variável puxou a pesquisa para baixo”.
Para o economista, o que fica claro é que o reequilíbrio fiscal não será reconquistado facilmente. “O cenário para o reequilíbrio das nossas contas públicas é bem de longo prazo. Estamos com uma dívida pública em torno de 70% do PIB, então a reversão desse quadro fiscal desfavorável não será em dois anos”, analisa.
Mudanças perceptíveis
No geral, o Índice de Expectativas dos Especialistas em Economia registrou 98,8 pontos, um aumento de 2,1% no pessimismo em relação à pesquisa anterior. Quanto ao comportamento futuro das variáveis, a pesquisa mostra redução de 7,4% no otimismo dos analistas. A percepção pessimista sobre o desempenho presente das variáveis registrou redução de 6,9%, alcançando 81 pontos contra 75,8 pontos da pesquisa anterior
Ricardo ressalta que algumas mudanças já são perceptíveis, mas que o otimismo é tímido. “A variável geral caiu para a zona de expectativas pessimistas. Quando a gente identifica otimismo em algumas variáveis ou em algum índice, é algo muito pequeno, mas o quadro de pessimismo no País era maior”, frisa, destacando que as mudanças no quadro político sinalizam mudanças no quadro econômico.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste.