A temporada de oferta de vagas compreende o período que se estende de setembro a novembro, mês em que cerca de 65% das ofertas de vagas temporárias são tradicionalmente preenchidas. No entanto, ainda sob os efeitos da crise econômica, a contratação prevista para este ano é de 135,3 mil trabalhadores temporários para atender ao aumento sazonal das vendas de fim de ano, segundo estimativa divulgada, ontem, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O levantamento mostra que o número representaria recuo de 2,4% em relação ao Natal de 2015 e equivaleria ao total de contratações do mesmo período de 2012. Os segmentos de vestuário, além de hiper e supermercados, se destacam nas contratações, enquanto artigos de informática e comunicação detêm os maiores salários.
As previsões da CNC, baseadas em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), consideram um cenário de variação negativa de 3,5% das vendas de fim de ano. Assim, tanto o emprego temporário quanto o volume de vendas encolheriam de maneira significativa pelo segundo ano consecutivo.
Demanda
Os maiores volumes de contratação deverão se concentrar no segmento de vestuário (62,4 mil vagas) e no de hiper e supermercados (28,9 mil). Além de serem os “grandes empregadores” do varejo – juntos eles representam 42% da força de trabalho do setor – esses segmentos costumam responder, em média, por 60% das vendas natalinas. O Natal é a principal data comemorativa do varejo, com previsão de movimentação financeira de R$ 32,1 bilhões em 2016.
Ao contrário de 2015, quando o real sofreu desvalorização de 47%, neste ano a expectativa é de que a taxa de câmbio registre queda de 16%, o que poderá estimular importações por parte do varejo e reajustes menos intensos do que no fim do ano. Diante disso, menos dependentes das deterioradas condições de crédito, o segmento supermercadista deverá sofrer, portanto, menores pressões nos custos de formação de estoques com produtos importados até o fim do ano e registrar modesta retração em termos de volume de vendas (-1,6%). Em 2015, as vendas de Natal nesse segmento recuaram pela primeira vez em mais de uma década, caindo 4%.
Em contrapartida, as lojas de vestuário e acessórios, segmento no qual o volume de vendas costuma dobrar em relação ao mês anterior, deverão amargar queda superior a 11% no Natal deste ano, tendo em vista a crise econômica que vem assolando o poder de compra do consumidor brasileiro. Assim, do ponto de vista do volume de vendas nessa data comemorativa, a variação negativa registrada em 2015 (-5,4%) deverá ser ainda maior neste ano.
Rendimentos
O salário de admissão deverá alcançar o valor de R$ 1.205,00 – avançando, portanto, 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado (+0,6%, se descontada a inflação). O maior salário de admissão deverá ocorrer no ramo de artigos de informática e comunicação (R$ 1.403,00); contudo, esse segmento deverá ofertar apenas 1,6% das vagas totais a serem criadas no varejo. As previsões da CNC de emprego e vendas serão revistas, mensalmente, até as vésperas do dia 25 de dezembro.
Fonte: O Estado.