US$ 47,5 BILHÕES (26/1/2011) Diário do Nordeste
Brasília. A economia aquecida e o dólar barato levaram as contas externas a um rombo histórico em 2010. Com recorde nas viagens internacionais, remessa de lucros em alta e mais importações de mercadorias e serviços, o Brasil registrou saldo negativo de US$ 47,51 bilhões na conta de transações correntes – que registra a entrada e saída de dólares para pagamento de bens e serviços. O valor é quase o dobro do verificado no ano anterior e recorde da série histórica iniciada em 1947. Apenas em dezembro, o déficit somou US$ 3,49 bilhões.
Ao apresentar os números, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, minimizou o aumento do saldo negativo que, de um ano para o outro, cresceu mais de US$ 23 bilhões. “O déficit aumentou e é recorde em dólares. Mas, se comparado ao tamanho da economia, o resultado corresponde a 2,28% do Produto Interno Bruto, abaixo do recorde”, relativiza. Nesses termos, o resultado é o mais alto desde 2001, quando as contas externas obtiveram saldo negativo equivalente a 4,19% do PIB. “Portanto, o resultado de 2010 é bastante acomodado”.
Saída acelerada
O relatório do BC mostra que a saída de dólares foi acelerada em vários segmentos. Nas viagens internacionais, por exemplo, brasileiros gastaram US$ 10,5 bilhões a mais que estrangeiros em viagem no Brasil. Por isso, o déficit do turismo saltou 88% ante o ano anterior para um novo recorde.
Outra marca aconteceu na saída de dólares para pagar aluguel de equipamentos, como guindastes e plataformas de petróleo. Em um ano, a conta cresceu 46% e somou US$ 13,68 bilhões em 2010. “A demanda por essas máquinas cresce porque a economia está aquecida e estão sendo realizados investimentos”, explicou Altamir.
Também chama atenção a alta de 20% na remessa de lucros e dividendos feita por empresas multinacionais instaladas no Brasil, que transferiram US$ 30,37 bilhões às sedes. Nesse caso, as remessas acontecem porque as filiais brasileiras têm obtido bons resultados com a economia aquecida e, as sedes precisam de ajuda.
NO ANO PASSADO
Aporte estrangeiro bate recorde no País
Saldo de investimento voltado ao setor produtivo fechou 2010 em US$ 48,46 bi e cobriu déficit em conta corrente
Brasília. Com um movimento extraordinário no último mês do ano, o saldo de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado para o setor produtivo, fechou 2010 com o recorde de US$ 48,46 bilhões. O fluxo positivo para o País de US$ 15,36 bilhões em dezembro, o maior para um único mês em toda a série histórica, surpreendeu todas as expectativas e levou o saldo do ano a ser mais que suficiente para cobrir o déficit em conta corrente de 2010, que teve o recorde de US$ 47,52 bilhões. Até novembro, tanto o mercado quanto o BC davam como certo que o IED não seria suficiente para cobrir o resultado negativo da conta corrente neste ano, tendência que se acentuaria em 2011.
A reviravolta no caso ocorreu basicamente por uma operação gigantesca no setor de petróleo, envolvendo os chineses da petrolífera Sinopec e os espanhóis da Repsol, que levaram ao ingresso de US$ 7,1 bilhões no País nos últimos dias do ano passado. A Sinopec adquiriu sozinha esse montante em ações da Repsol Brasil, que aumentou seu capital para realizar a aliança com os chineses.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, explicou que essa operação era esperada no início de 2010, quando a autoridade monetária projetava um IED de US$ 45 bilhões. Mas ao longo do ano, com o adiamento dessa e de outras operações, o BC reduziu sua estimativa de IED pra US$ 38 bilhões.
O técnico da autoridade monetária salientou que, a despeito dessa operação individualmente ter alavancado o resultado de dezembro, o saldo do mês seria elevado mesmo sem ela. “Mesmo sem essa operação, o mês teria apresentado um resultado expressivo.
Fonte: jornal DIÁRIO DO NORDESTE
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