Empresários e auditores da Sefaz estavam envolvidos no processo de lavagem de dinheiro na compra de produtos do setor têxtil.
Polícia desmonta esquema de sonegação fiscal que causou mais de R$ 300 milhões em prejuízo
Treze pessoas, entre empresários e auditores fiscais, foram presas suspeitas de participarem de esquema de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa em território cearense, que resultou em mais de R$ 300 milhões de reais de prejuízo aos cofres públicos. O suposto líder do esquema ainda está foragido. A “Operação Dissimulare” foi deflagrada pela Polícia Civil do Estado do Ceará, com apoio da Secretaria da Fazenda (Sefaz) nesta sexta-feira (1º) e desmontou um esquema de compra de mercadoria têxtil com sonegação de impostos. Além dos 13 mandados de prisão, foram realizados ainda 37 mandados de busca e apreensão, que conseguiram, até o momento, contabilizar R$ 2 milhões apreendidos. O início das investigações foi há pouco mais de um ano, quando a Delegacia de Crimes Contra a Administração e Finanças Públicas (DCCAFP) passou a apurar ações ilícitas de pessoas que adquiriam produtos do ramo têxtil sem o pagamento dos impostos correspondentes. A polícia estima que houve uma movimentação nanceira que ultrapassa a quantia de R$ 1 bilhão sem o recolhimento de impostos, o que gerou um agravo de mais de R$ 300 milhões que deixaram de ser recolhidos aos cofres públicos. Esquema Pelo menos 17 empresários e dois auditores da Secretaria da Fazenda (Sefaz), além de contadores, estavam envolvidos no esquema. Alguns dos suspeitos já possuiam passagens pela polícia. “O trabalho policial buscou apurar a atuação de uma organização criminosa que se instalou no Ceará com a nalidade de sonegar impostos na aquisição de insumos da indústria têxtil”, colocou o delegado Márcio Gutierrez, titular da DCCAFP
Conforme as investigações avançavam, foi constatado que desde 2004 os suspeitos utilizavam uma empresas de fachada, usando como sócios os nomes de outras pessoas para encobrir o crime, conhecidos como “laranjas”. Essas empresas fantasmas compravam os produtos de outros estados, para então repassá-los às empresas reais, propriedades de empresários cearenses que queriam participar do esquema. Os tecidos eram vendidos bem abaixo do valor de mercado e virava confecção que, segundo a polícia, era vendida em feiras populares, como a da Rua José Avelino
O líder da quadrilha, identicado como Jovilson Coutinho Carvalho, tinha 46 empresas laranjas que conseguiam notas scais frias, assim como liminares que garantiam a entrada e a saída das mercadorias sem o pagamento de impostos. Ela ainda não foi encontrado pela polícia, assim como o G1 CE não conseguiu localizar a defesa do suspeito. Prisões Dentre os presos até o momento estão Marcus Venícius Rocha Silva (54), Francisco de Assis Neto (50), Maria Soraia de Almeida (27), Suzi Cardoso Lima (34), Daniel Rocha de Sousa (43), Bruno Rafael Pereira Carvalho (34). José Orlando Rodrigues de Sena (49), Mines Coutinho Carvalho (59), Natalia de Souza Costa (28), Thamara Almada do Nascimento (26), Antônio Batista da Silva (45), Paulo Sérgio Coutinho de Almada (SO) e Antônio Alves Brasil (52), sendo os dois últimos auditores da Sefaz.
Os 37 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em empresas, residências, no prédio do sindicato de confecções do Ceará, além de outros locais. Os imóveis estão localizados em bairros de Fortaleza como Centro, Aldeota e Meireles. Os agentes de segurança apreenderam nos pontos investigados diversas mercadorias, como veículos, joias, aparelhos eletrônicos, tecidos avaliados em mais de R$ 100 milhões, mais de R$ 2 milhões em dinheiro contabilizados até o momento, além de outros valores que estão sendo contabilizados. A Polícia Civil também representou pela indisponibilidade dos bens e bloqueio de contas bancárias dos investigados. Conforme indicou o delegado Márcio Gutierrez, a operação segue em andamento e outras fases da Dissimulare serão deagradas.