Regiões como Sobral e Cariri representam pontos estratégicos para o crescimento da atividade no interior, segundo empresários do setor. Só em Fortaleza, turistas corporativos deixaram R$ 549,6 milhões no ano passado.
A vocação turística do Ceará para além do lazer terá um olhar mais apurado nos próximos anos. Diante de um impacto de R$ 1,3 bilhão na economia da Capital cearense e gasto médio de R$ 2,3 mil por pessoa que vem a Fortaleza com essa finalidade, diluir a expansão do turismo de eventos para outros pontos estratégicos do Estado é visualizado pelo trade como uma das chaves para explorar de forma eficiente o potencial de ampliação desse segmento.
A avaliação tem como base a divulgação de dados que associam o turismo de eventos a um cenário pujante. De acordo com pesquisa elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), em parceria com a Universidade de Fortaleza (Unifor) e Visite Ceará/Fortaleza Convention & Visitors Bureau – associação formada por players do trade com atuação voltada para o turismo de negócios e eventos, com apoio da Câmara Setorial Turismo e Eventos do Ceará, foram deixados R$ 549,6 milhões pelos turistas que vieram a eventos em Fortaleza no ano passado. Além disso, esse segmento foi responsável por uma arrecadação de R$ 190,06 milhões e geração de 47,12 mil novos empregos, entre formais e informais.
Na avaliação do presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola, é importante também olhar para os potenciais presentes em outras regiões do Estado. “Às vezes, se olha apenas para a Capital, mas temos regiões muito receptivas e com uma beleza natural surpreendente. Esse turista vem a um evento e aproveita para conhecer o local”, explica.
Ele ressalta ainda a importância de movimentações geradas por meio de parcerias público-privadas no desenvolvimento do Ceará e que isso ajuda a impulsionar esse tipo de turismo. “O Estado todo está sendo contemplado com rotas turísticas, infraestrutura nos aeroportos regionais e isso faz com que tenhamos o desenvolvimento não apenas em uma região”, detalha Maurício Filizola.
Para a coordenadora do curso superior de Tecnologia em Eventos da Unifor, Milena Auip, as parcerias público-privadas representam importante estratégia para o desenvolvimento local. “Fortaleza trabalha hoje para ser referência e o Ceará já é visto com bons olhos quanto ao turismo de eventos. Temos bons espaços de eventos e observamos uma importante melhoria na malha aérea, mas ainda precisamos melhorar a infraestrutura e qualificação para poder receber esse turista”, avalia.
Sazonalidade
Diante dos números, ela acredita que o turismo de eventos deve ser explorado a ponto de o Ceará se desvencilhar da sazonalidade da alta estação. “A gente tem a possibilidade de minimizar a questão da sazonalidade do turismo. Quanto mais eventos são realizados, mais renda é deixada aqui, mais se desenvolve a economia e menos a gente depende de momentos específicos de alta estação”, destaca Milena.
Um dos pontos estratégicos do interior do Estado com potencial para o turismo de eventos, na avaliação da vice-presidente do Visite Ceará/Fortaleza Convention & Visitors Bureau é a região do Cariri, Ivana Bezerra. “Nós temos vários polos bastante ricos, a exemplo do Cariri, que tem um bom centro de convenções e que pode ser trabalhado na vertente do turismo religioso ou do turismo de negócios, levando em consideração que estamos falando de um polo calçadista bastante rico”, avalia, destacando ainda o potencial da cidade de Sobral.
Gargalos
Além dos gargalos enumerados por quem lida diariamente com a atividade, a pesquisa aponta ainda outras direções críticas em relação à estadia desse viajante na Capital. De acordo com o estudo, que contemplou uma amostra de 3.308 entrevistados participantes de 26 eventos em 2018, todos os serviços de infraestrutura analisados apresentam nota abaixo de 70. A pior avaliação foi observada no item “Segurança Pública”, com 51,7 pontos. A maior nota ficou com “Serviço de Transporte” (68,4 pontos).
A presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da Fecomércio-CE, Circe Jane Teles da Ponte, considera que todos os dados apurados indicam que o turismo de eventos é um importante vetor da economia que precisa ser trabalhado. “Temos um potencial enorme e, com esses números, é possível pensar em políticas públicas pensadas nesse sentido”.
Para nortear as decisões sobre o turismo local com base em pesquisas no setor, a Secretaria do Turismo de Fortaleza (Setfor) se prepara para ter, até o fim de 2019, um observatório do turismo. A iniciativa faz parte do pacote de requalificação da Avenida Beira Mar e representa uma demanda antiga do setor, de acordo com a própria Pasta.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste.