A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), atingiu 94,6 pontos em maio, registrando queda de 1,7% em relação ao mês passado, a terceira seguida. Na comparação anual com o mesmo período de 2018, houve alta de 8,6%, mas a retração acumulada nos últimos três meses já é de 4,0%, diminuindo ainda mais a alta do ICF observada no primeiro bimestre (7,9%), quando o otimismo com as perspectivas do novo governo refletiu nas expectativas de crescimento da economia e no consumidor. Com esse resultado, o ICF se distancia da zona de otimismo e acumula 49 meses, ou seja, mais de quatro anos, de insatisfação quanto ao nível de consumo.
“A intenção de consumo das famílias depende muito do comportamento do mercado de trabalho, dos juros e da inflação. O cenário favorável do início do ano não está se sustentando, o que reflete na cautela do consumidor quanto aos gastos na aquisição de bens e serviços”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros, observando que o desemprego e a inflação têm crescido e os juros continuam altos.
Com exceção do subíndice Nível de Consumo Atual (+0,4%), todos os demais se mostram negativos. Perspectiva Profissional (-3,0%) e Momento para Duráveis (-2,7%) foram as maiores contribuições para negativar o ICF em maio.
Do ponto de vista regional, o Centro-Oeste aparece como a única região onde as famílias se mostraram dispostas a ampliar o consumo, com uma leve alta em relação a abril (+0,1%). A maior queda foi no Sudeste (-3,4% no mesmo período). Em termos de faixa de renda, a disposição de consumo caiu em todos os segmentos: -1,7% para as famílias com rendimentos até 10 salários mínimos e -1,5% naquelas cujo rendimento fica acima desse patamar.
Mercado de trabalho
A pesquisa indica que o baixo dinamismo do mercado de trabalho, com um contingente de 13 milhões de desempregados, está influenciando a perspectiva profissional das famílias. Aliado a isso, o impacto nos preços médios causados pelas altas dos combustíveis e dos alimentos pode estar levando as famílias a comprar menos.
Apesar do relativo pessimismo que os subindicadores expõem, cerca de 41,0% das famílias consideram que a renda está igual à do ano passado, enquanto 34,6% reconhecem que ela está melhor. Perto de 23,9% diz que piorou.
Condições de consumo
Momento para Duráveis destaca-se como o subíndice do ICF que tem revelado o menor patamar desde dezembro de 2014 (98,1 pontos), quando passou para a linha inferior a 100 pontos.
Aproximadamente 61,5% das famílias entendem que o momento é ruim para a compra de eletrodomésticos, televisores, aparelhos de som, etc., enquanto 28,8% acham que pode ser bom.
Perspectivas
O subindicador Perspectiva Profissional (-3,0%) chama a atenção pela intensidade da variação negativa, assim como Perspectiva de Consumo (-3,6%). Ambos capturam o entendimento negativo das famílias quanto aos aspectos profissionais e de compras.
A avaliação negativa das perspectivas profissionais mostra o ceticismo quanto a alguma melhoria profissional nos próximos meses. Já a queda do subindicador Perspectiva de Consumo (-3,6%) revela-se a maior do ICF. Ela se relaciona, sobremaneira, com a prudência das famílias em relação às possibilidades de gastos. Esse índice encontra-se abaixo de 100 pontos desde abril de 2015 (95,3 pontos).
Apesar da tendência de queda, o ICF deve apresentar variações positivas e negativas até o fim do ano, dependendo do comportamento do mercado de trabalho, dos juros, da inflação e do humor das famílias com relação à política econômica e seus efeitos.
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