Notícias

Vendas de materiais de construção crescem 28% no Ceará; preços também sobem (com entrevista do Presidente Cid Alves)

By 20/07/2021julho 21st, 2021No Comments

A variação foi a maior dentre os segmentos analisados pela Pesquisa Mensal do Comércio do Estado do Ceará. Construção civil se preocupa com os preços

Pedreiro em obra
Legenda: O peso do setor no estado subiu de 8,6%, em fevereiro de 2020, para 11,2%, em maio de 2021
Foto: Agência Brasil

A variação foi a maior dentre os segmentos analisados pela Pesquisa Mensal do Comércio do Estado do Ceará. Construção civil se preocupa com os preços.

O segmento de materiais de construção está em alta desde o ano passado. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio do Estado do Ceará, divulgada pela Fecomércio, o volume de vendas teve aumento de 28% nos últimos 12 meses. A variação leva em conta dados do mês de maio.

O segmento foi o que teve maior aumento no período analisado, seguido por móveis (26,2%) e equipamentos e materiais para escritório (25,3%).

Dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, reforçam o cenário. Em maio, o peso do setor de construção na receita do estado foi maior: 11,2%, frente 8,6%, de fevereiro de 2020, considerado pré-pandemia.

Também houve aumento nas receitas das empresas do setor no Estado, em 3,4%. Essa é a terceira alta consecutiva.

Em meio ao crescimento nas vendas, o preço dos materiais e insumos está também está aumentando, o que preocupa a construção civil. De acordo com dados cedidos pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), houve alta de até 138,7% em insumos entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2021.

AUMENTO DA PROCURA

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Maquinismo, Ferragens e Tintas de Fortaleza (Sindimac), Cid Alves, pontua fatores que influenciaram no aumento da demanda e consequente aumento nos preços.

No ano passado, a Selic chegou ao menor patamar histórico, em 2% ao ano. Isso incentivou o crédito, levando pessoas tanto a comprar mais imóveis como a buscar dinheiro nos bancos para fazer reformas e construções.

O aumento da demanda mundial também colaborou para as vendas no Estado. Com o dólar alto, indústrias de material de construção começaram a exportar, diminuindo ou acabando com o volume de produtos em estoque e aumentando os preços. Os valores também foram afetados por fatores externos.

“Houve também um aumento de preços do transporte marítimo, o frete marítimo subiu para mais de o dobro, quase o triplo do preço. Teve aquele navio encalhado, aumentou o preço do frete. Também tivemos aumento dos combustíveis e da energia elétrica. CID ALVES – Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Maquinismo, Ferragens e Tintas de Fortaleza (Sindimac)”. 

O presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Ribeiro, acrescenta que a paralização de fábricas de insumos diante da pandemia levou a um desbalanço de oferta e demanda no mercado.

Para ele, o pagamento do auxílio emergencial contribuiu para uma maior busca por insumos de forma doméstica.

“Com o auxílio emergencial, muitas pessoas que sequer tinham banheiro em casa ou precisavam fazer reformas, partiram para comprar cimento, tijolo, PVC, lavatórios. Compras pequenas, mas feitas por milhões de pessoas. O que aconteceu é que sumiu o material do mercado, com a alta procura o preço cresceu”, explica Patriolino.

O presidente do Sindimac projeta que a demanda continuará alta em 2021. Para o primeiro semestre de 2022 a expectativa é de algum desaquecimento, seguido de grande crescimento para o setor no segundo semestre do ano que vem.

PRODUTOS EM FALTA E PREÇOS MAIS ALTOS

Cid destaca que a busca excessiva levou ao esgotamento de estoque de alguns produtos, sobretudo a matéria prima que dá brilho aos materiais e cerâmicas.

“Teve uma normalidade, mas ainda está muito longe de uma disponibilidade de antes da pandemia. Teve o próprio câmbio, uma cesta de fatores que faz com que nossos setores tivessem um aumento grande de preços”, explica.

Patriolino relata que no ano passado tijolo e cimento tiveram altas expressivas, mas voltaram os preços a normalidade. O grande vilão do momento é o aço.

Ele afirma inclusive que o estado já está buscando importar a matéria prima da Turquia, o que trará uma economia de 20% para o setor mesmo com os custos de frete e a variação do câmbio.

Conforme dados do Sinduscon, o Vergalhão CA 60 5 e 6 mm, que custava R$ 4,08 em janeiro do ano passado agora custa R$ 9,74, um aumento de 138,7%. Veja as maiores variações.

MaterialValor Janeiro/2020Valor agosto/2020 Valor fevereiro/2021Variação
Vergalhão CA 60 5 e 6 mm R$ 4,08 R$ 4,28 R$ 9,74138,70%
Vergalhão CA 50 6,3 mm R$ 3,45 R$ 3,60 R$ 8,04133,00%
Vergalhão CA 50 8,0 mm R$ 3,43 R$ 3,58 R$ 7,90130,30%
Vergalhão CA 50 12,5 à 25 mm R$ 3,20 R$ 3,34 R$ 7,31128,40%
Vergalhão CA 50 10,0 mm R$ 3,27 R$ 3,42 R$ 7,46128,10%
Tijolo c/ 8 Furos 9x19x19 R$ 340,00 R$ 550,00 R$ 600,0076,50%
Eletroproduto CORR Flex 20MMX50M R$ 0,66 R$ 0,76 R$ 1,1371,60%
Caixa Luz Eletro Flex 4X2 R$ 0,85 R$ 0,98 R$ 1,4671,30%
Bucha Red Sold LGA 60X40MM R$ 3,55 R$ 4,09 R$ 5,8063,40%
Tubo PVC Sold 32X6M R$ 19,22 R$ 22,13 R$ 31,3763,30%

INDÚSTRIA SE PREOCUPA

O presidente do Sinduscon se preocupa com a incerteza de quando os preços irão voltar a um patamar pré-pandemia. Segundo ele, isso pode prejudicar novos lançamentos das construtoras e incorporadoras.

“Essa é a grande preocupação para as construtoras e incorporadoras, saber se vai baixar. Tem construtoras segurando lançamentos com receio de não saber precificar. Não adianta colocar um preço mais alto e não vender ou manter o preço mais baixo e ter prejuízo”, diz.

Patriolino ressalta que isso pode levar à falta de alguns tipos de imóveis no mercado, já que grande parte dos estoques do último período de grandes lançamentos, entre 2012 e 2015, já está chegando ao fim.

Ele prevê para o próximo ano valorização de imóveis tanto novo como usados devido ao fenômeno.

Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/negocios/vendas-de-materiais-de-construcao-crescem-28-no-ceara-precos-tambem-sobem-1.3111115