RMF REAGE (25/2/2011)
Ceará perdeu 956 vagas de trabalho formal em janeiro, enquanto a Região Metropolitana gerou 275 novos postos
O mercado de trabalho formal na região metropolitana de Fortaleza (RMF) reagiu ao efeito sazonal em janeiro e registrou saldo positivo na geração de empregos. Foram 275 novas vagas. No Ceará, o saldo ficou negativo, com menos 956 postos de trabalho. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho (MTE).
Na RMF, a maior influência veio do setor de serviços, que criou 1.983 postos de trabalho, com 13.507 admissões e 11.524 desligamentos. Por outro lado, o comércio eliminou 1.528 vagas, com 5.654 contratações e 7.182 demissões.
Serviços em alta
Segundo o analista do mercado de trabalho do IDT (Instituto de Desenvolvimento do Trabalho), Mardônio Costa, o desempenho do setor de serviços na RMF deve-se ao aquecimento do mercado imobiliário, e ao período de férias e de alta temporada do turismo. “Já o comércio, apesar das promoções, reduziu o quadro de pessoal, eliminando as vagas temporárias”, explica o analista do IDT
O resultado de janeiro na RMF é o melhor desde 2005, quando o saldo ficou positivo com 1.815 novas vagas. De 2006 a 2010, todos os meses de janeiro foram negativos, como também em 2004. Antes disso, não há registro no Caged pelo site do ministério.
Postos eliminados no Ceará
No Estado, o saldo negativo é o segundo menor desde 2005, quando foram eliminados 552 postos de trabalho formal. Desde 2004, segundo os dados disponíveis, o Ceará registra saldo negativo em janeiro. Em relação a igual mês do ano passado, o saldo é menor, quase a metade. Há um ano, foram cortadas 2.254 vagas no mercado de trabalho cearense.
Impacto menor
Mardônio Costa afirma que o impacto da sazonalidade foi menor e, com isso, houve uma redução no fechamento de postos. Ele destaca que o resultado decorre do crescimento econômico do Estado. “Como tem ocorrido no País, a economia está impulsionando o mercado de trabalho formal”, avalia.
“Em geral, verificamos crescimento na oferta de emprego ao longo dos anos. A sazonalidade, normalmente em dezembro, janeiro e fevereiro, é um ajuste no mercado de trabalho como um todo. A retração da atividade econômica é efeito sazonal”.
Comércio corta vagas
Em janeiro último, os setores com perdas foram o comércio (-1.206), agropecuária (-670), administração pública (-569), indústria de transformação (-498) e construção civil (-196). Os saldos positivos vieram do setor de serviços (2.109), extrativa mineral (56) e indústria de utilidade pública (18).
De acordo com o analista do IDT, a expectativa de crescimento de 4,5% da economia do País, a construção do Centro de Eventos do Ceará, a ampliação do porto do Pecém, a infraestrutura turística e refinaria elevam as perspectivas para o mercado de trabalho. Costa diz ainda que o Estado apresentou o menor saldo negativo do Nordeste em janeiro deste ano.
Nordeste
A região Nordeste foi a única do País a apresentar uma variação negativa na geração de vagas celetistas em janeiro. O declínio foi de menos 611 postos. “Refluxos sazonais relacionados ao complexo sucroalcooleiro foram os principais responsáveis pelo resultado na região”, informou o ministério.
As maiores reduções ocorreram nos estados de Pernambuco (-5.957 postos), Rio Grande do Norte (-2.243), Paraíba (-1.112) e Maranhão (-1.060). A Bahia foi o estado que obteve melhor desempenho no mês de janeiro ocupando a 8ª posição no ranking entre todos estados brasileiros com saldo de 7.438 empregos celetistas.
Sergipe e Alagoas também registraram bons saldos no mês de janeiro. Sergipe criou 1.730 postos de trabalho e Alagoas 1.395 postos. Ocupando a 13ª e 14ª posição respectivamente no ranking de janeiro. O saldo do Piauí foi de 154 postos.
Análise
“Impacto sazonal foi menor e, com isso, houve redução no fechamento de postos”
Mardônio Costa
Analista de mercado do IDT
APESAR DE DESACELERAR
Lupi projeta 3 milhões de vagas em 2011 no País
Brasília. O mercado de trabalho já dá sinais de desaceleração, as medidas do governo para conter a inflação devem diminuir o ritmo de atividade do País, mas mesmo assim o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mantém a projeção de criação de 3 milhões de novos empregos com carteira assinada este ano. Em janeiro, foram gerados 152 mil de postos, já descontadas as demissões, uma diminuição em relação às 181 mil vagas líquidas formais vistas no mesmo mês de 2010.
Com a nova série histórica apresentada ontem pelo Ministério do Trabalho, a distância entre os meses de janeiro de um ano para o outro é ainda maior. O governo incluiu as informações das empresas que enviaram seus dados de contratação com atraso. Isso elevou o saldo, que registrou 240 mil novos empregos em janeiro de 2010, acima dos desligamentos.
Para Lupi, o que vale é que o número divulgado ontem é o segundo melhor para o mês, perdendo apenas para o do ano anterior. O saldo de janeiro foi fruto de 1,650 milhão de profissionais admitidos contra 1,498 de desligados – os maiores resultados para o mês em questão.
O ministro não enxerga, no entanto, a diferença de um ano para o outro como uma desaceleração e defende que janeiro de 2010 foi fortemente influenciado pela contratação de funcionários pela indústria brasileira, que acabou dispensando seus quadros no auge da turbulência econômica. “Atipicamente, em janeiro de 2010, a indústria bombou mais porque tinha demitido mais na crise.”
Na avaliação de Lupi, o quadro atual da economia brasileira é passageiro. “Essa fotografia de taxa de juros maior e crédito menor deve começar a mudar em três ou quatro meses”.
CAROL DE CASTRO
REPÓRTER
Fonte Diário do Nordeste