Com 21 lojas em Fortaleza, a rede de supermercados aposta em inovações, na qualidade dos produtos, em responsabilidade social e em hábitos de consumo para fidelizar os clientes Dalviane Pires da Redação FRANCISCO Jereissati, diretor de operações do Pão de Açúcar para a regional Ceará-Piauí (Foto: Lia de Paula) Uma rede de supermercados cada vez mais voltada para fidelizar clientes. É desta forma que o Pão de Açúcar está comemorando este mês 57 anos de Brasil. No Ceará, são 31 anos e 21 lojas. O Estado é o segundo maior mercado da bandeira, perdendo apenas para São Paulo. Só este ano, foram inauguradas duas lojas em Fortaleza e nos próximos dias a loja do Náutico passará por uma reforma com investimentos em torno de R$ 5 milhões. Para comemorar, promoções e prêmios. Mas não é só. Francisco Jereissati, diretor de Operações da Rede Pão de Açúcar Regional Ceará-Piauí, conversa com O POVO sobre as expectativas da rede para 2005. “”Queremos fazer um segundo semestre bem mais forte nas vendas””, diz. Jereissati explica ainda de que maneira o Pão de Açúcar tem enfrentado a concorrência de outros supermercados. Francisco Jereissati ingressou no Pão de Açúcar em 1982 como estagiário de Gerência de Vendas. Três meses depois de admitido foi convidado a abrir a agência de publicidade do Pão de Açúcar em Fortaleza. Foram oitos anos lidando com marketing e hoje Jereissati, diretor de operação da regional Ceará-Piauí, é um dos principais articuladores do crescimento da rede nesses estados. O POVO – São 57 anos de Brasil e 31 anos de Ceará. Como se deu a vinda do Pão de Açúcar para Fortaleza? Francisco Jereissati – A vinda do Pão de Açúcar para cá começou através do empresário Tasso Jereissati. Ele era o proprietário da primeira loja, no shopping Center Um. A loja tinha a administração toda local, mas com a credibilidade da Companhia Brasileira de Distribuição, que é o Pão de Açúcar. Então o layout, categorias, composição das seções, tudo tinha o respaldo do Pão de Açúcar. OP – O Tasso Jereissati trouxe o Pão de Açúcar para Fortaleza e como o grupo chegou a tantas lojas na cidade? Jereissati – Tasso (Jereissati) operacionalizou a loja por cerca de quatro anos. Na verdade, ele chegou a ter duas lojas, o Jumbo do Center Um, que era um hipermercado. E depois teve o Jumbinho que ficava no Mercado dos Pinhões. Com a aquisição das lojas do hipermercantil São José, a composição mudou. Então a Companhia Brasileira de Distribuição passou a ser majoritária e a administração passou a ser da companhia. As lojas passaram a ser operadas pelo Pão de Açúcar. Isso a partir de 1978. OP – Temos hoje em Fortaleza grandes redes de supermercado como o Carrefour, recém-inaugurado e já com especulações de uma nova loja. E o Wal-Mart, que há cerca de um ano comprou o BomPreço. Isso assusta o Pão de Açúcar? Como vocês fazem para “”driblar”” a concorrência? Jereissati – Nós temos respeito pela concorrência e a competitividade cada vez mais acirrada faz com que a gente melhore nos nossos serviços. Então, temos procurado nos diferenciar dentro do mercado através da qualidade dos produtos, através de uma variedade maior de produtos oferecidos pelas nossas lojas, através das formas de pagamento disponibilizadas aos nossos cliente, de um atendimento personalizado, entregas gratuitamente em domicílio, desenvolvimento de nossas equipes e, fundamentalmente, com a inovação das nossas lojas. O Pão de Açúcar também se destaca dos concorrentes por apostar na responsabilidade social. OP – E como se dá a questão da responsabilidade social na empresa? Jereissati – Temos o Instituto Pão de Açúcar onde temos a cada semestre cerca de 500 alunos só aqui em Fortaleza passando por cinco tipos de programas complementares à escola. Desses alunos, 50% são filhos de funcionários e a outra metade composta por membros da comunidade. É um trabalho muito bonito, onde quando acompanhamos a formatura desses alunos e ouvimos os depoimentos. É fantástico! É interessante o valor que eles dão a essa oportunidade de uma pré-profissionalização. Nós ajudamos ainda 28 entidades com doações de alimentos. E essas entidades atendem em torno de 5 mil pessoas por mês. Sem falar da parte cultural que o Pão de Açúcar vem trazendo. É música de altíssima qualidade ao alcance de todos, através do Pão Music. Temos também a parte esportiva, que são as nossas maratonas e outros eventos que o Pão de Açúcar está sempre promovendo. Não esquecemos também o meio ambiente. Hoje são cinco lojas em Fortaleza com estações de reciclagem. Só no ano passado tivemos 94 toneladas de resíduo sólidos coletados em nossas lojas e separados por tipo. E nesse mês estaremos implantando estações de reciclagem em mais seis lojas da Capital. OP – Esse ano o Pão de Açúcar já inaugurou duas lojas em Fortaleza. Há previsão de novos investimentos daqui para frente? Jereissati – Para esse semestre, iremos reformar a loja do Náutico. Vamos fazer boa parte da reforma com a loja aberta e nos momentos finais, na hora de trocar o piso e o forro iremos fechar por alguns dias. Vamos trabalhar de manhã, de tarde, de noite, de madrugada para que fique fechada o mínimo possível. Enquanto estiver fechada, o cliente poderá comprar na loja do Mucuripe, do Center Um, a do Shopping Aldeota e a loja do São João que pode pegar parte da clientela da Praia de Iracema. OP – E qual o investimento na reforma? Jereissati – Ainda não fechamos o orçamento total, mas deve ser algo em torno de R$ 5 milhões. OP – As grandes redes estão investindo cada vez mais em marcas próprias. Como está o Pão de Açúcar nessa questão? Jereissati – O Pão de Açúcar apresentou o crescimento em torno de 21% de um ano para cá no que diz respeito a marcas próprias. Hoje temos 760 itens com nossa marca. Além de 263 itens da linha light e diet. Temos de importação própria cerca de 40 rótulos de vinhos, exclusivos da Companhia Brasileira de Distribuição. OP – O Grupo Pão de Açúcar tem outras bandeiras além do Pão de Açúcar e do Extra. Extra Eletro ou Compre Bem virão para Fortaleza? Jereissati – O Compre Bem é uma bandeira que o Pão de Açúcar tem reformado e na qual abre muitas lojas. É uma bandeira que se encontra em praças como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, João Pessoa. É um grande desafio para a Companhia e eu acho que é a bandeira que mais deverá crescer para atender as demandas das classes C e D. OP – Então vem para Fortaleza? Jereissati – (risos) Está em estudo…Mas não posso te garantir. OP – Muito se tem comentado sobre a parceria do Grupo Pão de Açúcar com o francês Cassino. O que realmente muda? Jereissati – A associação com o Cassino é muito interessante para nós. Primeiro porque nos dá oportunidade de crescer mais rapidamente através da injeção de recursos. Além disso, o Cassino é muito forte em marcas próprias, portanto vai fortalecer essa nossa área. Dará oportunidade para que produtos brasileiros estejam cada vez mais nos supermercados de várias partes do mundo. OP – E qual a expectativa de crescimento do Pão de Açúcar para este ano? Jereissati – Esse ano já abrimos duas lojas. Há muito tempo a empresa não abria duas lojas em um mesmo ano. E ainda tem a reforma do Náutico. Estamos apostando nesse mês de aniversário em um crescimento de 10%. No ano, não dá para saber. Temos situações atípicas afetando a economia. Juros muito elevados e sendo mantidos, isso acaba inibindo o consumo. Temos uma economia estagnada nos últimos dois, três meses…O consumidor está mais preocupado com o desenrolar dessa história. Em nível mundial, em 2004, houve um crescimento no setor e acompanhamos esse crescimento. Em 2005 houve um certo desaquecimento da economia. OP – E nesse mês de aniversário do Pão de Açúcar de que forma a empresa vai comemorar com os consumidores? Jereissati – Estamos considerando este o maior aniversário do Pão de Açúcar. Uma campanha bem-estruturada na questão do marketing e peças publicitárias. Nunca se fez tanta coisa na mídia impressa. A premiação para os clientes também está muito interessante. Estamos com um volume de ofertas enorme. Continuamos com os festivais, como o de carne na quarta-feira, todos os dias uma seção estará com 10% de desconto. Os clientes estão elogiando tanto as promoções quanto a premiação. Comprou, tem direito a uma raspadinha e pode estar ganhando um brinde na hora. Os brindes estão bem relacionados à Copa do Mundo de 2006, como bolas, camisas oficiais, bonés, enfim. Além disso tem a TV plasma que será sorteada nacionalmente todos os dias até dia 31. E vem mais surpresa por aí, mas ainda não posso adiantar. Durante todo o mês de agosto o cliente vai ter facilidades também na hora de pagar. Poderá parcelar em até três vezes sem juros no cartão Pão de Açúcar. CRONOLOGIA Anos 70 – Em 1974, o Grupo Pão de Açúcar cede a Tasso Jereissati, representante do Grupo Jereissati, a marca Jumbo para a construção de um hipermercado. A inauguração foi celebrada com a presença de um elefante para festejar a marca Jumbo Pão de Açúcar. Em 1978, o Pão de Açúcar adquire as lojas do São José, a maior rede de supermercados do Ceará. Anos 80 – Um novo ciclo de lojas Minibox (com instalação mais simples) começa a ser implementado, alastrando-se pela zona metropolitana, como em Caucaia. Em 1981, é inaugurado no Pão de Açúcar Náutico o restaurante Well”s e, em seguida, vêm dois magazines com a marca Jumbo Eletro. Na área de supermercados, além da loja no Iguatemi, a rede inaugura pontos em bairros como o Montese e Aldeota. Anos 90 – Com a grave crise econômica no País, a rede passou por reestruturação. Fechou os Minibox e magazines de Fortaleza e as unidades do interior. Em 1993, a marca Jumbo passava a dar lugar no País somente à marca Pão de Açúcar. No final da década de 90, o grupo consolida as 11 lojas que mantinha em Fortaleza. Em 1999, foi inaugurado o primeiro hipermercado Extra no shopping Iguatemi. Anos 2000 – o Pão de Açúcar incorpora nove lojas disponibilizadas pelo Mercadinhos São Luiz, chegando a 20 lojas. No mesmo ano, também inaugura o hipermercado Extra no Montese e uma Central de Distribuição, em Caucaia. O grupo investe na reforma, ampliação ou adaptação das lojas no Ceará para um novo conceito de modernização de layout e logística. Em 2005, inaugurou duas novas lojas Pão de Açúcar – a Buena Vista e a São Gerardo (na semana passada). Trouxe ainda o Instituto Pão de Açúcar.
Fonte: Jornal O Povo