COMÉRCIO INFORMAL
24/12/2010
Cerca de 5 mil ambulantes ocupam o Centro na antevéspera do Natal dificultando a mobilidade das pessoas
O Centro de Fortaleza foi invadido, literalmente, por cinco mil ambulantes, distribuídos nas ruas centrais, segundo os próprios comerciantes. Um número superior a estimativa da Prefeitura de Fortaleza. O grande número de vendedores deve-se aos últimos dias antes das festas de fim de ano.
Esse total não é admitido pela Secretaria Executiva Regional do Centro, que afirma que entre os ´oficiais´, com título de permissionários, e os sem registro, somam 2.500, excluindo desse número os feirantes da José Avelino. Exagero ou não, o Centro viveu, ontem, mais um dia de desordem e caos, onde não faltaram os desconfortos para os pedestres e os engarrafamentos no trânsito.
A principal causa da saturação, apontada por lojistas e pela Prefeitura de Fortaleza, é o comércio ambulante desordenado. Ainda pela manhã, a feira da José Avelino, que deve se encerrar por volta das 8 horas, extrapolou não apenas o horário, como também o espaço destinado a ela. Eram vistos vendedores também na Avenida Alberto Nepomuceno e arredores.
A coordenadora de Políticas Públicas e Urbanas, mantida pela Secretaria Executiva Regional do Centro, Ana Lúcia Viana, diz que não leva em conta os feirantes da José Avelino (antigo comerciantes da Praça da Sé), uma vez que a administração está realizando um novo cadastro. Ela lembrou que esse trabalho teve início ontem.
Veja entrevista da coordenadora de Políticas Públicas e Urbanas
“É difícil precisar quantos estão hoje atuando no comércio de confecção na José Avelino, porque cada dia aparecem mais”, afirmou. Ana Lúcia admite que o período favorece uma invasão desses comerciantes, apesar da fiscalização ostensiva. No entanto, os comerciantes da José Avelino representam um número parecido aos demais dispostos por outros pontos do Centro, conforme admitem os próprios vendedores.
Saturação
O resultado dessa multidão é uma área saturada e que dificultou a mobilidade das pessoas em calçadas, galerias, como a Rua Liberato Barroso e Guilherme Rocha, além das Praças José de Alencar e Lagoinha. Para a comerciante Josy Sousa, o movimento na Rua José Avelino demonstra que o grosso do comércio ambulante está naquele corredor. “Se existem muitos vendedores é porque há demanda”, afirma a comerciante, que é dona de loja, mas enveredou pela feira livre no Centro.
Já a feirante Maria de Fátima Lima da Silva entende que o desordenamento acontece devido o acesso da população de poder aquisitivo mais baixo ao consumo. “Enfrentamos perseguição, críticas dos lojistas, mas esse comércio não para de crescer e não pode ser enfrentado com repressão”, disse. “A Guarda Municipal não quer que fiquemos além das 8 horas. Mas se saímos, os compradores continuarão no lugar, por isso que estendemos nosso horário”.
ENTREVISTA
Ordenar e fiscalizar é a meta da Prefeitura para o próximo ano
P. Tem tido sucesso as tentativas das Prefeitura de inibir a informalidade neste Natal?
R. Tem tido sucesso sim. Evidentemente, que têm sido ações pontuais. Nas galerias das Ruas Guilherme Rocha e Liberato Barroso houve uma significativa melhora na mobilidade dos pedestres. Nossa meta é a desocupação total.
P. Como a Prefeitura pretende enfrentar o problema da desordem do comércio ambulante?
R. Nós sabemos que é uma tarefa difícil, mas não impossível. Estamos com um plano de instalação de dois camelódromos. Um seria à altura da Rua Princesa Isabel e atenderá, principalmente, os camelôs das Praças das Lagoinha e José de Alencar. Um outro ainda está sendo vista a desapropriação seria para a acomodação de outros ambulantes, de modo a zerar a desordem no perímetro central.
P. As experiências passadas de transferências de camelôs não tem feito diminuir o número da informalidade. Isso deverá ocorrer mesmo com os camelódromos?
R. Não creio. Afinal, uma outra prioridade nossa é a fiscalização. Lembramos que no próximo ano vamos contar com mais 200 fiscais, que ingressam no serviço por concurso público.
P. Quais os maiores desafios para o enfrentamento do comércio ambulante?
R. Exatamente a restrição de fiscais e a falta de espaços mais apropriados para atividade. Lembremos que somente 950 pessoas são reconhecidas como permissionários.
Ana Lúcia Viana
Coordenadora de Políticas Públicas e Urbanas da Secretaria Executiva Regional do Centro.