carreiras e sucesso profissional
Ele fala sobre o futuro dos empreendedores no Brasil e, com bom humor, dá dicas de como conquistar o mercado de trabalho
Conhecido pelos comentários firmes e sem meias-palavras, o gestor empresarial e colunista Max Gehringer esteve em Fortaleza na última semana, para participar do ciclo de palestras do Mundo Unifor. Ele concedeu entrevista ao Empregos, após a descontraída apresentação.
Você disse, na palestra, que o século XXI promete ser o século do empreendedor. O que exatamente você quis dizer com isso?
No século XIX, nós tivemos o século do agricultor. No século XXI, tivemos o século do empregado, com as consolidações trabalhistas, salário mínimo e todas as conquistas. A partir do fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, houve um declínio do nível de empregos. Vieram as fusões, incorporações, substituição de empregados por equipamentos ou por computadores. Hoje é possível se fazer muito mais, com muito menos gente. Assim, diminui-se a quantidade de empregos, sendo necessários empregados cada vez mais especializados. O Brasil quer ser uma das cinco maiores potências do mundo e para isso vai precisar de grandes empreendedores. Todas as grandes potências mundiais têm grandes empreendedores. Países que têm “grandes empregados” não conseguem chegar a esse nível.
Você considera que o Brasil está preparado ou, ao menos, no caminho para chegar a esse patamar?
Sim. Nós temos seis milhões de empresas legalizadas de todos os tamanhos, principalmente, micro e pequenas empresas. É previsto que, em cinco anos, o número chegue a nove milhões. Diferentemente do que acontecia em gerações anteriores, os jovens entre 20 e 22 anos já estão pensando em ser empreendedores.
O que o cidadão brasileiro deve ter em mente para conquistar o mercado de trabalho?
Existem muitas coisas. A primeira que vem à cabeça é: jamais criar encrenca com o chefe. É algo que eu nunca fiz. E todo mundo que eu vi fazer “quebrou a cara”. As pessoas tendem a transferir para o chefe uma série de frustrações. Elas brigam com ele, acham-no “casca-grossa”, incompetente… Eu sempre tive a noção de que fui contratado para apoiar meu chefe e não para avaliar o desempenho dele. Sem ser “puxa-saco”, eu simplesmente fazia o que se esperava de mim. Eu fazia meu chefe brilhar. Na hora que havia uma oportunidade de ser promovido, eu sempre acabava sendo indicado para o cargo. Então, não brigue com o chefe. Fazendo somente isso, acredito que você já terá andado metade do caminho.
Você considera que essa seria a característica mais importante do bom profissional?
Além disso, o bom profissional precisa ter o estudo necessário. Vivemos numa época em que não há desculpas para não estudar. É preciso estar sempre atualizado. Também deve-se ter perfeita noção de hierarquia. Por isso que eu digo: “Entenda seu chefe”. É preciso ainda se dar muito bem com gente. Não pode ser o tipo de sujeito que cria problema com todo mundo. Esses não vão a lugar nenhum.
Quais os principais erros ao preparar o currículo?
Mentir e exagerar. Ter feito uma viagem de turismo e dizer que fez um curso, por exemplo. Inventar um cargo. Dizer que era o líder de um projeto, quando na verdade era um assistente. Outro ponto é ser prolixo, querer fazer currículos de quatro ou cinco páginas, que ninguém tem tempo de ler. É melhor resumir.
O que pesa na hora da entrevista, quando você está cara a cara com a pessoa que pode vir a ser seu chefe?
A maneira sincera de responder rapidamente o que foi perguntado. Alguns candidatos tendem a ficar tão nervosos que querem aproveitar a primeira pergunta para contar a história da própria vida. É bom ter em mente que as perguntas têm de ser respondidas da maneira mais sucinta e rápida possível. Caso o entrevistador queira mais algum detalhe, ele vai pedir.
Para terminar, qual é sua maior conquista pessoal?
Eu venho de uma camada muito pobre da sociedade. Nasci numa época em que só havia pobres e ricos. Não havia classe média. Todas as pessoas com quem convivi eram humildes, como eu. A minha grande conquista pessoal é que todas essas pessoas continuam sendo meus amigos e, felizmente, elas me dizem que eu não mudei durante todos esses anos.
Assista à integra desta entrevista no material multimídia abaixo
Fonte Diário do Nordeste