no centro
Com as ruas do Centro tomadas pelo comércio informal, donos de lojas denunciam a inoperância dos poderes públicos
A menos de 15 dias para o Natal, o tempo é de compras na cidade. No Centro, as lojas estão lotadas e as ruas repletas de consumidores ávidos para comprar e ambulantes ansiosos para vender. Tudo estaria bem não fosse o fato de o comércio nas calçadas e vias públicas acabarem provocando a desorganização do espaço – as pessoas precisam andar espremidas entre as mercadorias – e, claro, prejuízos para os lojistas que estão reclamando.
Eles criaram o “Grito dos comerciantes legais” e ameaçam fazer um ato, em data ainda a ser definida, em que as lojas do Centro trabalharão à “meia porta” durante um dos períodos comerciais.
Conforme o presidente da Associação dos Empresários do Centro de Fortaleza (Ascefort), Maia Júnior, a ideia é demonstrar a insatisfação com o descaso do poder público municipal e a ausência de ação do poder estadual, no que lhe compete: o disciplinamento de comércio informal e da feira livre que se apropria do espaço público no Centro todos os dias da semana.
Só para se ter uma ideia, agora para este ano, a expectativa do Sindicato dos Lojistas de Fortaleza (Sindilojas) é de que as vendas, em Fortaleza, superem em 15% as do mesmo período do ano passado. Enquanto no Centro, a previsão é de aumento de 5,6%, número bem menor que do ano passado, quando o acréscimo foi de 9,7%. Essa disparidade causa desconforto nas lideranças empresariais lojistas que decidiram pelo movimento.
No documento de criação do “Grito”, os comerciantes denunciam a inoperância dos poderes municipal, estadual e federal pela permissividade da “avalanche de comércio informal do Centro”. Segundo afirmam, a informalidade sobrepõe em mais de duas vezes o faturamento da economia formal da área. Em protesto, os empresários farão um ato, em data a ser definida, em que as lojas do Centro trabalharão à “meia porta”.
“No Centro tem ambulantes novos todos os dias se instalando nas principais ruas ou praças, às vezes com aval do poder público municipal, como é o caso da Praça da Estação, em frente a um patrimônio federal tombado”, diz o presidente da Ascefort, Maia Júnior.
Luiza Perdigão, titular da Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor), considera legítimo o grito dos comerciantes legais do Centro, mas reforça que o poder público está levando adiante o plano de reordenamento do Centro que tem como objetivo retirar os ambulantes das ruas e colocá-los em locais adequados de venda, através da inclusão da economia do camelô. Mas, lembra que isso não se faz do dia para a noite.
“Temos esse compromisso com o reordenamento, mas queremos construir isso de forma duradoura para a cidade e paliativa. Acho que estamos no caminho certo”. Na visão da gestora o ato dos empresários além de legítimo é necessário, pois chama o poder público para a necessidade de formalizar o comércio ambulante. Diz ainda que a política dessa gestão tem os ambulantes como um dos atores, assim como os consumidores, pedestres e comerciantes legais.
De acordo com a Sercefor, existem no Centro 2.623 vendedores ambulantes identificados pelo município. Eles são monitorados, diariamente, por 30 fiscais e 150 auxiliares de fiscais circulam, que ficam em pontos estratégicos para inibir a ocupação de espaços públicos. No Parque das Crianças, a calçada da Rua Solon Pinheiro ainda está demarcada, indicando o espaço de cada ambulante. Contudo, por causa da fiscalização ostensiva, nenhum foi visto no local.
Linha Vermelha
A medida é reflexo da Operação Linha Vermelha, que desde o último dia 21, vem desocupando calçadas, logradouros e vias de 13 pontos históricos e culturais do Centro. Dentre eles: Casa Juvenal Galeno, Museu do Ceará, Praça dos Leões, Igreja da Sé, Passeio Público, Igreja São Bernardo, Museu das Secas, Instituto Histórico Geográfico, Parque das Crianças, Santa Casa de Misericórdia e o Theatro José de Alencar (TJA).
Perdigão frisa que essa operação tem uma função muito importante, pois além de beneficiar alguns bens históricos que contarão com a fachada liberada tem ainda uma função educativa, pois é o poder público quem determina o local onde os ambulantes poderão atuar.
Número
2.623 vendedores ambulantes estão espalhados pelo Centro de Fortaleza, de acordo com a Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor).
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1082096