Impedida pelo crescimento menor da economia nacional e pelos efeitos da crise internacional, a criação de empregos no Ceará no ano passado não conseguiu superar o expressivo resultado obtido em 2010. Mas, mesmo em um cenário menos favorável, o Estado, municiado pelos bons desempenhos de comércio e serviços, gerou 56.413 novos postos de trabalho com carteira assinada. Esse resultado ficou, inclusive, acima de projeções como a do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que estimava 45 mil. No total, 517.229 pessoas foram admitidas, enquanto 460.816 se desligaram. As informações pertencem ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de 2011 e foram divulgadas ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).”Todos os indicadores industriais já vinham mostrando um arrefecimento, e a economia como um todo vem crescendo menos. Isso acabou impactando o mercado de trabalho”, avalia o coordenador de estudos e análise de mercado do IDT (Instituto de Desenvolvimento do Trabalho), Erle Mesquita.Queda de 33%
Os números de 2011 caíram quase 33% ante o ano imediatamente anterior e, conforme ressalta Erle, são um pouco melhores do que os apresentados em 2008 (41 mil novos empregos), período prejudicado pela crise financeira internacional. A partir de 2009 (64 mil), lembra, houve uma significativa melhora, culminando com a marca máxima de 2010 (84 mil).
Em dezembro, mês em que, historicamente, há mais demissões do que admissões, o Estado perdeu um contingente de mais de 6.500 empregos.
O Ceará continua sendo o terceiro estado da região Nordeste que mais proporcionou oportunidades, abaixo da Bahia, com 76 mil, e do líder Pernambuco, com mais de 89 mil. Em âmbito nacional, o mercado de trabalho cearense perdeu uma colocação para Goiás, caindo para o décimo lugar no ranking.
Dos setores que mais pesam no resultado cearense, nenhum conseguiu gerar mais postos formais em relação a 2010.
Setores
Mesquita destaca, contudo, serviços (com 27.683 trabalhadores a mais) e comércio (17.813) por terem obtido resultados semelhantes aos do ano recorde (33 mil e 20 mil, respectivamente). A construção civil, por exemplo, teve queda de 58,34% em novas vagas, saindo de 16,1 mil para 6,7 mil.
No entanto, a indústria de transformação amargou o pior desempenho, com retração de 88% ante 2010. Foram apenas 1.700 postos no ano passado contra mais de 14 mil gerados em 2010. Os principais responsáveis foram a indústria de calçados – que teve saldo negativo de 2.098 pessoas no Estado – e têxtil, cujos desligamentos superaram as contratações em 964 vagas. “Temos uma concentração muito grande nesses dois setores que são muito fortes aqui no Ceará. Inclusive, essas fábricas são muito interiorizadas, o que acabou influenciando negativamente o emprego no Interior”, avalia Mesquita.
Já os empregos na agropecuária evoluíram no Estado, apesar de não terem muita expressão no mercado de trabalho estadual. 1.472 pessoas entraram para o trabalho formal nesse ramo, enquanto em 2010, foram perdidos 1.178 postos.
Capital concentra
Dos 56 mil novos empregos formais no Estado, 42 mil foram gerados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o que equivale a 75% das oportunidades criadas. Assim como no dado cearense, serviços (22,7 mil) e comércio (11,8 mil) também se sobressaíram.
Indústria em baixa
“Os indicadores industriais vinham mostrando queda e a economia crescendo menos. Isso impactou”.
Erle Mesquita
Coord. de estudos e análise de mercado – IDT
Cenário de 2012 é favorável ao crescimento
Para este ano, o mercado consumidor brasileiro deve garantir um cenário favorável à economia, fazendo com que cresçam as oportunidades de trabalho. A avaliação é de Erle Mesquita, coordenador de estudos e análise de mercado do IDT.
“A perspectiva para 2012 é de crescimento, dado o mercado interno que continua aquecido”, projeta, sem projetar um resultado para o fim do ano. Para ele, até 2014 pelo menos, os números devem ser positivos para o mercado cearense. “A Copa do Mundo vai movimentar uma série de setores. Muitas vagas serão criadas”, diz.
Como desafio para este ano, ele cita a diminuição da rotatividade dos profissionais. De acordo com ele, 55% das pessoas que são demitidas têm, no máximo, um ano de emprego.
No País
Ao anunciar os resultados nacionais da geração de empregos globalizada em 2011, que foram inferiores em relação aos de 2010, o Ministério do Trabalho e Emprego informou que as perspectivas para 2012 também são favoráveis, assim como no Ceará. A pasta manteve a estimativa de criação de 2 milhões de postos de trabalho neste ano, distante ainda do resultado recorde de 2010, quando foram abertas 2,5 milhões de vagas.
A expectativa do economista Fábio Romão, da LCA Consultoria, é de que a retomada do crescimento econômico e a queda dos juros ajudem na recuperação do mercado de trabalho, principalmente na indústria. “A minha projeção é de um ano melhor a partir do segundo trimestre”, destacou.
O economista da CM Capital Markets Mauricio Nakahodo também aposta na recuperação gradual do mercado nos próximos meses e citou como variáveis de propulsão o afrouxamento dos juros e medidas de estímulo ao crédito e ao consumo. Para a equipe do BNP Paribas, o mercado de trabalho continuará robusto e poderá até pressionar os salários e a inflação de serviços.
Turbulência deixa 27 mi de desempregados desde 2007
São Paulo O mundo tem hoje 27 milhões de trabalhadores desempregados a mais do que em 2007, quando começou a crise econômica global, segundo dados divulgados nesta terça-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Um relatório da entidade afirma que o mundo enfrenta um “desafio urgente” de criação de empregos. A OIT estima que será necessário gerar 600 milhões empregos ao longo da próxima década, para manter níveis de crescimento sustentável e coesão social. “Depois de três anos de crise contínua em mercados mundiais de trabalho e diante das perspectivas de deterioração da atividade econômica, há um estoque de desemprego mundial de 200 milhões”, afirma o documento Tendência Globais de Emprego 2012.
Entre 2007 e 2010, a proporção de pessoas empregadas no mundo, em comparação com a população total, teve a maior queda registrada nas estatísticas: de 61,2% para 60,2%.
A entidade estima que, ao longo da próxima década, 40 milhões de pessoas entrarão no mercado de trabalho a cada ano. Seria, portanto, necessário gerar 400 milhões de empregos novos para absorver essa massa de trabalhadores, e mais 200 milhões para lidar com o atual estoque de desempregados.
Condições dignas
A OIT afirma que não basta apenas gerar vagas para os desempregados. É preciso também criar vagas mais dignas para pessoas que já são consideradas hoje empregadas. O relatório indica que 900 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, com renda familiar até US$ 2 por dia, a maioria delas nos países em desenvolvimento.
Pobreza
“Apesar de grandes esforços dos governos, a crise de empregos continua inalterada, com um em cada três trabalhadores no mundo – ou cerca de 1,1 bilhão de pessoas – ou desempregada ou vivendo na pobreza”, diz o diretor-geral da OIT, o chileno Juan Somavia. “O que se precisa fazer é transformar a geração de empregos na economia real na nossa prioridade número um”.
A entidade afirma que a recuperação do mercado de trabalho mundial, esboçada em 2009, foi curta, e o mundo já voltou a um cenário negativo. Os mais afetados são os jovens, de acordo com o relatório da OIT.
1,9 mi de novos empregos no País
Brasília O aumento dos juros e a adoção de medidas para travar o crédito, adotadas no início de 2011, tiveram um efeito retardado sobre o mercado de trabalho formal, fazendo com que o setor perdesse o ritmo de crescimento ao final do primeiro ano do governo Dilma Rousseff.
Além disso, a piora da crise mundial contribuiu para que o País não chegasse nem a 2 milhões de novas vagas e atingiu em cheio setores vulneráveis ao comércio externo, como calçados e têxteis.
Redução de 23%
No ano passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, foram criados 1,944 milhão de empregos, o que representa uma redução de 23,5% em relação à criação recorde de vagas vista em 2010, um total de 2,543 milhões de postos com carteira assinada. Mesmo assim, 2011 é o segundo melhor resultado da história. A desaceleração da abertura de postos foi generalizada em todas as regiões brasileiras, assim como em todos os setores de atividade na comparação com 2010.
O baque mesmo foi sentido no setor de confecções, que, ao longo do ano, mais demitiu do que contratou funcionários. O governo já se deu conta do problema e prometeu lançar medidas que incentivem especificamente o setor.
Dezembro negativo
A piora do desempenho do emprego foi acentuada no mês passado, quando o saldo ficou negativo em 408 mil postos. O dado não é uma surpresa, porque nos meses de dezembro sempre há mais desligamentos do que contratações. Para o Ministério do Trabalho, o resultado negativo no último mês do ano é uma soma de vários fatores, como entressafra agrícola, término do ciclo escolar e até esgotamento da “bolha de consumo”.
VICTOR XIMENES
REPÓRTER
A carga fiscal elevada e a rigidez das leis trabalhistas contribuem para o aumento da informalidade. Esse é um problema grave do emprego no Brasil. Primeiro porque deixa o trabalhador sem assistência. Já para o governo e para a sociedade significa uma grande perda de arrecadação do ponto de vista previdenciário”, a informalidade no Centro da cidade de Fortaleza segundo pesquisa da Sercefor diz que são 2.523 estabelecidos no espaço público. Por conta da inoperância no disciplinamento vem deixando um rastro de mais de 7 mil desempregos formai. (cada um informal desemprega dois formai).