De acordo com estudo do BNB, 5,2% dos consumidores da Capital cearense estão inadimplentes
Os consumidores fortalezenses apresentaram, em fevereiro, a maior taxa de inadimplência entre as capitais nordestinas. De acordo com estudo do Banco do Nordeste (BNB) – por meio do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) -, 5,2% da população da Capital não conseguiram arcar com suas dívidas no mês passado. Na média da região, o percentual cai para 3,2%. Natal, cidade com a mais baixa proporção de inadimplentes, registrou taxa de somente 1,1%, 4,1 pontos percentuais abaixo de Fortaleza.
O Nordeste como um todo teve queda de 41,8% na inadimplência, de janeiro a fevereiro deste ano, refletindo a redução de gastos sazonais de final e início de ano e também a cautela dos consumidores diante da redução dos níveis de atividade econômica, segundo avaliação do estudo.
Em atraso
Além dos inadimplentes (considerados aqueles que não terão condições de pagar, na data do vencimento, dívidas a vencer no mês em curso), há ainda os que possuem dívidas em atraso, caso de 17,8% dos que responderam na Capital.
Conforme análise do Etene, os dados mostram que cada uma das cidades nordestinas analisadas tem um perfil financeiro diferenciado. Apesar da liderança no percentual de inadimplentes, Fortaleza tem taxas de endividamento inferiores às de outras capitais, como Teresina, Maceió e São Luís. Na cidade cearense, diz o levantamento, 65,5% dos entrevistados tinham algum tipo de dívida em fevereiro.
Ainda assim, no comparativo com a média da região (58,2%), Fortaleza se posiciona acima neste indicador.
Nível não preocupa
“Apesar de não preocupante, a taxa de endividamento dos consumidores se mostra alta, principalmente, porque parte das dívidas é financiada com uso do cartão de crédito”, aponta a pesquisa. Os fortalezenses apresentaram, ainda, um comprometimento de renda de 25,3%.
A alimentação foi o item que mais pesou na contração de dívidas por parte dos nordestinos, com 37,3%. Educação e vestuário, ambos com 24%, apareceram em seguida.
Cartão lidera
Na hora de realizar o pagamento, 70,6% optam pelo cartão de crédito. Em Fortaleza, para se ter uma ideia, somente 0,5% da população apelaram para o cheque especial em fevereiro para quitar dívidas. De acordo com o economista José Varela Nonato, responsável pelo estudo, o cartão é uma forma de crédito fácil e imediata, mas oferece grande risco de acúmulo de dívidas por conta dos juros altos.
Para ele, trocar uma dívida por outra com juros mais baixos pode ser uma boa alternativa para quem quer sair do vermelho. “Talvez um empréstimo consignado seja uma opção mais interessante para se livrar dos juros do cartão de crédito”, sugere.
Controle financeiro
Mesmo apresentando dados superiores em relação à inadimplência, o consumidor da Capital cearense está, paradoxalmente, entre os que mais controlam seus rendimentos e gastos mensais. 74,2% disseram equilibrar suas finanças, pensando no orçamento. Somente Salvador e Aracaju tiveram números melhores, 86,1% e 87,8%, respectivamente. “As pessoas precisam ter controle dos gastos. A educação financeira é fundamental para esse controle, assim como o uso responsável do crédito”, afirma Narciso Sobrinho, superintendente do Etene.
“O desequilíbrio financeiro é o principal motivo para o atraso de pagamento”, diz o estudo, que também cita a incapacidade de administrar as finanças pessoais como um fator influente. 22,9% no Nordeste acabaram em dificuldades porque não fizeram ou realizaram de modo ineficaz seu controle de gastos. Já em 14,7% dos casos, os problemas surgiram por conta do aumento de despesas essenciais ou surgimento de gastos imprevistos.
VICTOR XIMENES
REPÓRTER