Notícias

Perda lamentável – EDITORIAL do DN

By 24/06/2012No Comments

EDITORIAL
No momento em que Fortaleza atravessa uma fase em que escasseiam promoções artísticas de alto nível, inclusive pelo fechamento de instituições que promoviam eventos no gênero, repercute de forma negativa a notícia de que, pela primeira vez, a Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente (Edisca) se vê obrigada a dispensar dezenas de alunos, todos eles jovens plenos de idealismo e amor às artes.

Pela necessidade de cortar custos, em face do déficit em torno de R$ 886,5 mil, registrado no ano de 2011, a nacionalmente conceituada organização não governamental teve de mandar oito funcionários e 60 alunos de volta para casa, do total de 380 crianças e adolescentes ansiosos por desenvolver o talento da dança e, em consequência, obter no futuro chances concretas de efetiva integração social. As aulas na Edisca tiveram também de terminar mais cedo, o que resulta em mais reduzido trabalho de aperfeiçoamento e aprendizado, além de a escola não funcionar mais às sextas-feiras.

Em 21 anos de existência, nunca antes a Escola de Dança e Integração Social para Criança e Adolescente atravessara situação tão difícil, em sua missão de atender jovens de oito a 19 anos em situação de risco, residentes em cinco comunidades da periferia de Fortaleza. Esse corte se torna ainda mais sensível quando se tem conhecimento ser a referida companhia uma referência internacional, sempre a dignificar a cultura cearense, tendo apresentado seus espetáculos, com aplausos do público e da crítica especializada, em várias cidades do País e do exterior.

O problema decorre, em parte, das crises econômicas ocorridas na Europa e nos Estados Unidos, de onde provinham recursos substanciais para a manutenção da ONG em questão. A brusca suspensão ocorreu, segundo o entender da professora Dora Andrade, criadora e diretora da Edisca, até pelo fato de esses países estrangeiros, anteriormente provedores de recursos, agora acreditarem que o Brasil já possui suficiente estrutura intelectual e financeira para suprir com eficiência as necessidades de seus setores culturais. Vários investimentos, antes destinados a instituições brasileiras, agora migram para países subdesenvolvidos da Ásia e da África.

Apesar de ainda contar com patrocínios públicos e privados, além de parceiros estratégicos, a Edisca viu abalado o orçamento necessário para sua manutenção, que inclui transporte, alimentação dos alunos, fardamento, programas de nutrição e saúde, afora outros benefícios sociais que fazem o orçamento anual girar em torno de R$ 1,2 milhão. A retirada das 60 crianças representou um golpe doloroso no histórico da escola, fato lamentável numa época carente de iniciativas dessa natureza.

O Ceará tem tradição no campo da dança clássica e moderna, desde o pioneirismo dos professores Hugo Bianchi e Regina Picanço Passos, até as inúmeras academias particulares de balé na cidade. Ressalte-se também a importância do professor Dennis Gray, que através do seu trabalho no Sesi local projetou para o mundo o talento de jovens cearenses vocacionados para a arte da dança.

Lamentavelmente, na mentalidade de pessoas que, por injunções políticas, são designadas para atuar em entidades culturais, o setor artístico é considerado de caráter secundário ou, mesmo, supérfluo, ao contrário da consciência civilizada de que a base cultural é algo indissociável do conceito de desenvolvimento de um País e indicador de elevação em sua prosperidade econômica.

Fonte Diário do Nordeste

ARTIGOS
Ah! Se eu te pego O Decon tem se dedicado praticamente apenas à defesa de interesses unitários, deixando de lado as grandes questões coletivas. Para os fornecedores isso é ótimo. Pagam uma multa aqui, outra acolá, e assim livram-se dos danos causados a um sem-número de pessoas. Mecanismos valiosos de defesa plural dos consumidores são esquecidos. Esquecidos também ficam os consumidores, considerados em sua coletividade. Para que …

Leave a Reply