EM JUNHO
Estuda aponta que em junho o índice caiu 0,9% na região, mas nas demais localidades do País o recuo foi maior
Impulsionado pelas melhorias nas condições do crédito na economia, influenciadas pela queda da taxa básica de juros (Selic) e spreads bancários, o registro de inadimplentes desacelerou em todas as regiões do Brasil em junho, na comparação com o mês anterior, de acordo com dados da Boa Vista Serviços, que desconsidera ajustes sazonais. O Nordeste, porém, foi onde o índice menos caiu, tendo recuado 0,9% no período, enquanto outras regiões como Norte e Centro-Oeste registraram quedas de 3,8% e 2,4%, respectivamente.
“O fato da inadimplência ter desacelerado já é motivo para comemoração, independente de quanto foi a queda. Acredito que, com a injeção de recursos do Governo nesse segundo semestre para as linhas de crédito, a tendência é que o número de inadimplentes continue desacelerando ao longo de 2012”, comenta o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Freitas Cordeiro.
No Brasil, a quantidade de novos registros de inadimplentes diminuiu 1,4% em junho na comparação com maio deste ano. Nos doze meses encerrados em junho houve avanço de 15,6%, comparado aos doze meses findos em junho de 2011. Por outro lado, quando comparado a junho do ano passado, o indicador apresentou leve alta de 2,3%, evidenciando assim sua desaceleração quando analisado no médio/longo prazo.
Se levado em conta apenas o setor varejista, a quantidade de novos registros de inadimplentes contrariou o indicador geral, com uma elevação mensal de 3%. Destaca-se a região Sul, que apresentou alta de 7,8%, descontados os efeitos sazonais. Nordeste e Sudeste avançaram 2,6% no período, enquanto Centro-Oeste e Norte registraram alta de 1,6% e 0,2% respectivamente.
Recuperação de crédito
O indicador de recuperação de crédito – obtido a partir da quantidade de exclusões dos registros de inadimplentes – avançou 3,3% em relação a maio, descontados os efeitos sazonais. Após uma retração no mês anterior na comparação com abril, o crescimento deste mês mantém a tendência de crescimento em 2012, indicando que um maior número de consumidores busca estar em dia com suas obrigações quando comparado a 2011. O acumulado dos últimos doze meses em relação aos doze anteriores mostra uma alta de 13,8%.
“Ninguém quer estar endividado. Aqueles que estão inadimplentes chegaram nessa situação porque se planejaram mal ou por conta de algum eventual imprevisto. As pessoas estão cada vez mais conscientes que precisam arcar com suas obrigações”, diz Freitas Cordeiro.
O Nordeste foi a região que apresentou a maior variação mensal, avançando 5,7% no mês de junho, expurgado o efeito sazonal. Já a Centro-Oeste manteve-se próximo à estabilidade, crescendo 0,3%. O Sudeste, maior balizador do indicador nacional, evoluiu 3,3% no mês de junho e 15,1% no agregado dos últimos doze meses contra os doze anteriores.
Mais cheques sem fundo no mercado
São Paulo. A taxa de cheques sem fundos atingiu, no primeiro semestre, o maior patamar para o período dos últimos três anos, ao ficar em 2,07% do total de documentos compensados. O percentual só ficou abaixo do apurado em 2009, quando o índice ficou em 2,3%, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos.
No último mês de junho, o total de documentos compensados pelas instituições financeiras atingiu 72,4 milhões, dos quais 2,02% não tinham fundos. Em maio, o volume compensado ficou em 78,9 milhões, com 2,2% de devoluções, e, em junho do ano passado, em 83,7 milhões, com 1,93% de cheques sem fundo.
Roraima foi o estado que apresentou o maior índice de cheques devolvidos no primeiro semestre, 15%. Em sentido oposto, São Paulo teve a menor taxa, 1,54%.
Endividados
O economista Carlos Henrique de Almeida, da Serasa Experian, explicou que a movimentação de cheques sem fundos reflete a situação de endividamento da população e está associada um tipo de comportamento do consumidor para driblar o orçamento mais apertado. “O consumidor gastou muito e, para poupar o limite do cartão de crédito, muitas vezes ele recorre aos cheques pré-datados”. Na avaliação de Almeida, o critério adotado pelo mercado financeiro na concessão de crédito destoa do ideal para manter as finanças pessoais mais saudáveis. O economista lembrou que as instituições levam em conta o comprometimento de 30% da renda, o que, para ele, é um percentual alto.
Fonte: Diário do Nordeste