CENTRO
Apesar das ações de regularização do comércio informal, ambulantes ainda ocupam o espaço público
Em tempos de shoppings centers, é impressionante como o Centro ainda se mantém como a principal opção dos fortalezenses. “Aqui a gente consegue encontrar tudo e tem muitas opções”, afirma a dona de casa Aldenora Moraes, 62. A estimativa é de que entre 300 e 400 mil pessoas passem pelo bairro diariamente.
Muito da força desse comércio está nas mãos do mercado informal, que se encontra espalhado nas ruas e praças da região. Segundo a Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor), são 2.693 ambulantes trabalhando diariamente no bairro.
Apesar de ações da Prefeitura para reordenar o comércio informal na região, o problema ainda persiste. Basta caminhar um pouco pelas calçadas e praças para ser obrigado a desviar das barracas com todo tipo de produto: de roupas a eletrônicos, passando pelos CDs e DVDs piratas.
A praça José de Alencar é a que possui a mais pujante vida gastronômica e cultural do Centro. É gente quebrando coco na cabeça, fazendo show de mágica, além de inúmeras atividades religiosas (para todos os credos). O supervisor industrial Luis Linhares, 53, mora em São Paulo há oito ano e aproveitou uma visita à família na Capital para “turistar” no Centro. “Está muito bagunçado. É muito camelô e sujeira. isso atrapalha o passeio das pessoas e a paisagem da cidade”, comenta.
Já nos arredores do Parque da Liberdade (Parque das Crianças), a grande aglomeração de camelôs deu lugar a calçadas livres para o passeio de pedestres. Porém, vendedores de CDs e DVDs piratas continuam ocupando indevidamente o local.
“Esse é um grupo complicado de trabalhar. Não temos a capacidade de enfrentá-los e precisamos da ajuda dos órgãos oficiais (de segurança) do Estado. E é uma atividade que a gente não pode acolher, porque é ilegal”, afirma a secretária do Centro, Luiza Perdigão.
Reformas
Após um ano de espera, as praças do Carmo e Capistrano de Abreu (Lagoinha) finalmente veem a reforma ganhar ritmo. “As obras fizeram diminuir muito o número de frequentadores (da Igreja do Carmo), principalmente de idosos e pessoas com necessidade especiais. Mas a gente espera que, com a conclusão das obras, melhore o acesso, pois antes não tinha essas rampas”, afirma o pároco da igreja, monsenhor João Jorge.
Já os ambulantes que foram realocados para a praça Castro Carreira (Estação) aguardam ansiosos pela finalização do chamado Beco 2, na rua Princesa Isabel. “Aqui é muito parado e ainda tem o incômodo do calor. A gente espera que lá (no novo prédio) seja melhor porque é mais central”, afirma a ambulante Edlaine Farias, 42.
A Prefeitura anunciou a construção de três Centros Populares de Compra no Centro, através de parceria público-privada. A Prefeitura vai realizar a desapropriação dos imóveis na rua Princesa Isabel (Beco 2) – já indenizados – e nos antigos prédios do Acaiaca Mall – rua General Sampaio – e Arca D’Aliança – rua Barão do Rio Branco. A iniciativa privada ficará responsável por construir e gerir os equipamentos. A escolha será feita por meio de licitação e o investimento é da ordem de R$ 90 milhões. Com isso, serão criadas três mil vagas para os ambulantes, o que atende a demanda atual do bairro. Porém, obras só devem inciar no próximo ano.
ENTENDA A NOTÍCIA
O espaço público no Centro – como calçadas e praças – ainda é ocupado indevidamente pelo comércio informal. Prefeitura anuncia a construção de três camelódromos para resolver o problema.
Serviço
Para fazer reclamações sobre problemas urbanos no Centro de Fortaleza, você deve ligar para a ouvidoria da Sercefor, pelo telefone (85) 3226 5059.
Situação das praças
Praça do Carmo
A reforma foi iniciada em junho de 2011 – com previsão de 150 dias – e ainda não foi concluída. A Sercefor diz que houve problemas no repasse dos recursos federais, mas se compromete a entregar a obra até agosto. Atualmente, só bancas de jornais funcionam no entorno
Parque da Liberdade (Parque das Crianças)
Antes, ambulantes tomavam as calçadas do entorno. Com o projeto “Linha Vermelha”, o entorno de 13 bens históricos foi desocupado. Entre eles, estão as calçadas do entorno do Parque da Liberdade. A maioria dos ambulantes saíram, mas vendedores de CDs e DVDs piratas permanecem no local.
Praça Coração de Jesus
No entorno da Igreja do Sagrado Coração, a maioria dos ambulantes vende comida. Mais de 70 comerciantes informais já foram retirados. Os que ficaram, segundo Luiza Perdigão, são permissionários que possuem autorização para trabalhar
Praça Murilo Borges (BNB)
Uma das mais bem cuidadas praças da cidade é ocupada por vendedores de roupas, brinquedos e artesanato. Segundo a Sercefor, é a única autorização existente para funcionamento de feira em praças do Centro, pois é um projeto da Prefeitura que estimula a economia solidária.
Praça do Ferreira
A praça é exemplo de controle urbano do espaço público .No local, existem apenas as bancas de jornais e revistas, situadas em boxes regulamentados. Porém, a principal atração do local, a Coluna da Hora, continua sem funcionar.
Praça Capistrano de Abreu (Lagoinha)
A praça foi fechada para reformas em abril de 2011.Os ambulantes que trabalhavam no local foram realocados para a Praça da Estação. O prazo para o fim das intervenções é setembro deste ano.
Praça José de Alencar
Local é uma das maiores aglomerações de comércio ambulante do Centro. Alguns dos vendedores informais de comidas e flores possuem autorização da Prefeitura para trabalhar. Não há previsão de reforma da praça José de Alencar. Serão feitas, apenas, restaurações e reparos.
Praça Castro Carreira (Estação)
A praça tornou-se um dos principais polos para venda de confecção, mas também são comercializados celulares e eletrônicos. Devido à grande quantidade de ambulantes , a praça está praticamente intrafegável para os pedestres. Comerciantes serão retirados para o Beco 2.
Fonte Jornal O Povo