PIOR DESDE 2009
Pouco mais de 9.900 empregos foram gerados nos seis primeiros meses deste ano no Estado
O Ceará continua criando vagas de trabalho, mas, por conta do nítido arrefecimento da economia nacional, o ritmo de ampliação do mercado de trabalho está mais lento. Nos seis meses iniciais deste ano, o Estado – colhendo os frutos pouco suculentos da crise que se instalou em partes do mundo e afetou o Brasil – obteve o pior resultado para o primeiro semestre desde 2009. Foram criados 9.979 postos formais, contra 20.352 em igual período de 2011, o que significa uma diminuição de 50,9% no saldo (diferença entre contratações e demissões) de empregos.
Os dados estão presentes no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e foram divulgados, ontem, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
2º do Nordeste
Ao todo, no acumulado de janeiro a junho, 243.921 profissionais foram admitidos no Estado, enquanto 233.942 acabaram desligados de suas funções.
Mesmo com números menos sólidos, o Ceará conseguiu a segunda maior geração de empregos formais do Nordeste, perdendo para a Bahia (30.334). Pernambuco não passou de 8.800 novos postos, enquanto Alagoas lamentou a perda de mais de 37 mil empregos
Peso negativo
Conforme Erle Mesquita, coordenador de Estudo e Análise de Mercado do IDT (Instituto de Desenvolvimento do Trabalho), para o enfraquecimento do desempenho, favoreceram, preponderantemente, os setores de indústria de transformação e construção civil. O primeiro fechou mais de 2 mil vagas formais no primeiro semestre; e o segundo amargou saldo negativo de 780. Somente na indústria de calçados, 2.243 trabalhadores perderam seus empregos.
De acordo análise de Mesquita, o mercado de trabalho local não deixou de absorver profissionais, mas agora faz isso com menor intensidade.
Serviços ainda em alta
Na outra ponta, influenciando positivamente as estatísticas, está o setor de serviços, que tem tradicional força no Ceará.
Mesmo em um cenário desfavorável, criou quase 13 mil postos na primeira metade deste ano, pouco abaixo dos 14 mil verificados no ano passado. Destacam-se as performances no segmento de serviços médicos e odontológicos (com mais de 3 mil vagas) e também imobiliário (saldo de 4.456 postos).
Outra atividade com grande potencial no Estado, o comércio (varejista e atacadista) teve baixa participação no primeiro semestre, somando apenas pouco mais de 600 vagas.
Concentração
Do total de 9.979 de saldo no semestre, 9.621 (ou 96,4%) foram contabilizadas na Região Metropolitana de Fortaleza, de acordo com o MTE.
Levando-se em conta apenas o mês de junho, obteve-se o melhor resultado do ano no Ceará, de acordo com o Ministério do Trabalho. Ainda assim, este foi o pior desempenho para o mês nos últimos cinco anos. O saldo foi de 3.926, com 41.341 contratados e 37.415 demitidos. Serviços foram responsáveis por cerca de 75% dessas novas ocupações, superando 2.900 novos postos formais.
Agropecuária
Outro destaque vai para a agropecuária, com 1.018 a mais. De acordo com Erle Mesquita, este setor, costumeiramente, celebra bom desempenho no meio do ano, principalmente na região do Perímetro Irrigado e Baixo Jaguaribe. Somente no município de Icapuí, foram geradas 254 oportunidades no mês passado. Quixeré, Aracati e Russas vieram em seguida.
120 mil postos gerados no País
Brasília. O saldo líquido de empregos criados com carteira assinada no Brasil foi de 120.440 em junho, conforme informou na manhã de ontem o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelaram que assinaram contratos formais 1.732.327 trabalhadores no mês passado, enquanto 1.611.887 foram desligados.
Este foi o pior saldo líquido para o mês desde 2009, auge dos impactos da crise financeira internacional sobre o Brasil, quando somou 119.945.
No acumulado do primeiro semestre, o volume de contratações formais é de 1.047.914 postos, levando em conta os ajustes já feitos nos meses anteriores, que incluem as declarações entregues pelas empresas ao MTE fora do prazo.
Na comparação com o mesmo mês de 2011, o saldo líquido de empregos gerados com carteira assinada no Brasil em junho registrou um recuo de 52,85%, levando em conta os dados ajustados com as entregas das informações pelas empresas fora do período estipulado pelo MTE.
No mês passado, foram criadas 120.440 vagas formais, ante 255 418 vistas em junho do ano passado, com ajuste. Sem ajuste, o saldo estava em 215.393. Tendo essa última informação como base de comparação, a queda é de 44,08% no período.
A indústria de transformação foi positiva para os trabalhadores em junho, mas contratou apenas 9.968 a mais do que demitiu no período. O “resultado modesto”, como admitiu o próprio ministério em seu site, é fruto de um saldo positivo em apenas seis de seus 12 ramos.
Principais perdas
Conforme os dados do Caged, os principais saldos positivos do setor ocorreram na indústria de produtos alimentícios (9.349 postos) e na indústria química (2.676 vagas). Já os negativos foram observados na indústria metalúrgica (-1.785) e na de material de transporte (-1.064).
A agricultura voltou a liderar a geração de postos de trabalho formais em junho, conforme dados do Caged. No setor, o saldo líquido de contratações – já descontadas as demissões do período – foi de 60.141. De acordo com o MTE, o resultado foi fortemente influenciado pelo cultivo de café (24.079).
Já o setor de Serviços, que era o que mais vinha criando vagas com carteira assinada no primeiro semestre, foi responsável pela geração de 30.141 postos no mês passado. Conforme o Caged, houve expansão do mercado de trabalho no setor em cinco dos seis ramos de atuação, com destaque para alojamento e alimentação (14.718 postos) e serviços médicos e odontológicos (8.215). Já ensino teve queda de 3.089 vagas – conforme o ministério, por questões sazonais.
VICTOR XIMENES
REPÓRTER
Fonte Diário do Nordeste
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