CENTRO
Apesar de ordem judicial, uma multidão se formou no entorno da Praça da Sé, provocando engarrafamento
O fluxo de vendedores na Rua Conde D´eu e Avenida Alberto Nepomuceno, no Centro, era intenso na manhã de ontem. O comércio no local é proibido. A Prefeitura de Fortaleza, inclusive, já havia cumprido uma decisão judicial, no mês de agosto, que determinou a desocupação do entorno da Praça da Sé.
Porém, devido à ausência dos fiscais da Prefeitura, muitos vendedores desobedeceram a ordem judicial e aproveitaram o momento para comercializar produtos. Uma multidão se formou nas ruas e calçadas do local.
Sem a presença da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC), o trânsito ficou prejudicado, formando grande engarrafamento e deixando muitos motoristas irritados.
O empresário Evandro Damasceno, 58, estava programando uma visita com seus parentes, vindos de Manaus, no Mercado Central. E, como muitos, acreditava que o problema já estava solucionado. “Pensava que não existia mais a feira. Nada contra o comércio dos ambulantes, mas a Prefeitura poderia, pelo menos, colocar agentes de trânsito para organizá-lo”, lamentou.
Do lado dos ambulantes, o clima era de satisfação. O comerciante de bolsas, blusas e bermudas André Alves, 37, comparece todas as quintas, sextas-feiras e domingo. Segundo ele, sem a presença dos “rapas”, apelido dado por eles aos fiscais da Prefeitura, as vendas chegam aumentar cerca de 60%.
“Sem eles aqui fiscalizando, podemos trabalhar em paz e sem aquele medo de perder as mercadorias, o que sempre é desastroso”, explica.
Outro que comemorava era o ambulante Madson Viana, 32, que há cinco anos trabalha no local. Com o fim do ano, pretende ter um lucro bem maior do que nos meses de outubro e novembro, que segundo ele, não foram satisfatórios, devido à presença constante dos fiscais.
“Houve inúmeros motivos para a queda nas vendas. A fiscalização, a perda da mercadoria e a falta de dinheiro foram preponderantes para o insucesso nos últimos dois meses. No entanto, se a fiscalização não acochar daqui para dezembro, todos teremos sucesso”, disse Madson.
O crescimento irregular do comércio ilegal na área do Centro da cidade traz prejuízos para comerciantes do Mercado Central.
De acordo com o vendedor Aparecido Nunes, 53, com os ambulantes comercializando de tudo nas ruas próximas ao mercado, as vendas de alguns caem cerca de 50%, principalmente na época de fim de ano.
“Já que os preços deles são menores do que o nosso, os clientes, obviamente, passam a adquirir os produtos deles. Até os turistas vão comprar lá, o que, para nós, que trabalhamos no Mercado Central, é lamentável”, afirmou o comerciante.
Folga
A titular da Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor), Luciana Castelo Branco, informou que a Prefeitura concedeu quatro dias de folga para os fiscais e que, nesta semana, eles retomam o trabalho normal.
A fiscalização acontece todas as quintas, sextas-feiras, sábados e domingos. Há uma equipe, formada por fiscais, auxiliares e guardas municipais, que se posiciona no trecho entre a Praça da Sé e a Secretaria da Fazenda Estadual, como também na Avenida Alberto Nepomuceno, evitando que os feirantes armem suas barracas nas calçadas e vias.
Sobre a ausência de agentes no entorno da Praça da Sé, a reportagem tentou contato com a assessoria de comunicação da AMC, mas não obteve sucesso.
GIORAS XEREZ
ESPECIAL PARA CIDADE
Fonte: Diário do Nordeste