Maior parte dos especialistas e entidades concorda com fim dos cortes. Na última reunião do ano, BC parou reduções após dez cortes seguidos
Na última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu nesta quarta-feira (28) manter a taxa básica de juros na mínima histórica de 7,25% ao ano, por unanimidade. A maior parte dos especialistas e entidades da sociedade civil concorda com fim dos cortes, mas alguns apontam que os juros ainda estão altos no país.
Os que veem a parada nos cortes como uma atitude acertada, apontam a necessidade de avaliar os impactos do atual patamar dos juros na economia e evitar que deem espaço para o aumento da inflação.
Flavio Combat, economista-chefe da Corretora Concórdia
“A manutenção da Selic veio em linha com a expectativa do mercado. Não havia espaço para continuidade do relaxamento dos juros. Nesse momento acho que foi correto porque o governo está empreendendo esforço significativo de redução de juros e spreads dos bancos e a queda por dez reuniões foi significativa. O BC aproveitou a janela de oportunidade que se abriu no exterior com redução de pressão inflacionária por conta da redução da demanda da China.”
Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA Executivo da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)
“Imagino que o Copom deve manter a Selic mais uma vez no começo do ano que vem porque o espaço para redução de juros daqui para frente está atrapalhado. Temos pressão inflacionária forte, que o governo está administrando com a redução do superávit e segurando o preço da gasolina. O patamar de inflação é muito perigoso, não será surpresa se bater em 6% antes do fim do ano. Se inflação continuar subindo vai ser preciso subir a taxa, mesmo que o governo não queira.”
Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi)
“O BC reduziu os juros até onde achou que poderia nesse contexto de inflação em alta. As taxas devem se manter inalteradas por um logo período, até o fim de 2013. O governo Dilma deve trabalhar agora para conter a inflação em outras frentes, que não por meio dos juros – porque a inflação do país não é demanda, mas de custos –, e o governo já está começando a trabalhar nessa linha. Se conseguir, pode até se conseguir rezudir juros no fim do mandato.”
Paulo Skaf, presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp)
“A posição da Fiesp e do Ciesp é de defesa de uma taxa de juros ainda menor, que permite ao país competir no mercado externo e interno. Reconhecemos o esforço do governo, mas para que o país possa realmente voltar a crescer em 2013 são necessárias ainda mais ações efetivas que reduzam os custos de produção no país.”
Roque Pellizzaro Júnior, presidente da CNDL
“O comércio varejista aprovou parcialmente a decisão do Copom. A decisão é positiva, no entanto, o consumo, impulsionado pela grande oferta de crédito, corre risco de perder força em função do elevado grau de endividamento das famílias brasileiras, combinado com o crescimento da inadimplência do consumidor. Na avaliação do setor, é necessário que haja uma redução forte na taxa efetiva de juros e um alongamento nos prazos.”
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)
“A decisão do Banco Central (BC) em manter a Selic em 7,25% é acertada. É a ação mais razoável no momento, uma vez que não há mais espaços para redução de juros enquanto a inflação permanecer acima da meta de 4,5%.”
Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ
“A economia brasileira ganhou impulso neste fim de 2012, mas sob efeito de reduções dos juros já realizadas, que não darão a mesma mão ao crescimento doméstico no próximo ano. A se confirmar esse quadro de economia em banho maria, o governo precisará agir. Hora de ir além de ajustes improvisados na folha de pagamento das empresas e de incentivos aleatórios a segmentos da produção.”
Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)
“É um equívoco, na medida em que há mais espaço para a queda dos juros na economia brasileira. Apesar dos cortes anteriores da Selic, os bancos continuam com juros e spreads entre os mais altos do mundo, travando e impedindo que a redução chegue de fato na ponta para as pessoas físicas e jurídicas.”
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical
“A Central defende a continuidade da política de corte da taxa Selic junto com outras medidas capazes de estimular os investimentos públicos e privados em vários setores, especialmente na infraestrutura. Sabemos que a queda da Selic ainda não contribuiu para o aumento destes investimentos no país. No entanto, este caminho é o mais correto para o Brasil receber recursos para a produção.”
Fonte: G1
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