AMBULANTES (7/7/2006)
A ocupação desordenada da cidade por ambulantes, mostrada na edição de ontem do Diário do Nordeste, pode parecer mais uma discussão sobre um problema antigo do Centro, mas não é. Na verdade, houve um aumento exacerbado de ambulantes no último ano no local, deixando claro que se perdeu o controle do setor. A situação está caótica e só uma ação rápida do poder público municipal pode revertê-la.
Pelo menos é nisso que acreditam os representantes das entidades lojistas do Estado do Ceará, que reclamam não vir recebendo a atenção devida do Poder Municipal. “Não se está cuidando da maior vocação de Fortaleza que é o comércio”, lamenta o presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio), Luiz Gastão Bittencourt. De acordo com ele, falta vontade política para resolver o problema e a Prefeitura não abre diálogo com as entidades do setor.
Para piorar a situação, avalia o presidente da Federação das Associações do Comércio, Indústria, Serviços e Agropecuária do Ceará (Facic), Francisco Barreto, esse aumento desordenado de ambulantes não prejudica apenas o comércio formal de Fortaleza. Acaba atingindo outros setores também importantes como o turismo e o desenvolvimento geral da capital cearense.
O que é lamentável, no seu entender, tendo em vista, por exemplo, a cidade ter atingido o posto do maior destino turístico brasileiro e correr o risco de perder essa clientela, devido à sua desorganização. “O turista não voltará”, acredita. Mesma opinião do presidente da Ação Novo Centro, Riamburgo Ximenes. Como exemplo, ele cita que como os espaços públicos estão ocupados indevidamente, transitar por esses locais se torna impraticável. “E isso tem afastado a clientela”, diz.
Só para se ter uma idéia, continua ele, a estimativa é de que existam no Centro cerca de seis mil vendedores ambulantes com permissões da Prefeitura, mas sabe-se que, na prática, existem mais de 12 mil ocupando as ruas e a fiscalização é mínima.
Ao mesmo tempo, explica Ximenes, há lojistas que são forçados a fechar as portas devido à precariedade da situação – já que pagam impostos, funcionários, luz e telefone e concorrem com pessoas que não têm essas despesas – e acabam indo também para a informalidade.
Os resultados de toda essa situação começam a vir à tona. O Censo do Comércio realizado no ano passado pela Fecomércio e divulgado agora em 2006 constatou que quase 57% das empresas de comércio e serviços estão na informalidade na Grande Fortaleza.
A Prefeitura Municipal de Fortaleza, entretanto, garante também estar preocupada com o quadro. Estudos para traçar os perfis dos diversos núcleos de ambulantes da cidade, inclusive do Centro, estão sendo traçados e vão nortear as ações de reordenamento dos mesmos.
Neste sentido, a assessoria de imprensa da Secretaria Executiva Regional (SER) II informou que o projeto para o disciplinamento de ambulantes nessa área já está em processo de finalização.