CALÇADÃO DA BEIRA-MAR (30/12/2008)
Passear pelo calçadão da Beira-Mar pode ser uma tarefa difícil para o turista que tem que driblar os camelôs
Os turistas da alta estação já chegaram. Até fevereiro de 2009, devem passar pela Capital cearense 720 mil visitantes e um dos passeios obrigatórios, o calçadão da Avenida Beira-Mar, vem recebendo críticas de alguns visitantes estrangeiros e nacionais pela falta de espaço para caminhar livremente, sem driblar os ambulantes e pedintes que vão chegando cedo e ocupando vários espaços ao longo de um dos principais cartões postais de Fortaleza.
A ocupação irregular da Avenida Beira-Mar é uma pedra no sapato da chefe do Distrito de Controle Urbano e Meio Ambiente da Secretaria Executiva Regional (SER) II, Mércia Albuquerque. Segundo ela, a fiscalização é diária. “Todos os dias os fiscais apreendem mercadorias. O nosso depósito da Guilherme Rocha está totalmente abarrotado. Infelizmente, só recolher o produto não adianta. Os ambulantes voltam no mesmo dia”, afirmou.
O problema da ocupação irregular da orla, na visão de Mércia Albuquerque, só se resolverá com o envolvimento de todos os órgãos ligados à questão, incluindo a Delegacia de Defraudações, a Polícia Federal e a Receita Federal. “Sem isso, vamos estar malhando em ferro frio. Como não podemos prender ninguém, eles sempre voltam”, reconhece. Para ela, o reordenamento da Avenida Beira-Mar trará benefício para atrair mais turistas, que em tempos de dólar alto escolheram Fortaleza como o destino das férias, mas principalmente para devolver o calçadão aos usuários do cooper e caminhadas com a família e amigos.
Admirando a beleza da Beira-Mar, a turista da Guiana Francesa Vanessa Champlain, 25 anos, disse que só é preciso disciplinar o espaço. “Ninguém gosta de pedinte, nem de vendedor puxando a gente para oferecer suas mercadorias. O turista quer liberdade para curtir o local e, pessoas consumistas como eu, aproveitar para fazer umas comprinhas, mas sem estresse”, brinca a estudante que veio com a sogra e o namorado de férias.
Para a família paulista de Carlos Farinelli, a enseada da Beira-Mar é belíssima. Ele é favorável a presença da feirinha, mas acha que a Prefeitura de Fortaleza tem que fazer um trabalho melhor na área, não só com os ambulantes, como também mantendo o local mais limpo, com mais policiais para tornar a caminhada no calçadão um passeio prazeroso, não um aborrecimento.
Essas reclamações dos turistas é uma das grandes preocupações do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-CE), Régis Medeiros. Segundo ele, a ocupação desordenada da Beira-Mar é um ponto negativo para o turismo. “O turista gosta da movimentação no calçadão, mas comenta do excesso de ambulantes que ficam abordando quando eles passam, da sujeira na via e também do assédio dos pedintes, ninguém gosta disso”, reforça.
Régis Medeiros é favorável ao reordenamento da área. “As autoridades municipais precisam ter olho clínico para o problema. A Beira-Mar precisa estar mais limpa, o espaço do comércio organizado e não com barracas desmontando, com coxias sujas, canteiros sem planta”, argumenta o presidente da ABIH.
Ele é favorável não só ao ordenamento do comércio, com espaços definidos para a gastronomia, com barracas padronizadas e defende a balneabilidade da praia para que o turista dos hotéis da Beira-Mar possam tomar banho, sem precisar se deslocar para outras praias.
O secretário de Turismo do Estado (Setur), Bismarck Maia, também faz críticas severas à ocupação desordenada do calçadão. Ele afirmou que o espaço tanto é ocupado por ricos quanto por pobres, “tornando a Beira-Mar um espaço feio não só para os turistas, como também para os cearenses”.
Como Régis Medeiros, o secretário de Turismo do Estado também gostaria do aproveitamento da balneabilidade das praias para ser objeto de consumo para os cearenses e turistas que visitam a Capital. “É preciso replanejar a Avenida Beira-Mar para tirarmos dela o que merecem os cearenses e os que nos visitam todos os anos”, ressaltou Bismarck Maia, que vai continuar investindo em promoção e marketing para atrair cada vez mais visitantes ao Ceará. Ele garante que já não há mais vôos disponíveis para Fortaleza nesta temporada.
SUELEM CAMINHA
Repórter
ENQUETE
Qual o principal problema do espaço?
Vanessa Champlain
25 ANOS
Turista francesa
Por ser um ponto turístico importante da cidade, o calçadão deveria ser mais limpo e o comércio menos confuso
Paulo Costa
32 ANOS
Turista italiano
Esta é a sétima viagem ao Ceará e só encontro o calçadão lotado. O espaço precisa ser mais organizado
Rejane Barros
24 ANOS
Turista manauara
A feira de artesanato facilita para o turista fazer as compras de última hora, mas a área precisa de ordenamento
Fortaleza bela Centro histórico turismo e lazer