DESORGANIZAÇÃO
Os secretários foram parcimoniosos quando falaram da herança deixada para a atual gestão municipal
Pior que o déficit nas contas públicas, o inchaço da máquina com os milhares de terceirizados e as obras inacabadas é a desorganização administrativa deixada pela gestão da ex-prefeita Luizianne Lins (PT), impondo ao prefeito Roberto Cláudio (PSB) designar uma equipe exclusiva para pôr a casa em ordem, ao tempo que trabalha a formatação de um modelo gerencial a permitir que Fortaleza tenha, realmente, uma Prefeitura condizente com o status de uma das grandes capitais do País.
O prefeito, em seu discurso para os vereadores, foi polido ao descrever “o cenário da real situação administrativa e financeira” recebida, enfatizando, porém, ter sido somente aquilo “que até o momento podemos apurar”. A cada dia, os auxiliares de Roberto Cláudio ficam surpreendidos com omissões ou práticas inusitadas do Governo passado, inconcebíveis na administração pública, notadamente em uma Prefeitura do porte de uma cidade como Fortaleza.
Concentração
Indiscutivelmente, parte do insucesso, da ineficiência, e dos prejuízos causados ao desenvolvimento da Capital cearense pode ser creditada à desorganização da máquina e a concentração da gerência no gabinete da prefeita. Lá, apesar da existência de 38 órgãos divididos entre a administração direta, autarquias, fundações e empresas pública e de economia mista, estavam concentradas sete coordenadorias com nível de secretarias e mais sete “organismos oficiosos”.
Pela falta de ordem no Governo municipal passado e as informações públicas de hoje, fácil é se constatar o quanto ficamos atrasados. O caso da doação das 80 creches da União designadas para Fortaleza e que foram perdidas por omissão da gestão municipal, hoje recuperadas, é bem uma amostra dos prejuízos causados à cidade e à imagem política da ex-prefeita.
Os secretários municipais designados por Roberto Cláudio para detalharem o seu discurso proferido sexta-feira, na Câmara Municipal, foram parcimoniosos na entrevista concedida aos jornalistas sobre a herança recebida. O fato de nenhum deles ser político militante, também contribuiu para que os números não fossem acrescidos de avaliações negativas aos ex-gestores.
Aluguéis
Eles ficaram limitados ao documento que foi apresentado pelo prefeito Roberto Cláudio. Não falaram, por exemplo, que alguns órgãos da administração municipal estão sujeitos a despejos pelo fato de há quatro meses, até dezembro passado, a Prefeitura não pagar os aluguéis contratados.
Também não se reportaram à ação judicial, proposta pelo atual prefeito, para recuperar recursos federais disponibilizados na Caixa Econômica Federal para obras de mobilidade urbana, não liberados simplesmente por ter a prefeita Luizianne Lins deixado de assinar o contrato.
O dever do prefeito de dizer qual é a realidade da administração municipal foi cumprida. A ele, a partir de agora cabe trabalhar para, ao tempo que organiza a Prefeitura, trabalhar para cumprir os compromissos de campanha e avançar para recuperar o tempo perdido.
Os vereadores, que pela realidade exposta foram omissos ao longo de todos esses anos e portanto, também, responsáveis, precisam exercer com eficiência as funções legislativas e ajudar melhorar o Governo municipal.
EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA
Fonte: Diário Do Nordeste