PT e PSOL já declararam se opor à gestão do prefeito Roberto Cláudio, mas divergem quanto aos métodos
A oposição na Câmara Municipal de Fortaleza continua dividida. O PSOL já está decidido em não fazer parte da bancada da oposição formada pelos vereadores do PT e Capitão Wagner, do PR. O bloco tem como líder o vereador Guilherme Sampaio (PT) e como vice-líder, o republicano. Até mesmo dentro da bancada, os vereadores divergem quando o assunto é o modelo de se fazer oposição. Enquanto os petistas afirmam que vão cobrar as promessas de campanha feitas pelo prefeito Roberto Cláudio, Capitão Wagner disse que ajudará a nova gestão sempre que possível, mas promete fiscalizar todas as ações.
Na primeira semana de atividades da Casa, foi anunciado no plenário o nome do vereador Guilherme Sampaio como líder da bancada da oposição. O PSOL reclamou. Toinha Rocha alegou que a formação de um bloco se faz a partir da união de dois ou mais partidos e não da aliança entre uma legenda e um parlamentar, o que foi rebatido por Guilherme Sampaio. De acordo com o petista, não há nenhuma limitação regimental para o tamanho da oposição.
Toinha Rocha deixa claro não ter condição de o seu partido marchar junto com o PT na oposição ao novo governo municipal, pois entende que o Partido dos Trabalhadores não tem moral para cobrar dessa administração porque quando esteve no Poder não fez. “Se um dia fosse governo e dissesse que ia fazer uma coisa e não cumprisse, eu teria vergonha de cobrar depois. Por isso que não queremos nos aliar ao PT, porque é uma cobrança sem moral”, atesta.
A vereadora afirma que o seu partido está dando “um crédito” à gestão de Roberto Cláudio, que ainda está iniciando e também porque a cidade está esperançosa, porém adianta que fará oposição a tudo que prejudique a cidade, como perseguir e tirar direito dos servidores, inaugurar obras sem estarem devidamente concluídas, gastar dinheiro público com altos cachês para artistas e não cumprir o prometido nos programas eleitorais.
Moral
O vereador Acrísio Sena (PT) disse na tribuna da Câmara que também vai cobrar do novo prefeito o que ele prometeu durante a campanha eleitoral. Entretanto, Toinha Rocha entende que o vereador do PT não tem como fazer isso, pois a administração passada não fez o que prometeu. “Qual a moral que o vereador Acrísio Sena tem para cobrar a construção de Upas (Unidades de Pronto Atendimentos), dos Cucas (Centros Urbanos de Cultura Arte Ciência e Esporte), de cobrar a construção de obras se a gestão que ele apoiou durante quatro anos não fez as obras?”, perguntou.
A vereadora alega que a Fortaleza de hoje é a mesma deixada pela administração da ex-prefeita Luizianne Lins. “As coisas não mudaram porque mudou o prefeito não”, destacou, citando as péssimas condições do transporte público, a baixa qualidade do ensino e a falta de oportunidade para jovens. “A gente não está aqui discutindo quem está na administração, a questão é de como se administra”, observou.
Nesses primeiros dias de gestão do novo prefeito, ressalta Toinha Rocha, ele está ouvindo as reclamações levadas. Ela disse ter procurado a Prefeitura para reclamar do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado na gestão anterior, que autoriza a construção do loteamento na área das dunas do Cocó. “Nos receberam, fizeram uma roda de conversa com o procurador do município, o secretário do Meio Ambiente, assessores, eu, o vereador João Alfredo e a sociedade civil organizada. Nos escutaram, receberam toda a documentação e tomaram as medidas legais possíveis”, contou.
Para Guilherme Sampaio, apesar de ser pouco o tempo de administração do PSB na Capital cearense, ele diz temer que o governo de Fortaleza seja transformado em uma secretaria estadual da administração do governo Cid Gomes. Isso porque, destaca, há uma espécie de reprodução do modelo administrativo do Governo do Estado por parte da Prefeitura.
Corte
O petista citou exemplos como a nomeação de irmãos para o secretariado, o corte linear sem critério técnico de 25% dos terceirizados, a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (Seuma) abrindo mão da sua prerrogativa de licenciar obras em Fortaleza em prol da Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Semace), dentre outros.
Toinha Rocha lembrou que o atual prefeito, Roberto Cláudio, disse várias vezes que iria trabalhar de braços dados com o governador e o povo que o elegeu. Além disso, a vereadora ressalta que, até bem pouco tempo, o PT estava unido com o PSB em âmbito municipal, avaliando que, em 2014, eles estarão unidos mais uma vez. “Quando 2014 chegar, eles vão estar todos de braços dados para apoiar a presidente Dilma Rousseff, porque eles estão juntos no projeto nacional. Aqui é uma questão de briga paroquial que já se resolve”, prevê Toinha Rocha.
Capitão Wagner também se mostra preocupado com a possibilidade de o Governo do Estado vir a interferir na administração de Fortaleza, afirmando ter achado “no mínimo esquisito” uma reunião entre o prefeito, o secretariado municipal e o governador. “A gente não aceita que o Governo do Estado venha interferir na gestão do município e me parece que isso pode acontecer”, pontuou.
Ineficiência
Sobre esses primeiros dias de atuação do novo gestor da cidade, o vereador disse ter percebido que a gestão atual está batendo muito na tecla de ter recebido a Prefeitura em más condições. Para ele, é até aceitável esse tipo de discurso no início de governo, entretanto, espera que isso não seja um motivo para, no futuro, alegar ineficiência em áreas como saúde e educação. “Vai chegar um momento em que a Prefeitura não vai ter mais como alegar que a culpa é da gestão anterior”, comentou.
Capitão Wagner afirma que sua conduta como oposição será de chamar atenção quando considerar que uma ação ou projeto não será bom para a cidade ou o povo, porém promete ajudar a nova administração a realizar o que foi prometido. “Sempre que a gente puder ajudar a Prefeitura em todos os setores, no sentido de que se tenha uma boa gestão, vamos fazer, agora não vamos aceitar a população ser enganada”, alertou.
Dos três vereadores do PR, apenas Capitão Wagner se colocou como oposição. Segundo ele, o partido não impôs nenhum posicionamento por parte dos parlamentares eleitos para a Câmara, deixando-os livres para definir que atitudes tomarão no Legislativo Municipal.
Fonte Diário do Nordeste
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