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Cearenses são homenageados hoje

By 25/03/2013No Comments

MEDALHA DA ABOLIÇÃO
D. Yolanda Queiroz, Ivens Dias Branco, Adísia Sá e Chico Anysio (in memoriam) receberão honraria

Yolanda Queiroz é presidente do Grupo Edson Queiroz e vice- presidente da Fundação Edson Queiroz
Yolanda Queiroz é presidente do Grupo Edson Queiroz e vice- presidente da Fundação Edson Queiroz

A Medalha da Abolição, maior comenda do Estado, será outorgada à presidente do Grupo Edson Queiroz, D. Yolanda Queiroz, pelo governador Cid Gomes. A homenagem acontecerá às 19 horas de hoje, em cerimônia no Palácio da Abolição.

A outorga da medalha neste dia 25 marca o aniversário de 129 anos da libertação dos escravos no Ceará. Neste ano, além de D. Yolanda Queiroz, serão também homenageados pelo governo do Estado o empresário Ivens Dias Branco, a jornalista Adísia Sá e o humorista Chico Anysio (in memoriam). A concessão da honraria aos quatro cearenses segue os preceitos do decreto nº 16.477, de 6 de abril de 1984.

Yolanda Queiroz
Natural de Fortaleza, Ceará, D. Yolanda Vidal Queiroz é filha de Maria Pontes Vidal e Luis Vidal. Casou aos 16 anos com Edson Queiroz, com quem teve seis filhos: Airton, Myra, Edson Queiroz Filho, Renata, Lenise e Paula, que já lhe deram 15 netos e 21 bisnetos.

Companheira do industrial ao longo de 37 anos, D. Yolanda participou de todas as etapas de fundação e crescimento do Grupo Edson Queiroz.

Com a morte precoce do marido, em junho de 1982, ela assumiu a presidência das empresas, sendo determinante para a consolidação e expansão das mesmas, de modo a incluir o Grupo Edson Queiroz entre os 100 maiores do Brasil, com 16 empresas atuando em setores diversificados, como educação superior, distribuição de gás, água mineral, fabricação de refrigerantes e sucos, metalurgia, comunicação, agropecuária, agroindústria e imobiliária.

Essas empresas dão emprego direto a 16 mil pessoas, gerando benefícios sociais em vários Estados, sobretudo, no Ceará, onde tem sua sede, e movimentam cerca de R$ 350 milhões. Seus negócios geram em torno de R$ 300 milhões por ano em tributos, os quais revertem em benefícios para o País.

Além da forte atuação nas áreas educacional superior e social (somente a Escola de Aplicação Yolanda Queiroz ao longo de 30 anos já alfabetizou mais de nove mil crianças), D. Yolanda destacou-se no setor de Comunicações ao dirigir os veículos do Sistema Verdes Mares.

Pela credibilidade e empatia com a opinião pública, esses veículos são líderes de audiência e circulação no Ceará, além de referência de jornalismo ético e independente no Brasil.

A trajetória de intenso trabalho e dedicação aos projetos sociais possibilitou a D. Yolanda Queiroz muitas condecorações e prêmios. Merecem citação: Grande-Colar do Mérito, outorgado pelo Tribunal de Contas da União, Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro; Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho – Grau de Comendador – do Tribunal Superior do Trabalho; Ordem do Mérito Industrial, da Confederação Yolanda Vidal Queiroz. Foi, ainda, a primeira mulher brasileira a receber o Prêmio Personalidade do Ano 2008, da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

Ivens Dias Branco

Ivens Dias Branco é presidente do Grupo M. Dias Branco, tendo iniciado as atividades em 1953
Ivens Dias Branco é presidente do Grupo M. Dias Branco, tendo iniciado as atividades em 1953

Também será agraciado com a Medalha da Abolição o empresário Ivens Dias Branco, que é presidente do Grupo M. Dias Branco e iniciou as suas atividades em 1953, em sociedade com o pai, Manuel Dias Branco.

Ivens Dias Branco é presidente do Grupo M. Dias Branco, tendo iniciado as atividades em 1953

Atualmente, o Grupo é líder na fabricação de massas e biscoitos na América Latina. O homenageado já recebeu diversas premiações, como o Troféu Sereia de Ouro e a Medalha Edson Queiroz, concedida pela Assembleia Legislativa.

Adísia Sá

A jornalista Adísia Sá contribuiu para a criação do curso de Comunicação Social da UFC Foto: Natinho Rodrigues
A jornalista Adísia Sá contribuiu para a criação do curso de Comunicação Social da UFC Foto: Natinho Rodrigues

Maria Adísia Barros de Sá, mais conhecida como jornalista Adísia Sá, é bacharela e licenciada em Filosofia pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará. Livre Docente, com grau de doutor, em Fundamentos de Filosofia e Comunicação, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Contribuiu para criação do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC). Entre suas obras publicadas, estão “Metafísica, para quê?; Fenômeno Metafísico”; “Ensino de Filosofia no Ceará” (coordenadora e autora de capítulo)e “Ensino de Jornalismo no Ceará”.

Nascido em Maranguape, Chico Anysio foi humorista, ator, dublador, escritor, compositor e pintor Foto: O Globo
Nascido em Maranguape, Chico Anysio foi humorista, ator, dublador, escritor, compositor e pintor Foto: O Globo

Chico Anysio
Chico Anysio, nascido em Maranguape, foi humorista, ator, dublador, escritor, compositor e pintor. Na TV Rio, estreou em 1957 o Noite de Gala. Em 1959, estreou o programa Só Tem Tantã, mais tarde chamado de Chico Total.

Além de escrever e interpretar seus próprios textos no rádio, televisão e cinema, sempre com humor fino e inteligente, Chico se aventurou com relativo destaque pelo jornalismo esportivo, teatro, literatura e pintura, além de ter composto e gravado algumas canções.

Desde 1968 estava ligado à rede Globo de Televisão. É pai de Lug de Paula, Nizo Neto, Rico Rondelli, André Lucas, Cícero Chaves, Bruno Mazzeo, Rodrigo e Vitória.

FIQUE POR DENTRO

Honraria de significação imensurável

A outorga da Medalha da Abolição tem imensurável significação, tendo em vista que a comenda rememora que o Ceará foi a primeira província brasileira a extinguir a escravatura em seu território, em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea de 1888.

O feito histórico levou José do Patrocínio, um dos maiores jornalistas abolicionistas que o País já teve, a conferir ao Ceará o título de Terra da Luz. Até mesmo Victor Hugo, celebrado poeta e escritor francês, enviou da França as suas saudações aos cearenses pelo pioneirismo na abolição dos escravos. Também registra na história do País o fato de a cidade de Acarape (atual município de Redenção, situado a 55 Km da Capital) ter sido o primeiro núcleo urbano do Brasil a abolir a escravidão, em 1º de janeiro de 1883.

Fortaleza fez o mesmo em 24 de maio também de 1883. Precursor no movimento pela libertação dos escravos, o Ceará incentivou várias outras províncias a seguirem o seu exemplo e abolirem o regime escravocrata.

Fonte Diário do Nordeste .

Liberdade cerceada

Renovam-se de forma lamentável as descobertas de focos de escravidão humana em diversos países do mundo. O tema tem causado revolta e ensejado a criação de movimentos de protesto liderados por entidades internacionais, escandalizadas diante da prática de tão torpe meio de servilização de pessoas. As frequentes denúncias têm despertado a atenção da opinião pública, sobretudo após a constatação de trabalho escravo em até então insuspeitos e civilizados países, entre eles, a Suécia e os Estados Unidos.

Estudo elaborado pela ONG Internacional Antiescravidão, com o apoio do Programa Global das Nações Unidas sobre Tráfico de Seres Humanos, chegou à conclusão de que ainda existem escravos em pelo menos 111 países do mundo. O número total de escravizados já beiraria incríveis 30 milhões de indivíduos, incluindo mulheres e crianças, a maioria na Índia e no Paquistão.

No caso do Brasil, os dados são imprecisos, variando de 300 a 500 mil escravos, número pelo menos dez vezes maior do que o apontado em estimativas nacionais. De acordo com a revista “Scientific American”, a diferença entre os números colhidos por aferições brasileiras e os da ONU se deve à imprecisão conceitual de como se definir o que é escravidão.

Existem formas camufladas de trabalho forçado pelas quais as pessoas são pagas, mas com salários miseráveis e sujeitos a deduções por conta de produtos fornecidos, obrigatoriamente, pelos patrões, sem que o trabalhador tenha outras opções de compra.

Os pesquisadores afirmam que o fenômeno da escravidão cresce sob seu aspecto mais abrangente, em decorrência do desemprego e da exclusão social nas grandes concentrações demográficas.

Outro aspecto lamentável do problema foi detectado pelo referido relatório: muitos dos escravos não querem ser “libertados” de sua humilhante condição, pois de outra maneira lhes seria praticamente impossível obter elementos mínimos para a própria sobrevivência. Eles sabem que a escravidão é ilegal, mas se veem obrigados a aceitá-la, submetendo-se a degradantes processos de submissão e identificação com seus desonestos empregadores.

Em regiões como Norte e Nordeste brasileiros, o trabalho escravo ocorre com maior frequência nas florestas e nos sertões, onde a mão do poder público é quase impossível chegar pela dificuldade de acesso. Mas, nas grandes cidades, a situação igualmente se agrava por causa do êxodo rural. Milhares de pessoas, tangidas por circunstâncias adversas, vão morar em favelas nas periferias das metrópoles. Incapazes de assumir sequer um humilde posto no mercado formal de trabalho, ou até mesmo no informal, são forçadas a procedimentos que violentam a dignidade do ser humano. O pior é quando esses indivíduos são aliciados pelas máfias das drogas

Pela transgressão a fundamentais direitos humanos, o trabalho escravo é devidamente punido nos casos em que é denunciado pela mídia. Contudo, ainda subsiste como nódoa, até mesmo no recesso de domicílios citadinos, a exploração de trabalhos domésticos inadequados para menores de idade, sob a alegação de lhes patrocinar a subsistência.

A questão é de todo pertinente neste 25 de março, quando se completam 129 anos de Abolição da Escravatura no Ceará, a província que se antecipou em quatro anos a assinatura da Lei Áurea. O cerceamento da liberdade assume formas diversas com o passar do tempo, sendo imprescindível combatê-las, para o bem da Humanidade.

EDITORIAL do Diário do Nordeste.