Quem quiser sobreviver no centro tem que enfrentar, pessoalmente, a bandidagem”, garante um lojista que prefere não se identificar.
Os problemas do centro comercial de Fortaleza são mais profundos do que se pode imaginar. Divergências de interesses comerciais já criaram um quadro de “difícil solução”, como confirmou a Secretária de Urbanismo e Meio Ambiente – SEUMA – Arquiteta Águeda Muniz, durante reunião-almoço com cerca de 20 empresários do Centro, no dia 29 de outubro, na sede do Sindilojas – Sindicato dos Lojistas.
Encontro que reuniu as maiores lideranças das entidades classistas atuantes no Centro, inclusive o pessoal do comércio de atacado da rua Governador Sampaio, as queixas foram grandes sobre a “inoperância” da atual administração, no sentido de reordenar a área. Problemas clássicos que se agravaram nas duas administrações da ex-Prefeita Luizianne Lins, conforme os empresários, para ele o atual Secretário da Regional do Centro, Régis Dias, “não fez nada até o momento e está por fora”, da realidade dos grande gargalos existente no centro da capital cearense.
Máfia
Foi registrado, talvez até como uma defesa do executivo do Sebrae, que ele já esteve com o Secretário de Segurança Pública registrando as ameaças recebidas constantemente através de telefonemas, e-mail e bilhetes. Um lojista afirmou que viu o bilhete que dizia: “Régis, você vai morrer amanhã”.
Pode parecer brincadeira, mas a própria Secretária da SEUMA, Águeda Muniz, que foi falar sobre a “Lei municipal que regula poluição visual e sonora urbana”, reconheceu que o problema é complexo: “A maioria dos camelôs são abastecidos por empresários”, e afirmou ainda que “funciona uma máfia no setor”.
Temor do período de Natal
Vários lojistas afirmaram que temem o período natalino. “Os arrastões vão acontecer”. É um risco para a população o período que se aproxima, visto que, afora o serviço feito na Praça da Estação e no entorno da Igreja da Sé, pois o “padre tem mais poder”, a ação da administração municipal, no sentido de organizar o comércio ambulante da capital, é “zero’’, até o momento.
‘‘Serão precisos 500 fiscais no final de ano para manter a ordem’’, garante um dos presentes. Atualmente são apenas 150, e nem todos são confiáveis, segundo as falações na reunião. Um empresário do setor de alimentação disse que confrontou com um fiscal para não permitir que ele instalasse um camelô na calçada de seu estabelecimento, na Praça do Ferreira.
Outro registrou que todos os dias tem um serviço self service de almoço em calçada da rua Barão do Rio Branco, com fila e tudo. A Secretária, que foi para falar do tema específico da poluição visual no Centro, acabou somente por defender os projetos da administração Roberto Cláudio que “serão executados, podem ter certeza, mas não posso estabelecer data”, considerou.
Uma das metas é a reforma da Lei de Ocupação do Solo, pois, segundo ela, tem “negócios inadequados” no centro de Fortaleza. A intenção da administração é atualizar essa lei para que o reordenamento da área seja feito com precisão. O representante do setor de atacados, da rua Governador Sampaio, informou que 50% do ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – é gerado desse setor que abastece diretamente o consumo na área de alimentação e limpeza.
Afora os problemas clássicos, como moradores de rua, furtos e roubos e outras violências contra o consumidor, estacionamentos irregulares de carros, limpeza e higiene, venda de drogas e prostituição infantil, o que mais teme os empresários é a sua segurança pessoal. “Quem quiser sobreviver no Centro tem que enfrentar, pessoalmente, a bandidagem’’, garante um lojista que prefere não se identificar.