COMÉRCIO INFORMAL NO CENTRO
Para Freitas Cordeiro, presidente da CDL Fortaleza, ambulantes animam o Centro
Lojistas adotam discurso tolerante sobre os comerciantes informais que ocupam as ruas do Centro, não defendendo a retirada imediata. Eles afirmam que querem o disciplinamento da ocupação do espaço público, mas acreditam que isso possa ser feito com a reestruturação dos calçadões, além da qualificação das pessoas cadastradas e uma fiscalização firme.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL Fortaleza), Freitas Cordeiro, diz que ainda na campanha eleitoral entregou documento ao prefeito Roberto Cláudio, pedindo que fosse disciplinada a ocupação dos espaços públicos. “Não é retirar todos os camelôs porque eles fazem parte da animação do Centro, que tem suas peculiaridades, mas não comporta todos”. Ele observa que nos shoppings os espaços mais valorizados são os quiosques, mas tudo com disciplinamento, que é papel do poder público no Centro.
Esse discurso está de acordo com o utilizado pelo prefeito Roberto Cláudio no programa Debates Especiais Grandes Nomes, na rádio O POVO/CBN do último dia 21. Em entrevista, o prefeito admitiu que os ambulantes estão “cometendo um erro”, mas afirmou que não vai tirá-los de lá à força.
Em visita ao Centro, lojistas e ambulantes falam de uma convivência pacífica entre eles. Eles apontam que isso acontece principalmente no comércio de importados chineses, já que a maioria dos camelôs adquire das lojas próximas a mercadoria vendidas nas barracas.
Joel Justino, 25, vende capas para celular em frente a uma loja. “A gente ajuda a vigiar a frente da loja quando eles estão ocupados. Até ladrão a gente pega”, diz. Em contrapartida, os vendedores das lojas guardam pertences e permitem acesso ao banheiro, por exemplo.
Prejuízos
Para Maia Júnior, lojista e presidente da Associação dos Empresários do Centro de Fortaleza (Ascefort), essa boa relação só acontece porque além de fazer negócios entre si, ambos vendem artigos contrabandeados, sem a intervenção do poder público. “Os ambulantes concorrem de forma covarde, desleal e predatória com os lojistas que pagam uma alta carga de impostos”, enfatiza.
Maia Júnior diz que ao não coibir contravenção e prostituição, que ele aponta ser crescente no Centro, a Prefeitura acaba apoiando essas ações. Ele reforça que o prefeito não foi bom para a região. “Estamos passando os piores momentos”, afirma, ressaltando que o quadro atual afeta o emprego formal.
“O Centro congrega 68.490 empregos diretos. E o miolo do Centro deveria ter 19.250 comerciários trabalhando mas gera menos de 10 mil empregos, em épocas normais, por conta da feira livre instalada embaixo das marquises das lojas”. Ele salienta que a ocupação desordenada nasceu na gestão passada e foi abraçada pelo atual prefeito.
(Artumira Dutra e Flávia Oliveira/especial para O POVO)
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