O Centro de Fortaleza é um eterno fervilhar. De pessoas, produtos, serviços e problemas. Demandas antigas – como a ocupação irregular das calçadas e o trânsito congestionado – são agravadas e somadas às novas dificuldades. Mas o bairro – que, de tão importante, tem Secretaria Regional própria, a Sercefor -, também guarda em suas ruas de quadriláteros perfeitos a história e a memória da Capital.
Euler Sobreira Muniz, arquiteto e urbanista, lembra que em décadas passadas era necessário – quase obrigatoriamente – passar pelo Centro de Fortaleza para chegar aos outros bairros. “Com a implantação dos terminais de ônibus, as pessoas passaram a não fazer essa passagem em função da mobilidade”, diz. Uma das soluções, segundo Euler, é voltar a ocupar o bairro no período noturno, quando as ruas mais se esvaziam.
“A volta do uso residencial seria uma forma de dar mais qualidade ao Centro, pois iria gerar demanda para restaurantes, atividades noturnas. Temos um bairro muito ocupado durante o dia e desabitado durante a noite. E lembrar que os moradores têm ali um elemento caracterizador, têm afinidades, têm referências. Se houvesse um trabalho de incentivo para isso, as pessoas poderiam se interessar novamente por esta área”, explica Euler.
Não é necessário andar muito pelo Centro para detectar os problemas. A poluição visual de diversas formas e lixo deixado nas calçadas (muitas vezes quando há, sim, cestos de lixo por perto). Ramiro Teles, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Ceará, diz que a degradação não é só física, mas também social. Para ele, não é eficaz recuperar equipamentos urbanos pontualmente, se o entorno continua maculado pelos problemas. “Vai para além dos prédios. A saída não é só a revitalização desses locais, pois eles estão inseridos no espaço urbano. Não adianta estarem revitalizados, se o seu entorno é degradado”, diz Ramiro.
Mas, para a transformação do espaço urbano chegar, é necessário diálogo multidisciplinar – conforme explica o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) Antônio Carvalho Neto. “Na dimensão da cidade que temos é urgente fazer estas mudanças. Precisamos juntar as peças, criar bolsões de estacionamento – pois um dos problemas mais graves é o carro – recuperar prédios e dar vida útil para eles”, explica Antônio Neto.
Comércio
O comércio informal, problema antigo, é um dos pontos de maior reclamação entre quem quer circular nas ruas. São tantos vendedores, que, em alguns pontos, a impressão é deles ultrapassarem o número de compradores. Freitas Cordeiro, presidente da CDL de Fortaleza, diz que o crescimento das demandas do Centro acontece, inclusive, pelo crescimento da população da capital. “O camelô é um elemento de animação para o Centro, mas, claro, dentro de uma convivência ordenada. Nós entendemos que o centro reclama várias intervenções, mas primeira seria o disciplinamento na ocupação do espaço”, diz Freitas.
De acordo com Ricardo Sales, atual gestor da Secretaria Regional do Centro, diz que atualmente são 1.451 vendedores com permissão para comercializar nas ruas.
Serviço
Regional do Centro
Onde: rua Guilherme Rocha, 175, 1º andar – Centro
Ouvidoria: 3226 5059
Recepção: 3252 3081
Fonte Jornal O Povo
Isabel Costa
[email protected]r
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