ÍCONE DA CIDADE
No local, é possível encontrar utensílios espalhados, colchões no chão, bancos e roupas penduradas.
A Praça do Ferreira, no Centro, se tornou, literalmente, a casa para um grande número de pessoas em situação de rua. No logradouro, é possível encontrar pessoas usando drogas, utensílios espalhados pela calçada, colchões no chão, bancos, roupas penduradas em um varal improvisado e até mesmo o “guarda-roupa vivo”, uma árvore onde os moradores guardam seus pertences. A situação precária tem deixado os transeuntes e trabalhadores preocupados.
Ao se aproximar do local, é possível avistar várias pessoas, em todos os pontos da praça, vivendo em péssimas condições. A maioria vive ali junto com seus filhos e parceiros. O odor de fezes e urina causa incômodo.
Os problemas encontrados naquela praça entristecem o jornaleiro, Rubens de Souza, que trabalha ali há oito anos. “Essas pessoas utilizam a praça como se fosse o quintal da casa deles. Todos os dias, algum deles faz suas necessidades do lado da minha banca. O fedor é tão forte que espanta os clientes”.
Souza ainda ressalta que nunca tinha visto a situação do logradouro ficar tão ruim como a de hoje. “Alguns outros jornaleiros já fecharam as suas bancas, pois não aguentam mais todos esses problemas”, afirmou.
Outra adversidade que preocupa Souza é a insegurança que tomou conta daquele local. Por conta disso ele fecha o seu empreendimento mais cedo, às 18h, com medo de que algo aconteça. “Não aconselho ninguém a passar por aqui durante a noite”.
O comerciante Tadeu Moraes Filho reclamou da desativação da fonte da Coluna da Hora, no centro da praça, desde que os moradores de rua começaram a utilizá-la como banheiro. Agora, um vigia fica no local para que ninguém utilize o equipamento. “Enquanto alguns tomavam banho, outros bebiam ou faziam suas necessidades usando a água da fonte”, conta.
Em 37 anos trabalhando na Praça do Ferreira, um jornaleiro que não quis se identificar disse que nunca viu a situação tão caótica como agora. “Infelizmente, a praça não está na rota da Copa do Mundo. Então, o poder público não tem interesse nenhum”.
Drogas
Ele disse que a insegurança de quem passa por ali aumenta ainda mais devido ao uso contínuo de drogas. “É normal ver pessoas, em qualquer hora do dia e qualquer lugar, usando maconha ou crack”, reclamou.
Um dos moradores do logradouro, que também não quis se identificar, disse que prefere aquele local por ter onde tomar banho, escovar os dentes e também ganha comida e roupas. O homem contou que a maioria dos que vivem ali temem que algo aconteça enquanto dormem. “Tem muita gente ruim no meio da rua”.
O titular da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra), Cláudio Ricardo, explicou que o órgão tem equipes de abordagem que se aproximam dos moradores com o objetivo de ajudá-los.
Ricardo destacou que, amanhã, serão inaugurados dois abrigos institucionais com atendimento 24 horas, nos Bairros Joaquim Távora e Jacarecanga.
A Secretaria Regional do Centro (Sercefor) informou, através de nota, que trabalha em parceria com a Setra na solução adequada para a questão das pessoas em situação de rua na área do Centro. Em relação à fonte da Coluna da Hora, a Secretaria informou que o equipamento está em manutenção.
FIQUE POR DENTRO
Logradouro é um dos principais ícones da cidade
A Praça do Ferreira, é conhecida como um dos principais ícones de Fortaleza. Em seu início, no ano de 1839, o local era apenas um campo de areia com um poço no centro, que funcionou até a década de 20, quando o então prefeito, Godofredo Maciel, deu início a primeira reforma.
O logradouro leva esse nome em referência ao Boticário Ferreira que, em 1871, enquanto presidente da câmara municipal, realizou obras na área e urbanizou o espaço. Declarada Marco Histórico e Patrimonial de Fortaleza pela Lei Municipal 8.605 de 20 de dezembro de 2001.
Thiago Rocha
Repórter
Fonte Diário do Nordeste .