GOVERNADOR SAMPAIO
Prefeitura estuda montar ponto fixo para observar o respeito aos limites da feira na José Avelino.
Feirantes da José Avelino ocupam, agora, um dos espaços mais tradicionais do comércio atacadista da Capital, o situado nas ruas Governador Sampaio, Visconde Saboia e Senador Almir Pinto. Com isso, o titular da 1ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente e Planejamento Urbano, Raimundo Batista de Oliveira, irá entrar com uma ação civil pública contra a Prefeitura de Fortaleza que, segundo ele, é responsável pela situação, por não impedir o desordenamento constatado.
A invasão, em território demarcado com giz para cada espaço de barraca nas calçadas e meio das vias, provoca conflito com os lojistas formais da área, deixa o trecho com muito lixo, mau cheiro com paredes usadas como banheiro público e, segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Luiz Gastão Bittencourt da Silva, já traz prejuízos econômicos e desemprego para o setor.
“Os caminhões não podem parar para descarregar e os próprios donos das lojas são impedidos de entrar antes das 9h e até ameaçados por eles, sem falar que os consumidores ficam com medo de chegar”, aponta Bittencourt da Silva.
O pequeno empresário Paulo José Sampaio conta que sofre na pele o problema. “Não posso abrir antes das 9h nas quintas-feiras e tenho perdido clientes que não querem conviver com o mau cheiro e a sujeira que fica”, lamenta o comerciante.
A situação caótica motivou reunião entre os titulares da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente e Planejamento Urbano, Raimundo Batistas de Oliveira; da Secretaria Executiva do Centro (Sercefor), Ricardo Sales, e da Fecomércio, ocorrida na última terça-feira.
Na ocasião, foi discutida a necessidade urgente da retirada desse pessoal da área, além de fortalecer a fiscalização para evitar que outras ruas e avenidas sejam ocupadas pelo comércio irregular.
“Já estou cansado das promessas da Prefeitura e dos próprios feirantes. Nada disso justifica invadir uma área e usá-la como bem quiser”, desabafa Sampaio.
Além de pedir que a Justiça determine a Sercefor maior rigor na feira, permitida que ocorra na Rua José Avelino e Travessa Icó, das 19h de quarta-feira às 8h de quinta-feira, e das 19h de sábado às 11h de domingo, ele quer que somente os 1,5 mil ambulantes regulares possam atuar no Centro.
Guarita
O titular da Sercefor, Ricardo Sales, aponta que a solução definitiva virá com a inauguração, no fim do ano, do Centro de Negócios, na antiga fábrica de tecido Filomeno Gomes, no bairro Jacarecanga. Enquanto isso não se concretiza, o órgão estuda montar um ponto fixo nas imediações da José Avelino para a Guarda Municipal em parceria com a PM, o que evitaria a proliferação para outras áreas.
“Eu expliquei ao promotor e ao pessoal da Fecomércio que o equipamento ao lado da Marinha é a única alternativa plausível. Até poderia utilizar a força, retirar os camelôs daqui e eles iriam buscar outros locais, o que pioraria o quadro atual. Estamos com esse plano da guarita”, diz.
Sales lembra que a feira teve na Governador Sampaio, junto com a José Avelino e a Travessa Icó, seu ponto de origem. Depois de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), assinado entre o Ministério Público do Ceará e a gestão municipal anterior, eles foram retirados dali e realocados para o hoje conhecido Feirão do Viaduto. “Como cada dia tem mais gente, eles retornaram e provocam confusão. Isso ocorre da quarta para a quinta-feira, mas é preciso conviver da melhor maneira possível até o novo equipamento ficar pronto”, diz.
A feira da José Avelino é controversa, principalmente para comerciantes do Mercado Central. “A feira prejudica a gente em diversos aspectos. Eles usam o estacionamento do Mercado, deixando sem espaço para os turistas. Chegar aqui é horrível, pois a feira causa congestionamentos. Além disso, temos lojas que vendem produtos similares, então acaba afetando financeiramente”, reclama o vendedor Jean Torres de Souza.
Lêda Gonçalves
Repórter
Fonte Diário do Nordeste .