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A Praça da Estação

By 14/05/2006maio 10th, 2011No Comments

fortaleza – 280 anos Publicado em 14 de maio de 2006

Amaury Cândido

No dia 2 de agosto de 1829, Dom Pedro I, imperador do Brasil, então com 31 anos, casa-se com a princesa Amélia de Leuchtemberg, de 17 anos. No ano seguinte, o espaço entre as ruas General Sampaio, 24 de Maio, Dr. João Moreira e Castro e Silva, recebe o nome de Campo da Amélia, em homenagemà nova imperatriz.

Naquele campo aconteciam os treinamentos das tropas imperiais e das milícias provincianas. O espaço aberto também era usado pelos fortalezenses para a prática esportiva de cavalhadas e torneios hípicos da argolinha, uma verdadeira febre, na época.

Dos dois lados do Campo da Amélia estavam situados os antigos cemitérios de Fortaleza, do lado Oeste ficava o Cemitério São Casemiro, utilizado pelos católicos, e do lado Leste o cemitério dos protestantes europeus e anglicanos.

No ano de 1871 vai ter início a construção da Estação Ferroviária, decisão tomada pelo governo no ano anterior. O empreendimento chamava-se Estrada de Ferro de Baturité. Ainda em 1871 chega a primeira locomotiva da estrada de ferro, batizada de Fortaleza. Em 1873 acontece a inauguração da Estação Central. Sete anos mais tarde é construído o Chalé da Diretoria e Oficinas.

No ano de 1882 o Campo da Amélia passa a chamar-se oficialmente de Praça Senador Carreira. A denominação vai perdurar oito anos e com o advento da proclamação da república passa a chamar-se Praça da Via Férrea.

A Estação Central da Estrada de Ferro de Baturité foi inaugurada no dia 30 de novembro de 1873 e no dia 9 de junho de 1880, ela será reinaugurada depois de passar por alterações definitivas num projeto do engenheiro Henrique Flogare. A reforma do prédio foi executada com mão-de-obra de retirantes da seca de 1877. O terreno era da sesmaria de Jacarecanga de procedência da família Torres. A estação passou por uma segunda reforma em 1922, por ocasião do centenário da independência brasileira.

A estação chama-se Engenheiro João Felipe. Em sua fachada estão quatro colunas encimadas por um frontão triangular, onde há um grande relógio. O engenheiro ferroviário João Felipe nasceu em Tauá, no dia 23 de março de 1861. Ele foi ministro das Relações Exteriores, da Agricultura, Viação e Obras Públicas no governo do marechal Floriano Peixoto.

João Felipe foi também professor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, diretor dos Correios e Telégrafos, presidente do Clube de Engenharia e prefeito do antigo Distrito Federal. Ele morreu em 1950.

Em 1925 vai ter início a construção dos grandes armazéns ferroviários, onde hoje funciona a sede do Metrofor, empresa estadual que cuida da construção do metrô de Fortaleza.

Hoje a Praça Castro Carreira, nome oficializado em 1932, continua a ser chamada carinhosamente pelos fortalezenses de Praça da Estação. Ela tem 11.517 metros quadrados e funciona como um terminal de ônibus para a zona Oeste de Fortaleza e para o município de Maranguape.

A Estação Ferroviária que domina a praça já conta 136 anos. Em 1870 foi oficializada com o nome de Companhia da Via Férrea de Baturité. Em 1º de maio de 1898 passa à administração Novis & Porto. No dia 3 de fevereiro de 1910 o comando operacional do terminal passa a ser da South American Railway Construction Company Ltd.

Em 1915, mais precisamente no dia 25 de agosto a empresa passa a ser R. V. C. – Rede de Viação Cearense. Em 16 de março de 1957 oficializa-se a RFFSA – Rede Ferroviária Federal S/A e no dia 15 de novembro de 1969 passa a denominar-se 2ª Divisão Cearense do Sistema Regional Nordeste da RFFSA.

A Praça da Estação em si não dispões de atrativos visuais. O velho casario contíguo à estação, que se espalhava pela Rua Castro e Silva, foi demolido para dar espaço ao alargamento da rua como saída do terminal de ônibus que funciona na praça. A estátua do General Sampaio, que estava situada ali desde o ano de 1900, foi transportada para a frente da 10ª Região Militar.

Além da estação ferroviária, do chalé da diretoria e dos antigos armazéns, a Praça da Estação abriga também o prédio da antiga cadeia.

A Cadeia Pública, hoje Cetur, Centro de Turismo administrado pela Secretaria de Turismo do Estado, é um patrimônio à parte na Praça Castro Carreira e será objeto de uma matéria específica nesta série de reportagens sobre logradouros históricos de Fortaleza.

A Praça da Estação tem condições médias de uso. Devido ao tráfego intenso de ônibus, algumas partes da pavimentação estão precisando de reforma. Ali embarcam e desembarcam os passageiros do transporte ferroviário da capital cearense e o tráfego humano também é intenso. Existem muitos vendedores ambulantes e alguns senhores aproveitam a sombra das árvores para depretensiosas partidas de jogo de dama.

Há 15 anos funciona naquela praça o terminal de ônibus da zona Oeste da cidade e do município de Maranguape, administrado hoje pela Ettusa, anteriormente pela CTC, a Companhia de Transportes da Prefeitura. As empresas Santa Maria, Transpessoa, Vega e São José são as usuárias do terminal.

Os antigos armazéns da estação ferroviária são hoje objeto de desejo da Secretaria de Cultura do Estado, que deseja desocupar o Palácio da Abolição, mas isso, por enquanto, é apenas vontade.

Fonte http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=335968#diariovirtal

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