praça da criança
Houve conflito entre camelôs e fiscais; ambulantes poderão escolher entre 70 pontos indicados por Secretaria
Após uma série de graves conflitos durante a última segunda-feira, que culminaram com a agressão sofrida por quatro fiscais da Prefeitura, ambulantes que ocupavam o entorno do Parque da Liberdade (Praça da Criança) entraram em entendimento com a Prefeitura, após reunião, na manhã de ontem, para deixar o local. Apesar disso, pelo menos um deles conseguiu instalar sua banca na calçada do logradouro pelo lado da Rua Pedro I.
“Não foi uma desocupação tão pacífica. Houve uma reação violenta. Nossos fiscais foram agredidos pelos vendedores de CDs e DVDs com paus e barras de ferro e ficaram lesionados”, revela a secretária da Executiva Regional do Centro (Sercefor), Luiza Perdigão. Embora acionada, a Polícia Militar (PM) não apareceu no local, conforme a titular da Secretaria do Centro.
Ela faz uma grave acusação. “Trabalhamos com 25 fiscais e 150 auxiliando nessa função (terceirizados). Esses últimos são seguidos, ameaçados e, muitas vezes, perseguidos até dentro do ônibus pelos vendedores de CDs e DVDs, que formam uma verdadeira máfia”.
Dois dos vendedores envolvidos no conflito aceitaram falar com a reportagem, desde que não fossem identificados. Os homens admitiram as agressões. “Só que a coisa não foi do jeito que contaram. Depois de nos expulsar, eles passaram a nos humilhar e a nos provocar de longe. Nos juntamos, com paus nas mãos, e botamos 15 deles para correr. Foi muito mais um gesto de defesa”, explicaram.
A retirada dos 70 ambulantes faz parte da Operação Linha Vermelha, que visa remanejar os trabalhadores autônomos que atuam no entorno de 13 prédios históricos do Centro. Além da Praça da Liberdade, serão alvo da ação pública a Casa Juvenal Galeno, Museu do Ceará, Praça dos Leões, Sobrado José Lourenço, Igreja de São Bernardo, Passeio Público, Museu das Secas, Instituto Histórico e Geográfico, Theatro José de Alencar, Iphan, Santa Casa e Catedral.
Após reunião entre a secretária uma comissão formada por cinco ambulantes, o acordo foi firmado no sentido de que eles escolhessem 70 opções colocadas à disposição. Os pontos disponibilizados foram Rua Guilherme Rocha, 10 vagas; Liberato Barroso, 10; General Bezerril, 30; Perboyre e Silva, 10 e Pedro Borges, 10.
Um dos representantes dos ambulantes, Francisco Édson Ferreira, 43 anos, considerou o acordo bom. “O que nos deixou preocupados foi a informação de que seríamos levados para Messejana. Como vamos ficar aqui por perto, o jeito é aceitar de bom grado a decisão da Prefeitura”, afirmou. A secretária diz que será usado o critério de tempo para o remanejamento.
Luiza acredita que o problema só será resolvido após a criação dos Centros Populares de Compras. “Para esses locais, serão transferidos os 2.623 ambulantes espalhados pela área central. Será muito melhor para a fiscalização. Não podemos mencionar os locais, já que estão em processo de desapropriação”.
A secretária contou que os imóveis seguirão o modelo de Porto Alegre, numa parceria público-privada. “Serão prédios tipo galerias, onde as pessoas possam circular. Esperamos que até o fim de 2012 tenhamos pelo menos dois desses imóveis”.
Ação
70 ambulantes foram retirados como parte da Operação Linha Vermelha, que visa remanejar os autônomos que atuam no Centro da Capital
FERNANDO MAIA
REPÓRTER