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Apreensão de CDs e DVDs termina na delegacia – DN Cidade

By 11/11/2010janeiro 1st, 2011No Comments

NO CENTRO (11/11/2010)

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Conforme o delegado Aurélio Araújo, dois disparos partiram da arma de um dos seguranças da titular da Secretaria Executiva Regional do Centro, Luiza Perdigão FOTO: NATINHO RODRIGUES

Inquérito policial será aberto para investigar possíveis disparos saídos de armas de seguranças da Sercefor

Uma ação desastrosa. Assim terminou a apreensão de CDs e DVDs piratas realizada, ontem, na Rua Guilherme Rocha com a Barão do Rio Branco, pela Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor). Houve muita confusão e agressões entre ambulantes, populares, seguranças e a secretária titular da Sercefor, Luiza Perdigão. Além disso, dois disparos de arma de fogo foram registrados.

O episódio acabou no 34º Distrito Policial (Centro). Os vendedores de CDs e DVDs André do Carmo, Guilherme Caminha, Francisco Guilherme Rodrigues e Carlos César Gomes Alves, envolvidos na grande desordem, e a secretária compareceram ao 34º DP para prestar depoimento e fazer exame de corpo delito. A mercadoria de alguns camelôs acabou sendo saqueada por pessoas que passavam no momento da confusão e parte foi levada para a delegacia.

De acordo com o delegado do 34º DP, Aurélio Araújo, o conflito foi composto por dois momentos que terão encaminhamentos policiais distintos: as lesões sofridas por dois seguranças de Luiza Perdigão, de autoria dos ambulantes; e dois disparos que, como afirmou com certeza, partiram da arma de um dos seguranças. “Temos a prova material. Uma das balas foi apresentada pelos feirantes”. Além disso, Aurélio Araújo afirmou que os seguranças não poderiam estar armados. Para investigar esse último caso, será aberto um inquérito policial. Os vendedores ambulantes vão responder por lesão simplória.

Segundo o feirante André do Carmo, o problema é que a secretária e seus seguranças já chegaram querendo levar a mercadoria à força. “As pessoas não aceitam. Até mesmo quem está passando na rua reage a essa atitude”. Para André, deveria ocorrer, em primeiro lugar, a notificação dos ambulantes e, caso a retirada do material não fosse feita, aí sim realizar a apreensão dos produtos, podendo até usar da violência se houver resistência. “Com isso, a população e os camelôs se revoltam”, disse.

Orientação

Conforme a titular da Sercefor, as blitze são para orientar os vendedores de CDs e DVDs piratas para que recolham sua mercadoria. “A confusão começou porque um deles não quis entregar o material quando partimos para a apreensão”. Conforme Perdigão, ele partiu para cima dos seguranças munido de um pedaço de madeira e os atingiu.

Segundo a secretária, os ambulantes foram avisados de que não podem comercializar CD e DVD piratas no Centro, mas desobedeceram à determinação. “Um deles já foi autuado. Todo vendedor que for pego vendendo este tipo de mercadoria não vai continuar no local”. Luiza Perdigão disse, ainda, que foi à delegacia prestar queixa por causa das lesões e, toda vez que houver levante dos camelôs, ela vai pedir ajuda à Polícia.

Mas, para o delegado, a secretária teria de solicitar amparo da Polícia Militar antes de dar início à blitz porque se trata de uma ação perigosa. “Se a apreensão fosse feita com reforço da Polícia, evitaria este tipo de episódio. Nós estamos acostumados a promover ações como esta. Além do mais, sabemos que existem diferenças entre os vendedores. Uns têm privilégios que outros não têm”.

A titular da Sercefor negou que um dos seus seguranças tenha efetuado qualquer disparo. “Houve, sim, tiros, mas não sabemos de onde vieram. Podem ser deles mesmos (dos ambulantes)”, acusou. Complementou que só conta com um segurança, que não estava armado.

Os envolvidos foram liberados logo depois dos depoimentos e exames. O delegado lavrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

Envolvidos

4 ambulantes foram encaminhados ao 34º DP para prestar depoimento e assinar Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO)

OCUPAÇÃO IRREGULAR

Reordenamento em vigor

As apreensões de CDs e DVDs piratas fazem parte do reordenamento do Centro que está sendo feito pela Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor), de acordo com informações da titular, Luiza Perdigão.

O problema da ocupação irregular de espaços públicos por ambulantes no Centro de Fortaleza é bastante antiga. As consequências recaem no trânsito, na segurança dos pedestres, no comércio formal e na produção excessiva de lixo. A proporção é alarmante. Mais de dois mil ambulantes ocupam a área central. Desses, apenas 960 têm permissão do Município e estão alojados em espaços alugados pelo poder público.

Os permissionários do Beco da Poeira, hoje, estão no Centro de Pequenos Negócios, localizado na antiga fábrica Thomaz Pompeu, na Avenida Imperador, no Centro. Porém, parte deles – mais de 800 – encontram-se no “Esqueleto”, prédio inacabado que pertence ao Estado e que abrigará um Restaurante Popular, a Casa do Cidadão (prestação de serviços) e um posto da Polícia Militar.

O governador Cid Gomes assumiu a responsabilidade pelo local e firmou compromisso de terminar as obras e construir três mil boxes, o que permitirá a transferência de todos que trabalhavam no antigo Beco da Poeira para o local. Fora isso, existem ambulantes espalhados por todo o Centro, em praças, ruas e avenidas.

O reordenamento da região prevê, segundo Luiza Perdigão, a locação de camelódromos que vão abrigar os vendedores. Segundo ela, as pessoas que vendem produtos, como confecção, acessórios, comida – e não CDs e DVDs piratas (comércio proibido) – terão espaço cedido pela Prefeitura para trabalhar.

Na Praça da Lagoinha, um dos locais mais problemáticos por estar completamente tomado por camelôs, a secretária informou que o Município já desapropriou um terreno para ser construído o galpão que vai abrigar esses comerciantes.

LINA MOSCOSO
REPÓRTER

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=883104

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