Linha Sul recebe média de 20 mil passageiros por dia, transportados por apenas quatro dos 25 trens adquiridos
Deslocar-se com rapidez, ter um pouco de conforto e pagar uma tarifa acessível. Desejos comuns dos usuários do transporte coletivo que, com o início da operação comercial da Linha Sul do Metrô, que liga Fortaleza a Pacatuba, ganharam força. Porém, o modal, que passou mais de 15 anos para ser entregue e mais dois em teste, ainda não opera como deveria. A Linha recebe, em média, quase 20 mil passageiros por dia, transportados por apenas quatro dos 25 trens adquiridos. Na espera do funcionamento integral, passageiros seguem apertados em viagens lotadas, semelhante à realidade vivida em ônibus e topiques.
Quando passa das 18h, chegado o fim do expediente no Centro da cidade, os passos já ficam mais apressados. Na Estação José de Alencar, a segunda da Linha Sul, situada na Av. Tristão Gonçalves, em frente à Praça Capistrano de Abreu, muitos usuários entram correndo, na ânsia para não perder o metrô. A afobação se mostra sem motivo, já que os próximos vagões, na noite de segunda-feira (27), só apareceram por volta de 18h20.
Enquanto o veículo não chega, mais e mais passageiros desciam as escadas e aguardavam atrás da linha amarela ao longo da plataforma de embarque. Já seria o suficiente para encher alguns dos vagões, caso viessem totalmente vazios. Contudo, o trem já chega da primeira estação – Chico da Silva – lotado. A situação se agrava quando as portas abrem e os que esperavam procuram por um local que possam praticamente se fixar durante a viagem. “É igual coração de mãe, aperta que cabe mais”, exclama uma passageira que já segue há mais tempo no metrô.
Velocidade
Rosa Maria, outra usuária que passou a ser assídua no metrô, diz que a opção se dá principalmente pela velocidade do veículo. “Nesse horário é sempre assim, muito apertado e é só entrando mais gente. A única coisa que muda do ônibus é que tem ar condicionado e é mais rápido. Mas o aperto é o mesmo”, conta.
Ela não é a única a reclamar do sufoco. Durante o trajeto, outros passageiros não se intimidam em dizer que o metrô “parece uma lata de sardinha” ou alertar a outras usuárias do transporte. “É bom tomar cuidado, porque esse aperto é bom para quem é aproveitador”. As divisões só começam a esvaziar à medida que se aproximam do destino final, na estação Carlito Benevides, em Pacatuba.
Do dia 1º – data em que foi inaugurada a operação comercial – até hoje, a média diária de usuários quase dobrou na Linha Sul. Um incremento de 10 mil passageiros, transportados em quatro trens, com seis composições/vagões cada e capacidade para conduzir no máximo 900 pessoas a cada viagem. “Iniciamos com três trens, mas no dia 13 colocamos mais um”, afirma o assessor da presidência do Metrofor, Fernando Mota.
Apesar da lotação, o número de trens não irá aumentar. Isto porque, conforme a assessoria, a Linha Sul opera, hoje, em seu limite máximo, devido à falta de equipamentos que ainda serão instalados. “Se colocarmos mais trem em circulação, iremos pôr a população em risco. Hoje, por exemplo, não podemos colocar dois trens dentro de um túnel devido à falta de ventilação”.
O processo licitatório para implantação dos serviços de telecomunicações, ventilação, sinalização e bilhetagem eletrônica ainda está em curso. Somente quando as licitações forem finalizadas será possível aumentar o número de trens que poderá chegar aos 25. Isso também reduzirá o intervalo entre as viagens que durante a operação assistida era de 30 minutos e hoje é de 19. A estimativa é que no futuro passe a ser de quatro a seis minutos. Porém, a quantidade de passageiros a ser transportada, segundo estimativa do Metrofor, também crescerá amplamente passando para 350 mil por dia, quando for implantada a integração com outros modais.
Para lamento dos usuários que, hoje, andam apertados, apesar de garantir que a situação irá mudar, o representante do Metrofor, não precisou um prazo para finalização das quatro licitações. A previsão é que tudo seja concluído em 2015.
Fernando esclareceu também que as tabelas de horários que foram retiradas dos painéis informativos não serão repostas. Ele alega que os horários ainda serão readequados e, quando o serviço for integral, as viagens serão muito curtas para isso.
O professor do Departamento de Engenharia de Transportes da UFC, Mário Azevedo, avalia que a rapidez e a esperança de conforto que o metrô projeta atrai muitos usuários, levando à lotação. Porém, pondera que a superlotação verificada, agora, deve-se à quantidade inadequada de trens que fazem os 24 Km do percurso.
Mais informações:
A Linha Sul funciona das 6h30 às 19h, de segunda a sábado.
A tarifa custa R$ 2,20, a inteira e R$ 1,10, a meia.
Ouvidoria Metrofor – 3101-7106
Thatiany Nascimento / Ranniery Melo
Repórteres
Fonte: Diário do Nordeste.