CENTRO
Construções estão em processo de tombamento, mas têm estruturas comprometidas
As duas caixas-d´água localizadas no Centro de Fortaleza, antigos ícones no abastecimento da cidade até meados dos anos 80, estão abandonadas. Faz tempo que o local serve de base para tráfico e uso de drogas, além de ser refúgio para moradores de rua e ladrões. As edificações estão com as estruturas, como pilares e vigas – suporte dos antigos reservatórios – comprometidas, sendo um perigo para quem se utiliza da construção como ponto de consumo de entorpecentes, banheiro ou dormitório. Sem nenhuma vigilância, a facilidade para entrar e sair da área, que é cercada, é grande.
Os equipamentos pertencem ao governo do Estado, cuja Secretaria das Cidades tem projeto de requalificação em análise.
A proposta prevê implantação de lajes de piso em madeira e vidro, com fechamento dos vãos com esquadrias continuas de alumínio e vidro duplo e o acréscimo de um volume independente de escada e elevador em estrutura metálica, mantendo suas características externas originais. O local deve ser transformado em um memorial do abastecimento e saneamento do Ceará e subsede da Secretaria das Cidades, para prestação de serviços e atendimento às comunidades no Centro Comercial da Cidade de Fortaleza. O custo previsto para as obras é de R$ 1,5 milhão, sendo R$ 987,6 mil da União e R$ 512,4 mil do Estado.
Além disso, a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) tem em andamento um processo de tombamento do bem. De acordo com a arquiteta e supervisora de Equipamentos da secretaria, Márcia Sampaio, mesmo sendo as caixas-d´água tombadas, elas não mudarão de proprietário e continuarão sendo de responsabilidade estadual.
Medo
Enquanto isso não sai do papel, quem tem que estacionar ou passar pela área vive com medo de ser abordado pelos viciados que se refugiam nas caixas-d´água. “É uma pena que um equipamento tão bonito esteja assim, desse jeito”, lamenta a professora Jussara de Almeida.
A comerciante Joana Ferreira conta que já teve o veículo arrombado. “Deixei o carro aqui no estacionamento e, quando voltei, o pessoal do crack tinha levado algumas coisas”, conta.
Segundo o arquivo do pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez, as caixas-d´água foram inauguradas no dia 3 de maio de 1926.
Com a sua desativação, por problemas estruturais, o governo do Ceará, tendo por motivação principal o seu valor histórico e cultural, resolveu recuperá-las, passando por um longo processo de restauração, que iniciou-se nos anos de 1990 e 1991, no governo de Tasso Jereissati, e foi concluída no então governo Ciro Gomes.
LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER
Fonte Diário do Nordeste