Aparelhos sem nota fiscal são comercializados na rua, a preço abaixo do de mercado.
Ter o celular roubado, além de traumatizar, causa revolta e gera transtornos às vítimas. Quem é alvo dessas ações passa por um momento de risco e vulnerabilidade em meio à violência das ruas. Esses aparelhos, muitas vezes, acabam sendo vendidos ilegalmente por um preço bem abaixo do valor de mercado e podem ser facilmente encontrados em feiras livres e no comércio de rua de Fortaleza.
Na Praça da Lagoinha, é possível encontrar em bancas desde celulares mais simples, a R$ 50, até os mais modernos, como o iPhone 6, por R$ 3 mil
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Na Praça Capistrano de Abreu (Praça da Lagoinha), localizada no Centro, é possível flagrar bancas comercializando celulares de diversas marcas e modelos, muitos sem nota fiscal. A reportagem acompanhou a movimentação dos vendedores ambulantes durante a manhã de ontem. As opções são variadas.
Um dos comerciantes, identificado apenas como João, disponibiliza desde aparelhos mais simples, com valor em torno de R$ 50, até smartphones de última geração, como o Iphone 6, ofertado por R$ 3 mil.
Questionado sobre a procedência dos objetos, o vendedor afirma que os celulares vieram em um carregamento importado dos Estados Unidos. João explica que, por serem de outros países, os produtos não possuem nota fiscal.
“Não trabalhamos com nota fiscal, porque compramos de fora (exterior). Mas vendemos os celulares direto aqui e nunca deu nenhum problema”, ressalta. O vendedor ainda dá uma garantia de quatro meses, comprovada apenas por meio de um recibo, sem nenhum tipo de identificação. “Qualquer problema que der no celular, nós trocamos aqui mesmo”, conclui.
Um outro comerciante, que transita pelo local com uma mochila repleta de aparelhos, confirma que alguns celulares foram adquiridos na própria praça, sem nenhum tipo de nota fiscal. “Algumas pessoas vêm aqui e me oferecem por um preço bom, então eu compro e depois repasso mais barato. Mas eu não sei de onde vêm”, comenta.
Fiscalização
O comércio ilegal na Feira da Lagoinha funciona diariamente, sem nenhum tipo de fiscalização. Na mesma praça, há um posto da Polícia Militar (PM), mas, em nenhum momento, os policiais interferem nas vendas. Diversos outros corredores do Centro de Fortaleza, como as ruas Solon Pinheiro, Pedro Pereira e Major Facundo, também servem de pontos para venda dos produtos.
O comércio não se restringe apenas ao Centro, mas também em diversas feiras livres de Fortaleza, como nos bairros da Messejana e Parangaba.
O comandante da 1ª Cia. Do 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM), major Teófilo Gomes, responsável pelo policiamento no Centro, informou que frequentemente são feitas diligências para apreender produtos roubados e identificar os possíveis autores dos delitos. O major ressalta que diariamente são recebidos chamados via Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), mas nem sempre os produtos apreendidos são realmente roubados.
“Procuramos não só possíveis produtos roubados, mas também armas e drogas. Em diversas vezes, os celulares são dos próprios suspeitos, mas ainda assim apreendemos e levamos para averiguação”, comenta.
O major ressalta que muitos celulares roubados viram moeda de troca para drogas. “Quem comete furtos não expõe livremente os produtos. Muitos desses objetos circulam nas próprias favelas e não chegam a ser comercializados livremente”.
Até o fechamento da edição, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não informou o número de ocorrências atendidas pela Polícia por roubos e furtos de celulares.
Mais informações
Ciops: 190
Site “Onde Fui Roubado” : www.ondefuiroubado.com.br
Fonte Diário do Nordeste .