INTERVENÇÃO
Projeto inclui a transferência da fiação para o subterrâneo, além de restauração e urbanização
Local simbólico da cidade, seja pela importância arquitetônica, cultural, histórica e até comercial, o Centro de Fortaleza já teve várias vezes sua revitalização sinalizada, prometida e adiada ao longo de dos anos e de gestões municipais. Entretanto, uma proposta deverá começar a se concretizar no ano que vem. Segundo a Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor), os recursos já estão garantidos.
O projeto inclui intervenções nos bairros do entorno (Jacarecanga, Moura Brasil e Praia de Iracema), que compõem o Centro histórico de Fortaleza. De acordo com o titular da Setfor, Salmito Filho, a reforma se estenderá por 41 vias e contemplará a restauração de calçadas, urbanização e paisagismo, que inclui a recuperação de fachadas e a transferência da fiação elétrica para o subterrâneo. “Esse é o maior projeto da história de Fortaleza, porque nós vamos requalificar todo o nosso Centro histórico”, comemora.
Os recursos para a revitalização fazem parte dos US$ 500 milhões (cerca de R$ 1,16 bilhão) do Programa de Valorização e Ampliação da Infraestrutura e Atividade Turística de Fortaleza (Provatur), financiados pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). “O recurso está assegurado. Já estamos na tramitação para a avaliação e assinar o contrato. Nossa intenção é começar ainda no primeiro semestre de 2015”, ressaltou o secretário.
O orçamento também vai possibilitar a reforma de todas as praças do bairro. A única que não deve compor as mudanças é a Praça José de Alencar, “porque o Metrofor vai fazer”, explicou Salmito Filho. “Mas se não fizer, nós temos recursos assegurados para todas”, completou.
Investimento
Ontem o vice-presidente de Desenvolvimento Social do CAF, José Carrera, esteve em Fortaleza para ver de perto outras ações já executadas, como a requalificação da Praia do Futuro e da Av. Monsenhor Tabosa, e outras ainda em andamento.
Para o executivo, o investimento na recuperação do Centro de Fortaleza será um grande atrativo para os turistas. “Entendemos que esta é uma cidade maravilhosa para o turismo e que a Prefeitura e o governo estão fazendo esforços muito importantes ao recuperar para a cidade os espaços históricos e incluí-los com a orla marítima”, avalia.
Carrera acrescenta ainda que o desenvolvimento da área permitirá a criação de novos postos de trabalho. “Creio que esta é uma cidade maravilhosa, que oferece muito para se fazer a nível local e acredito que os turistas nacionais e internacionais terão novas coisas para aproveitar”, afirmou.
Segundo ele, os recursos serão liberados de acordo com o progresso dos trabalhos. Contudo, o vice-presidente do CAF demonstra confiança nos projetos feitos no Estado. “Temos aqui uma equipe de profissionais que estão avançando nas obras e dentro do cronograma. Cremos que nos próximos meses se poderão ver mais obras e a continuidade dos trabalhos na Av. Beira-mar e em todas as outras obras”, completou.
Desenvolvimento
Além do Provatur, o CAF também tem outro projeto de financiamento em parceria com a Prefeitura de Fortaleza. Trata-se do Programa Cidade com Futuro, focado na melhora da qualidade de vida e das condições de habitação da população urbana, com destaque para as pessoas em situação de vulnerabilidade, através de um desenvolvimento urbano integrado.
De acordo com a Setfor, o Cidade com Futuro contempla investimentos de US$ 230 milhões (cerca de R$ 512 milhões) e inclui as intervenções na Praça Portugal, o Museu do Mar (do arquiteto Oscar Niemeyer), a via paisagística na Sabiaguaba, a requalificação dos corredores gastronômicos, balneabilidade da orla da Capital, pesquisas do setor turístico, segurança cidadã e fiação elétrica subterrânea em toda Beira-Mar e entorno.
Obras na Beira-Mar e Praia do Futuro seguem atrasadas
Apesar dos recursos garantidos, outras obras estão com dificuldades de serem concluídas em Fortaleza, como a Praça 31 de Março, o espigão da praia do Náutico e o Mercado dos Peixes, além do projeto da Nova Beira-Mar. Segundo Salmito Filho, a dificuldade no repasse de verbas do governo federal prejudicou o andamento dos trabalhos.
A requalificação da Praia do Futuro foi inaugurada há pouco mais de um mês. Contudo, a contrapartida da Prefeitura de Fortaleza para a área, a reforma da Praça 31 de Março, segue inconclusa. De acordo com o titular da Setfor, irregularidades que se acumulavam desde a gestão passada forçaram as interrupções, mas já foram sanadas. Com isso, o Ministério do Turismo pode liberar R$ 1,4 milhão, o que deveria ter sido feito em 2011, mas só foi depositado na última quinta-feira. “Já sentamos com a construtora para preparar o cronograma de retomada da obra. Próxima semana, a construtora vai nos dar um novo calendário”, garantiu.
Para garantir a conclusão, ainda serão necessários cerca de R$ 1,6 milhão. “Vamos concluir a praça com cerca de R$ 3 milhões. Recebemos um R$ 1,4 milhão e podemos concluir com recursos próprios ou com o Ministério do Turismo”, explicou.
Problemas com repasses do Ministério também afetam as obras do espigão do Náutico e do Mercado dos Peixes, na Beira-Mar. A Setfor garante o andamento das obras. “A dificuldade é no ritmo da execução, que está muito lento, porque está havendo uma demora no repasse dos recursos do Ministério do Turismo”, afirmou Salmito.
A questão também afeta as obras da Nova Av. Beira-Mar. A Prefeitura garantiu os dois financiamentos do CAF para as próximas etapas da reforma. “As duas primeiras etapas, que são as mais baratas, estão mais lentas pela demora na liberação dos recursos. Para as outras três, que são muito mais caras, já temos o recurso assegurado e vamos a partir do segundo semestre começar com um ritmo intenso para concluir a requalificação da Nova Av. Beira-mar”, garantiu.
Ainda segundo Salmito, a dificuldade em obter os recursos do Ministério do Turismo se dá por um “contingenciamento que o governo federal fez em vários ministérios, para fazer superávit primário e segurar a economia”.
Serviluz
As intervenções previstas para o Serviluz também estão paradas. Contudo, o problema é diferente: falta uma construtora. “Começamos a obra ainda em 2013, mas a construtora quebrou e o segundo colocado na licitação feita ainda na gestão passada não existe. Estamos tomando as providências jurídicas”, afirmou o secretário. Conforme ele, o recurso está assegurado. “Vemos a possibilidade de contratar a empresa e ainda neste segundo semestre retomarmos a obra da via paisagística no Serviluz e Titanzinho”, finalizou.
Germano Ribeiro
Repórter
Fonte Diário do Nordeste .