queixas da população
Grande parte das lojas não está enfeitada. Entre os ambulantes, raros são os que já comercializam produtos natalinos
Há exatamente um mês do Natal, o que se vê no Centro da Cidade é um local sem cor, nem brilho. Em vez das luzes e do colorido tradicional do período – com exceção da Praça do Ferreira, que já montou sua decoração -, o que se vê são ruas e calçadões sujos e esburacados, sem policiamento. Entre populares, sobram reclamações sobre a falta de estrutura para atender à demanda que cresce muito nesse período do ano. Porém, com a chegada do mês de dezembro e com o lançamento da Operação Centro Seguro, dia 1º, a expectativa dos comerciantes é de que a movimentação melhore e as vendas superem as do ano passado.
“Falta banheiro público, as pessoas geralmente chegam nas lojas atrás disso. Eles (Prefeitura) só colocam quando tem algum evento na Praça”, contou o vendedor Flávio Augusto, 30 anos. Já o ambulante Carlos Célio Gomes Alves, 35 anos, reclamou que o movimento, neste ano, está fraco e que a expectativa maior é para o mês de dezembro. “A gente sempre espera que melhore. Acredito que é questão de tempo. O movimento já está começando a melhorar, as pessoas estão recebendo o 13º salário”, completou.
A estudante Geiciane de Araújo, 17 anos, queixou-se de que, quando chega o fim de ano, o Centro fica muito cheio. “Falta espaço, tem muito ambulante e não há segurança. As pessoas têm até medo de vir em dezembro, porque tem muito arrastão”. Quem também achou o movimento fraco foi o vendedor ambulante Francisco José dos Santos, 37 anos, apesar de garantir que já está melhorando. “O comércio é incrível, tem dias fracos e, de repente, dá uma reviravolta”, disse.
O vendedor, porém, não conseguiu esconder o seu descontentamento com a decoração. “No ano passado, uma época destas, a Praça do Ferreira estava a coisa mais linda e as lojas, todas enfeitadas. Neste ano, está mesmo fraco”.
Numa manhã desta semana, a reportagem percorreu as ruas Guilherme Rocha, Senador Pompeu, Barão do Rio Branco e Liberato Barroso, até a Praça do Ferreira, mas, em todo o percurso, só cruzou com um único policial. O homem, que não quis se identificar, denunciou que o Centro não tem efetivo policial.
Remanejamento
“Não há contingente policial no Centro, foi todo mundo para o Ronda (do Quarteirão). As equipes são remanejadas para cá, e sempre algum bairro acaba descoberto. A maior prejudicada com isso é a população, com certeza”. O comandante da 5ª Companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar, major Marcelo Praciano, no entanto, garantiu que o Centro tem, sim, efetivo. Segundo ele, diariamente, o policiamento é feito por cinco viaturas, quatro motocicletas e 30 policiais a pé por turno.
Para o período natalino, o major informou que será lançado, em 1º de dezembro, a Operação Centro Seguro. O evento acontece às 16h, na Praça do Ferreira. “Seguramente serão, em média, 200 policiais por turno, número três vezes maior do que temos hoje”, assegurou.
De acordo com o coordenador de Planejamento Integrado e Operacional da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Arley Alencar, a operação envolve as Polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros, abrangendo as avenidas Leste-Oeste, Dom Manuel, Duque de Caxias, além da Rua Padre Ibiapina. “Para dar assistência nos locais mais perigosos, iremos cobrir os principais corredores e cruzamentos”.
VENDAS
Empresários esperam de 10% a 15% de crescimento
Diariamente, 300 mil pessoas passam pelo Centro da Cidade. Para este Natal, a expectativa da Associação dos Empresários do Centro de Fortaleza (Ascefort) é de que o movimento duplique. “Em períodos de festa, chega a 600 mil”, informou o presidente da Ascefort, João Maia Júnior.
Ele disse que a associação está com uma expectativa muito boa para este Natal e que o crescimento das vendas deverá ser de 10% a 15% se comparado a igual período do ano passado. Isso, ponderou, caso não haja nenhuma greve de ônibus.
Promissor
O presidente da Ascefort disse que, todo ano, o período natalino supera o ano anterior em número de vendas. “O Ceará é um estado muito promissor”. Com relação à decoração das lojas, ele garante que isso é normal. “Tem loja que nunca coloca nada, vai depender da crença religiosa de cada um”.
Maia Júnior informou que 82% da população economicamente ativa preferem fazer suas compras no Centro e que 95% das pessoas que optam por fazer compras lá aprovam os preços.
Para reforçar a segurança, ele disse que serão contratados 600 homens, chamados “fiscais de rua” e que andam à paisana, “para receber de forma mais digna e decente a população que opta por fazer suas compras no Centro da Cidade”.
ENQUETE
Reclamações
“O bairro está preparado de lojas, mas faltam banheiros e policiamento. Em tempos de festa, os policiais são poucos”
Lucineide Frota – 42 ANOS
Técnica de enfermagem
“Está muito desorganizado, a limpeza deixa muito a desejar, o trânsito é horrível e até as lojas não estão enfeitadas”
Jéssica Nascimento – 27 ANOS
Assessora técnica
LUANA LIMA
REPÓRTER
Fonte http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=892509