Chega de blá-blá-blá. Ninguém aguenta mais os falatórios dos responsáveis pelo Centro. Falta autoridade para conter os abusos.
Conscientização para formar filas. Conscientização para colocar lixo nos locais adequados. Conscientização para o respeito às leis do trânsito. Conscientização para não deixar que o mosquito da dengue prolifere… e conscientização para não transformar praças, ruas e calçadas em feiras comerciais.
Um amontoado de obviedades. Regrinhas cotidianamente desrespeitadas. Fortaleza deixa-se atormentar. O problema é governamental e não-governamental.
De forma geral, a sociedade é mal educada. Nega-se a cumprir as regras de boa convivência. Na mesma medida, é célere em chamar os governantes à responsabilidade culpando-os por todas as pragas mesmo as que sejam frutos da incivilidade.
Nas ruas, uma sugestão: atentem para as vagas de estacionamento dedicadas aos deficientes físicos. É revoltante assistir a desenvoltura de gente que acredita ter as credenciais para cometer o absurdo de ocupá-las.
Prevalece a individualidade burra e agressiva. O que fazer? Será que é preciso conscientizar os indivíduos para respeitar a regra conhecida por todos? Aí sim, é que precisa entrar em cena o poder público. Não exatamente “conscientizando”.
No Centro, até a calçada da Catedral, obra arquitetônica e religiosa de referência, está sendo ocupada por comerciantes. Antes, ali já assistimos calados e tolerantes a um grande absurdo: a Catedral foi cercada com grades. Certamente para impedir que vagabundos, drogados e afins ocupem a área.
Imaginem uma cidade cuja Catedral é cercada. Imaginem uma Catedral cujo entorno foi tomado por comerciantes e por um incrível estacionamento que cobra por hora. Sim, é a nossa. É a Catedral que o bolso de milhares pagou para ser construída.
Pois é. Chega de blablablá. Ninguém suporta mais o falatório dos responsáveis pela gerência do Centro. Falta autoridade para conter os absurdos e abusos em série. Basta uma ordem tipo: de hoje em diante a Prefeitura não vai tolerar a ocupação dos espaços públicos pelo comércio ilegal.
A Guarda Municipal está aí. São 1.658 servidores. Destes, 988 são guardas municipais, cinco inspetores e 500 subinspetores. Parte deles está servindo como porteiro de órgãos municipais. O lugar é nas ruas, protegendo espaços públicos.
Simples assim. Simples como o é em qualquer cidade do mundo que se preze. Claro que em praticamente toda cidade do mundo há camelôs. Sim, há. Mas eles não se estabelecem. Não viram “proprietários”. Não firmam território privado na área pública. Esgueiram-se dos guardas e afins.
Aqui, não. Aqui o sujeito ocupa na marra. Marca o território. Vira dono do pedaço. Para retirá-lo, só se o Município lhe conceder, grátis, um espaço permanente. O contribuinte coça os bolsos e paga por mais essa.
As eleições municipais vêm aí. Em um ano, Fortaleza estará na efervescência do debate partidário e das articulações políticas. O grande avanço se dará quando a imprensa conseguir arrancar dos candidatos compromissos concretos no que diz respeito à ordem urbana.
Em vez da conversa fiada de sempre, compromissos públicos pontuais. É hora de arrancar posicionamentos claros. Glorioso será o dia em que os candidatos em disputa anunciarem em alto e bom tom que não vão tolerar a ocupação dos espaços públicos, que não vão tolerar a formação de monturos de lixo, que não vão permitir a degradação urbana.
Para isso, não é preciso ir muito longe. Basta assumir com a devida clareza o compromisso (que deveria ser óbvio) de que fará valer todas as leis urbanas vigentes.