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Comércio informal vai à praça – DN Cidade

By 29/12/2008fevereiro 28th, 2011No Comments

JOSÉ DE ALENCAR (29/12/2008)

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Na Praça José de Alencar, vende-se de tudo, a preços módicos, contrariando a lei em vários pontos, a começar pela ocupação do espaço público para fins comerciais JOSÉ LEOMAR

CD ou DVD pirata, confecção, panela e bugigangas, tudo isso é possível encontrar na José de Alencar

“A salvação entra hoje em sua casa”, diz um cantor evangélico em um som estridente, na Praça José de Alencar. A canção é seguida de forró obsceno. A barraca de venda de CDs piratas é uma das dezenas que se espalham, na manhã deste domingo, último do ano. Roupas, panelas de alumínio, chapéus, redes e toda a sorte de bugigangas expostas no chão ou em barracas improvisadas, numa tentativa de serem vendidas a preços módicos, em um comércio nem sempre bem visto.

Os emboladores fazem sua apresentação para tentarem vender seu DVD ou CD a cinco reais. Falam da mulher, xingam a sogra e embolam tudo para chamar a atenção para algumas vendas que, quem sabe, garantir o almoço do dia e o leite das crianças. Artista de rua não falta no local, que junta gente que compra e curiosos.

“Nem todo ambulante do centro é rico como se pensa”, afirma Maria do Socorro Silva Queiroz, que trabalha no ramo de confecções há dez anos, junto com o marido, Domingos Sávio. Depois de ficarem desempregados (ele era oficce-boy e ela, escriturária de contabilidade) o jeito foi partir para costurar. Se fizeram curso? “Quem nos ensinou foi a vida”, diz Socorro, que espera o sexto filho para daqui a dois dias.

Hoje, ela e o marido trabalham quase 24 horas por dia, todos os dias da semana. Compram o tecido, cortam pela manhã e enviam para as costureiras, que ganham em média um real por peça confeccionada. A especialidade é roupa masculina, infantil e adulta.

Eles definem como sorte já terem casa própria e veículo para levar as confecções entre a Praça da Sé e a José de Alencar todos os dias. Vão atrás do movimento, de compradores.

Domingos já apanhou de um policial e quebrou parte da face, quando tentava salvar seus produtos, na hora do “rapa”.

Outra ambulante, que pediu para ser chamada só de Antônia, diz ser muito duro trabalhar sem carteira assinada. Isso acontece já há seis anos, mas não pode reclamar, uma vez que é com esse dinheiro que ela mantém a casa, uma mãe idosa e a filha de dez anos. Não tem carro, e fica na Praça José de Alencar nos momentos em que é possível. Ao longo da Rua 24 de maio, próximo ao Beco da Poeira, todos os dias da semana, entre 12 e 14 horas. Quando anoitece, ela e outros ambulantes migram para a praça da Sé e permanecem nesse comércio “oculto” até 6h30 do dia seguinte. Todos os dias, realizam essa maratona. Sábado podem ocupar a Praça José de Alencar e domingos, sempre que acontecem feriados e festas como essas de fim de ano.

“Estão falando que dia 16 de janeiro vão nos tirar daqui. Vai ser briga de vida e morte, porque aqui ganhamos o nosso sustento”, diz Socorro. Eles têm compromissos a arcar com as lojas de tecidos e com as costureiras que fazem as peças.

Solange Aparecida de Souza esteve, com o marido e os dois filhos, neste domingo, na Praça José de Alencar, comprando roupas para o Ano Novo. Segundo ela, quem não tem muito dinheiro tem que fazer alguma coisa para não deixar as crianças sem roupas para trocar. “Nunca compramos muita coisa. Mas, cada vez que estamos aqui dá para comprar uma ou duas peças para a família toda”, garante. O casal acha os produtos de melhor qualidade hoje em dia, principalmente os calçados, bem parecidos com os de muitas sapatarias.

Rose Bezerra
Repórter

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=601924

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